Capítulo 3 - A Prova de Luta

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No capítulo anterior: A aprendiz Tassadara observou de perto mais da metade da sua turma perder para os mercenários contratados pelo Mentor Cláudio. Agora é a vez de ela mostrar se está no pequeno grupo que merece a aprovação.

Finalmente a hora. Tassa estava nervosa. Procurou seu amigo Barrim com os olhos e o encontrou de pé em um dos cantos. Ele ficara de um canto para o outro durante as lutas, ora entediado, ora procurando ver do melhor ângulo, mas agora tinha seus olhos fixados na amiga. Assim que os olhares se encontraram, ele fez um gesto de que ela deveria respirar. Ela obedeceu, inspirou fundo e soltou devagar, três vezes. Ao final ele lhe fez um joinha e sorriu. O professor já ia gritar o seu nome impaciente, mas percebeu o que ela estava fazendo e esperou; todos os alunos deviam ter usado a respiração para controlar melhor o ânimo antes de lutar.

Tassa caminhou com firmeza até o local designado e assumiu a sua melhor postura, com o cajado em ambas as mãos. Já Tom, o Valente, demorou para entrar no campo. Ficou um bom tempo examinando sua rival, de cima até embaixo, com seus lábios se esticando lentamente em um sorriso debochado. Pegou a espada firmemente com a mão esquerda, mas pegou com displicência o escudo, sem prendê-lo no braço. Entrou no campo, chegou à sua marca e apontou a espada na direção da adversária, desafiando-a. Então arremessou o escudo para longe.

- Filho de uma... – murmurou a aprendiz. Ela sentia nas entranhas que ele só fez isso porque ela era uma mulher. Só podia ser isso, era o que ela via naquela postura arrogante, naquele sorriso superior. Além disso, ele estava lá quando a única outra menina da turma perdeu. – Você vai pagar caro por isso.

Um passo de cada vez, Tassa avançou na direção de Tom, movimentando o cajado com técnica, sem afobação. Tão logo chegou ao alcance da espada esticada, tentou golpeá-la para desarmá-lo, mas ele a girou com habilidade e atacou em estocada. Tassadara esquivou para o lado e teve que se defender com o cajado, porque ele emendou um movimento de arco na sua direção. O desgraçado percebeu que o professor já encerrava a luta quando a "lâmina" de alguma arma roçava no aluno.

Tom achou de verdade que iria ganhar no primeiro golpe, mas não viu problema em ter que atacar mais algumas vezes. Assim o fez, passando a agredir com força a aluna, acreditando que ela se intimidaria. Tassa teve que mostrar toda sua técnica para se defender dos golpes, os quais, além de fortes, tinham muita precisão. Sabia que o tio de seu amigo era exímio com a espada, mas ela iria, de qualquer jeito, aproveitar que ele abrira mão do escudo.

Quando achou que viu uma brecha, Tassa atacou e, sem perceber, gritou no ato. Tom se esquivou com a ajuda da espada, então deu dois passos para trás e começou a rir.

- Grito bonitinho o seu. – falou, tirando a clériga do sério. Ela ficou vermelha e se encheu de raiva, mas permaneceu no lugar. Uma parte racional do seu cérebro lhe dizia que aquilo era uma finta, para ela avançar desesperada e ele ganhar.

Tassadara não percebeu, mas todos os alunos estavam focados prestando atenção à luta. Com aquele gesto do mercenário, todos passaram a torcer por ela.

Tassa respirou fundo mais uma vez e avançou de novo com firmeza e movimentando o cajado com técnica. Ambos atacaram ao mesmo tempo, e espada e cajado se encontraram. Os dois atacaram de novo, e as armas se reencontraram, então de novo, e de novo, e os alunos não tinham mais certeza quais golpes eram de ataque e quais eram de defesa. Mesmo quando um dos dois tinha que se defender, imediatamente contra-atacava e, ora era defendido, ora os ataques se repeliam. A luta estava bonita para quem assistia, pois parecia que o ruivo e a morena lutavam no mesmo nível.

Mas não era bem assim. Cada choque de golpes era mais sentido por Tassadara, que era menor e mais fraca que Tom. Além disso, ela encontrava menos brechas, normalmente sabia que seus ataques não tinham chance de sucesso, mas continuava atacando para ter que se defender menos. Falara mal do estilo de luta de Gus, mas ela mesma sentia como se estivesse golpeando um escudo invisível, quando o que queria mesmo era afundar o cajado na cabeça do mercenário.

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