Capítulo 23 -Explicações Necessárias

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No capítulo anterior: Tassadara e Reala se ressentiram mais ainda de Barrim, ante a revelação de que, além de um mago, ele também é um não humano. Até defenderam Yamara, quando Barrim descobriu que, esse tempo todo, ela transportava na mochila um item mágico roubado- ops, recuperado de Bértom, o dono da taverna de Férigam. Agora vamos pra "DR".

Tão logo Alano foi curado pela clériga de Jade, guiou o grupo para longe do abrigo destruído, pois estava certo de que a coluna de chamas que quase o matou atrairia a atenção de todos os demais kéleres que estivessem na floresta.

Sem dizer novas palavras, voltaram pelo mesmo caminho, com o objetivo de voltar à estrada. Encontraram Charli a apenas algumas dezenas de metros de onde o deixaram. Mesmo com o susto ocasionado pela explosão, a fiel montaria permaneceu próxima, esperando seu cavaleiro. Mostrou alegria ao revê-lo, sem nenhuma estranheza quanto à nova aparência, a qual, na verdade, já conhecia.

Cansados, chegaram ao rio. O dia já começava a se despedir, mas o guardião exigiu que o atravessassem antes de montarem acampamento.

A água gelada não ajudou no humor de Tassadara, envolvida em um turbilhão de sentimentos negativos, contra os quais lutava para manter minimamente a compostura.

Reala aproveitou para se banhar, no que foi imitado por Yamara. Ela era a que mais precisava, tinha sangue de kéler pelo corpo todo. Mas só entrou depois de se afastar do grupo e deixar a mochila em um ponto da margem bem próximo de si. Surpreendeu-se quando percebeu que estava tomando aquele cuidado para não precisar matar ninguém daquele grupo. Estava se afeiçoando.

Depois de muito esforço, acenderam uma fogueira. Mesmo com o conhecimento de quais folhas e gravetos usar, era difícil fazer o fogo pegar com toda aquela umidade. Pela manhã, sem que ninguém visse, Barrim o fizera com fogo mágico, mas agora sua energia mental estava esgotada.

Reala apreciou sadicamente o clérigo-mago tentar e não conseguir. Mas agiu, ao perceber que Tassadara tremia do seu lado; estendeu a mão até a fogueira e conjurou uma magia simples de fogo.

- Achei que um elfo fosse mais safo na floresta.

- Meio-elfo, na verdade. – explicou pela primeira vez.

- Como assim "meio"? – perguntou Yamara, pulando para sentar à beira do fogo. Estava difícil se secar com a pouca quantidade de panos limpos que tinha na mochila.

- Eu tenho sangue élfico, mas também tenho sangue humano.

- Isso não faz de você "meio mentiroso". – repreendeu Tassadara.

Barrim preferiu concordar. Mas queria explicar aos amigos o motivo das mentiras. E aquela parecia ser a melhor oportunidade desde as revelações. Estavam todos bem próximos ao redor do pequeno fogo, enquanto Tassa pegava para vestir uma camisa seca de cor bege, poucos nós e mangas compridas.

- Vocês sabem da história em que minha mãe morreu no meu parto. Não foi exatamente isso que aconteceu.

"Pela deusa, a mentira começa no berço!..." pensou surpresa a clériga.

Ele continuou:

- Realmente tive uma mãe humana, mas ela não morreu. Depois do parto, quando viu que eu era diferente, me abandonou na ala médica da Igreja. Fui criado pelos clérigos, mais de perto pelo Mentor Franco. Ele era um estrangeiro, tinha acabado de se mudar para Férigam, entendia bem a situação de não ser ainda aceito pelas pessoas em volta. E logo viu que eu passaria por isso, de forma dez vezes pior que ele. Deve ter sido esse o motivo de ter sentido tanta empatia por mim.

- Espera, volta um pouco. – interrompeu Yamara, agindo como se fizesse parte daquela conversa tanto quanto os outros – Deixa ver se eu entendi: uma daquelas criaturas horrorosas foi para a cama com a sua mãe? Eca!

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