No capítulo anterior: Barrim não conseguiu largar Yamara na estrada e a levou para a floresta onde o grupo tem a primeira etapa de sua missão. Tassadara odiou, pois havia planejado dormir com ele essa noite e dar continuidade àqueles primeiros beijos. Porém, diante de só terem duas barracas para quatro pessoas, concordou que ele e Yamara teriam que ficar juntos em uma, porque corriam risco de Reala cometer um homicídio. Barrim apoiou a ideia e ainda deu conselhos polêmicos (ou naturais?) para ambos.
Chocado com os gestos de Barrim, em especial com o último, sem acreditar que tinha entendido toda a extensão da informação que recebeu, Reala foi na direção da bolsa de sua montaria e pegou algumas frutas e um pedaço de pão. Não sabia se chegariam ao ponto de ele lamber o pescoço da amiga, mas alimentá-la era algo que fazia sentido. Voltou à tenda, mas ainda não entrou.
- Tassa! Qu-quer comida?
- Reala, entra logo, você já deve estar todo molhado!
- Aqui, pega. – esticou as mãos para dentro. Sentiu o toque dos dedos dela ao pegar os alimentos, e isso já foi suficiente para lhe dar uma fraqueza, uma falta de ar...
Levantou-se. Percebeu que respirava pesadamente, passou a andar em círculos. Olhou para as próprias roupas se encharcando e tirou a camisa; em seus vários bolsos, internos e externos, diversos componentes para conjuração de magias, que podiam estragar com a chuva. Ainda sem entrar, jogou a camisa para dentro.
- Reala? – perguntou a voz dentro da barraca.
- Eu já vou! Só um pouco.
Sentiu um certo conforto com o toque da água fria no peito. O calor avassalador que brotava de dentro começou a arrefecer. Então se lembrou do tanto que suou naquele dia, enquanto o sol estava a pino no céu. Tirou a calça e até a roupa de baixo. Completamente nu, pendurou-as em um galho próximo e se pôs a esfregar com as mãos o próprio peito, as costas, os braços, debaixo dos braços... todo o restante. Ficou feliz de poder se banhar antes de ir para o lado da mulher por quem era há muito tempo apaixonado.
Quando se sentiu limpo, já começando a tremer mais pelo frio que pelo nervosismo, voltou ao seu cavalo e tirou da bolsa um robe grosso, feito de um tecido fofo, comprado na cidade apenas uns dias atrás. Era ideal para se vestir e se secar ao mesmo tempo. Envolveu-se nele, respirou fundo e só então correu para dentro da tenda.
Tassadara se surpreendeu quando ele entrou de supetão, de repente ocupando mais da metade da tenda e inevitavelmente encostando nela em várias partes. Mesmo sabendo que isso iria acontecer quando ele entrasse, sentiu-se travar, envergonhada ao perceber que, para qualquer movimento que fizesse a partir de agora, teria que roçar no corpo dele. Tomou consciência de que simplesmente não sabia onde colocar as mãos e que seu rosto com certeza estava bastante ruborizado, pelo que agradeceu já estar quase escuro lá dentro. Só então, pelo toque, estranhou que ele estava vestindo uma espécie de toalha; achava que ia entrar sem nada da cintura para cima.
- O que aconteceu lá fora?
- Hã? Nada.
- Você demorou na chuva. E trocou a roupa.
- Ah, eu tomei um banho. Você não merece passar a noite do lado de alguém com cheiro ruim.
Passou pela cabeça dela se aquilo significava que ela também precisaria se lavar, mas rapidamente descartou. Por nada sairia naquela chuva fria. Mas apreciou o gesto.
- Seu bobo, não precisava ter feito isso. Eu gosto do seu cheiro.
- Eu que adoro o seu. – disse sem gaguejar, o que o surpreendeu. Talvez não estarem vendo o rosto um do outro com nitidez tornava as coisas mais fáceis.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Magia, Amores e Guerra
Fantasy"Canalizar os poderes da deusa da cura pode não ser suficiente para salvar seus amados". Essa é a lição que a recém-formada Clériga Tassadara tentará evitar a todo custo. Porém, a missão aparentemente simples que recebeu a levará para o meio da inva...