Capítulo 7 - Yamara

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No capítulo anterior: Tassa, Barrim e Reala foram comemorar a formatura e o plano de não expulsão bolado pelo Mentor Jânus. Abraçados, andaram pela cidade curtindo a amizade verdadeira que unia os três. Só se separaram quando um rebuliço aconteceu na taverna: Barrim e Reala foram atrás da loirinha que esfaqueou o dono do lugar, enquanto a nova Clériga de Jade fez sua primeira cura oficial.

(Gente, este é o maior capítulo, mas simplesmente não consegui dividir a entrada da Yamara. Respira e vamos num fôlego só! xD)

Tassadara acreditava de verdade que era uma boa serva. Apesar da certeza de que o mundo seria melhor sem gente como aquele assediador, reforçou para si o ensinamento que recebeu, de que toda vida tem o seu valor, e por isso ofereceu a ele o presente de sua deusa.

Enquanto voltavam pelo corredor, ajustou sua capa de volta aos ombros e beijou o Foco antes de o guardar. Salvara a primeira vida como clériga! A vida de um arrogante aproveitador de mulheres? Sim, mas uma vida, mesmo assim.

- Falando em servir, prepare boas refeições para o seu patrão e mantenha-o na cama pelo menos por um dia, ouviu? – o barulho do andar de baixo aumentava à medida que desciam – Eu curei todos os ferimentos, mas o sangue que ele perdeu, perdeu! – teve que praticamente gritar a última parte, porque ambos foram recebidos com gritos e demandas dos clientes assim que retornaram ao saguão. Apenas uns poucos haviam ido embora, a maioria estava irritada com pedidos atrasados e outros tantos para serem feitos.

- Hum, isso vai ser um problema.

- Onde estão as meninas?

- Devem ter ido embora... – respondeu perdido, visivelmente sem saber por onde começar – Aqui dentro já teve umas brigas quando algumas pessoas beberam demais, mas um atentado ao patrão foi a primeira vez. A Rose, tadinha, deu um berro quando encontramos ele todo ensanguentado e saiu correndo.

- Ei, Velho Jim! Acorda! – chamou pela quinta vez um homem de uma das mesas. Já estava irritado pela demora, e agora por ser ignorado.

- Tassa – virou-se para a menina que, embora a partir daquele dia fosse uma clériga, conheceu anos atrás, cheia de vontade de ajudar – eu não dou conta desse movimento todo sozinho. A Rose já deve estar longe agora, mas a outra menina, que começou semana passada, mora logo ali depois do mercado. Você pode por favor pedir para ela voltar?

Tassadara queria sentar pelo menos um pouco e comer alguma coisa, havia doado muito da sua energia na complicada cura que fizera. Mas concordou que aquela situação era difícil para o Jim, e tinha carinho por ele. Só o conhecia da taverna, mas sentia que era uma pessoa boa.

- Posso sim. É Yamara o nome dela, né?

- Isso. Obrigado, você é um anjo! É bem do lado da alfaiataria. Quando voltar, a bebida vai ser por conta da casa! – prometeu antes de mergulhar no mar de clientes insatisfeitos.

A proposta de bebidas grátis já lhe deu um ânimo. Havia experienciado que o resultado de ingerir bebida alcoólica após uma grande doação de energia não gerava o melhor dos resultados, e amanhã receberia a missão de Jânus, mas talvez pudessem partir só à tarde, depois de um bom descanso.

Antes de sair da taverna, deu uma última olhada em volta, para ter certeza de que seus amigos não estavam por ali. Realmente devem ter ido atrás da menina que saiu apressada. Imaginou o que devem ter feito ao alcançá-la, já que não sabiam da gravidade do que ela fez. Será que ela mentiu para eles com uma boa lábia ou confessou a tentativa de homicídio? Se for o caso, eles devem tê-la levado para a cadeia da polícia da cidade, onde criminosos aguardam o julgamento.

A noite estava só ligeiramente mais fria que antes, porém bem mais quieta. No pouco tempo em que Tassadara ficou dentro da taverna, as ruas já esvaziaram, só uma ou outra pessoa ainda era vista. Não havia propriamente um toque de recolher na cidade, mas raramente alguém saía de casa depois de acabar o combustível dos archotes das ruas principais, o que deveria estar para acontecer a qualquer momento. Como a lua crescente ainda não tinha subido, Tassa aproveitou a luz que ainda queimava para chegar logo à casa de Yamara.

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