Capítulo 6 - O Poder de Jade Flui Por Mim

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No capítulo anterior: Finalmente, a aprendiz Tassadara se tornou oficialmente uma clériga! Amiga que é, abriu mão da cerimônia de formatura, para poder requisitar Reala em sua primeira missão oficial (que ainda vamos descobrir qual é). Esse afastamento temporária entre aluno e  mestre pode ser exatamente o que Reala precisa para não ser expulso. Obrigado pela sugestão, Clérigo Jânus!

- Depois de tudo o que aconteceu hoje... – suspirou Reala, parando por um momento para admirar a noite. O céu cintilava de estrelas! Era como se estivessem aproveitando a ausência da lua para se exibirem.

O aluno inspirou fundo o ar fresco. O clima estava quase frio, na perfeita transição que o outono proporcionava. Apesar disso, recusou-se a vestir uma capa, ao contrário dos dois amigos. Vestia uma das muitas camisas acolchoadas típicas dos alunos de magia, e os amigos, os tradicionais robes dos clérigos e aprendizes. Barrim optou por um verde mais escuro, enquanto Tassadara e Reala se ativeram ao beje e ao preto, que tinham aos montes.

Barrim, que ia dois passos à frente, conversando animadamente com Tassadara, parou também e concluiu a frase que o amigo começou:

- ... você não imaginava que estaria indo beber com os amigos, sem um enorme peso nos ombros.

- Ah, ele iria beber sim – intrometeu-se Tassadara, jogando um braço por sobre os ombros dele – só que seria pelos motivos errados. Não é? Se acontecesse comigo o que a gente temeu que fosse acontecer com você, eu iria afogar fundo minhas mágoas!

Foi só então que percebeu que estavam com os rostos muito próximos. Mais que isso, fizera um gesto novo, incomum na interação do trio, que não tinha o hábito de se tocar sem motivo.

Felizmente, antes que pudesse ficar estranho, Barrim também os tocou. Colocando uma mão no ombro de cada um, decretou:

- Sem motivos errados hoje. Temos três coisas certas a comemorar: a formatura da Tassa, a permanência do Reala na Escola e a companhia que eu vou dar a vocês na missão de amanhã, para não morrerem.

Os três riram. Tassa gostou de estar assim, mais juntos, descobriu que gostava do que decidiu chamar de "toques fraternos". Tanto que foi só quando soltou o pescoço de Reala, que percebeu que instintivamente havia levado sua mão livre à de Barrim, no seu ombro.

Quer saber? Decidiu que levaria adiante. Não seria esquisito se ela não achasse esquisito! Perguntando "qual será a missão que o Jânus vai nos dar? Aposto que depois da terceira dose eu adivinho sozinha!", passou um braço pela cintura de cada amigo, os dois mais altos que ela, e os conduziu de volta ao caminho para a taverna.

Empenhada em fazer daquele o novo normal, não reparou que os dois tiveram um momento de dúvida sobre como se comportar naquela situação. Barrim logo percebeu que Reala compartilhava da sua hesitação. Achou graça daquilo e decidiu embarcar na onda da amiga: passou um braço por sobre seus ombros e continuou conversando.

- Mas, Reala, agora que já estamos mais calmos, que o pior já passou, me explique: por que diabos você libertou o Lúminos da redoma?

- Ah, cara, não tinha como saber que ele ia virar o demônio uma vez livre! Se você visse como ele é um gatinho bonitinho lá dentro, você também iria querer fazer carinho. – brincou, divertindo os amigos. Só depois de perceber que eles pareciam à vontade andando daquele jeito, jogou também o seu braço por sobre os ombros de Tassa e o braço de Barrim.

A nova clériga adorou a sensação de acolhimento e proteção que andar com seus dois melhores amigos abraçando-a lhe estava propiciando, por isso demorou a processar o que o amigo respondeu.

- Carinho? Dava pra fazer carinho naquela coisa? – a noção era contraintuitiva, já que a criatura era feita de luz. Reala fez vários segundos de silêncio antes de responder.

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