Capítulo 14.1 - Emboscados

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(o capítulo 14 foi dividido em 2 partes para melhor caber no "formato Wattpad")

No capítulo anterior: Tassa tem dificuldade de aceitar que Barrim e Yamara não tiveram nenhum tipo de contato durante a noite juntinhos na tenda, situação oposta à dela com Reala. Yamara coloca "fogo no parquinho" ao insinuar em voz alta que Tassa só ficou com Reala porque não conseguiu ficar com Barrim. Enquanto rola a primeira "DR" do casal, Yamara percebe pessoas se aproximando furtivamente e comunica a Barrim que não estão sozinhos.

- O quê? Você ao menos sabe o que isso significa? – Barrim pensou que ela se referia a algo transcendental, o que não combinava em nada com o perfil pragmático e caótico que ela mostrara até então.

Yamara olhou-o com seriedade e levou o dedo indicador à boca, um sinal para fazer silêncio. Então moveu os lábios formando as palavras não sozinhos.

Barrim olhou em volta, sem saber o que procurar. Não ouvia nenhum som diferente, mas sentiu que deveria confiar na guria. Em um rápido movimento, Yamara deslizou pelo seu lado, alcançou a mochila e se pôs a colocar várias coisas nos bolsos da calça.

O clérigo, que até ali estava mais que disposto a expulsá-la, não ofereceu nenhuma resistência, ante a súbita intuição de que, naquele momento, estavam muito melhor com ela do lado. As palavras de Jânus sobre intuição, que ele proferia desde sempre, vieram-lhe rapidamente à memória.

Então viu um objeto muito rápido, vindo das árvores, acertar em cheio a panela da sopa, derrubando no chão toda a estrutura que havia montado para cozinhar. O som alto e inesperado assustou sobremaneira Tassadara e Reala, imersos que estavam na discussão da relação.

Seguido ao som alto, o grupo ouviu palavras em um idioma que o clérigo tinha certeza de que era o único dali a entender. As pessoas que as diziam dialogavam entre si:

- Uhul! Falei que conseguiria acertar! – comemorou a primeira voz oculta.

- Droga, Alastar, mas tinha que derrubar tudo? Achei que a gente ia comer depois de matar eles.

- Para conseguirmos qualquer informação desses vermes, temos que chegar colocando o terror!

Então duas figuras surgiram por entre as árvores. Vestiam roupas pretas, das calças às camisas grossas de mangas longas, com o capuz levantado. Sem botas, ambos caminhavam com os pés direto na terra, sem se incomodar. Um deles carregava o objeto que provocou o estardalhaço, um arco, com outra flecha já reposta, semipreparada. O outro exibia na cintura uma espada longa. Estava embainhada, mas a postura altiva do seu dono sugeria que ela poderia ser sacada a qualquer momento.

As duas figuras misteriosas atraíram a total atenção da clériga e do quase mago, que não viram a terceira figura escondida mais atrás, segurando uma espada semelhante, já desembainhada, e nem a quarta figura, que subia uma das árvores, portando outro arco e flechas.

O cérebro de Barrim estava a mil, tanto para entender quem eram aquelas pessoas, quanto para identificar o que fazer naquela situação tão desfavorável. A fim de precavê-la, avisou Yamara entredentes da existência dos dois escondidos.

- Deixa aquele comigo. – ela sussurrou de volta, ao avistar o que estava em pé escondido. Abaixando-se e passando com facilidade por baixo do cavalo, sumiu para fora da clareira do acampamento.

- Quem são vocês? – indagou Tassadara, procurando retomar a firmeza da liderança, depois do grito de susto. – E que língua estranha é essa que falam? Algum de vocês consegue me entender?

- Nós entender sim – disse o guerreiro, com sotaque de alguma região desconhecida por ela. Com certeza era uma figura masculina, magra, de cerca de 1,60m. Mas havia algo mais: sob o capuz, os traços que ela conseguiu distinguir eram estranhos, finos, como se a cabeça dele tivesse um formato diferente, mais esticado, com o queixo um tanto proeminente, como uma ponta. Ele continuou – mas ser vocês que responder perguntas. Onde estar caverna em volta? Procurar dias e não encontrar. Ainda. Vocês ajudar. Se não saber...

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