Epílogo 2

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Todos de pé, saciada a fome de abraços, o grupo se preparou para retomar a caminhada até a capital. Barrim teve que garantir a todos que estava bem repetidas vezes. Para comprovar, curou o rosto queimado de Yamara e disse que seu peito não estava mais doendo. Mas estava. Ele não quis se livrar da dor de imediato, para ter a certeza de que se lembraria para sempre de que o encontro com o Mago Andrix quase retirou sua vida.

Mesmo depois de tudo, a missão ainda seria completada, graças à bolsa de kélkai que Tassadara carregava. Ela se certificaria de só entregá-la às autoridades depois de contar detalhadamente tudo o que aconteceu, para prevenir a morte das pessoas que o rei quisesse enviar para recuperar o anel roubado do cofre.

Tassa sentiu a mão de Barrim segurando seu robe. Notou que os demais já estavam mais à frente, e eles eram os últimos.

- Tassa...

Ele a chamou e não conseguiu falar mais.

- Respira. – sugeriu ela.

Ele achou graça de a clériga novata dar a ele aquela instrução. Respirou.

- Eu te peço perdão por ter escondido parte da minha identidade. Se tiver que resumir a um único motivo, posso dizer com segurança que foi por medo de te perder.

Tassa recebeu as palavras com compaixão. As mentiras ainda doíam, mas ela já tinha entendido e queria superar. Pegou a mão dele e a trouxe ao rosto. Barrim a acariciou.

- Vou levar um tempo para me acostumar com sua aparência. Confesso que a barba espessa era um atrativo.

- Minha energia mental já se esgotou, mas amanhã conjuro nova ilusão. – garantiu.

- A questão é essa, Barrim, ela é uma ilusão. Entendi que você precisa da aparência humana para ser aceito na sociedade, mas eu não quero me relacionar com uma mentira. A próxima vez em que a gente ficar junto, quero que você esteja como é de verdade.

- "A próxima vez"? – ele se surpreendeu. Ela ironizou:

- Ué, onde foi parar a sagacidade toda? Eu disse que vou demorar para me acostumar. Mas vou me acostumar.

Tassa colocou as próprias mãos no rosto dele. Olhos humanos e élficos fixados uns nos outros. Devagar, ela puxou a cabeça dele na direção da sua. Levantou um pouco os calcanhares. Ele dobrou o pescoço na sua direção.

Mais à frente, os outros três já tinham percebido que os clérigos não os tinham seguido e agora apreciavam seu momento de intimidade. Vendo que Yamara estava emocionada de novo, Reala implicou:

- Acho que entrou um cisco no seu olho. Ih, nos dois!

Yamara socou de leve seu braço. Ele se divertiu com a semelhança com o gesto de carinho que Tassa sempre fazia.

- Você não acha injusto? – a ladina perguntou retribuindo a implicância – Você é tão responsável pelo salvamento do Barrim quanto a Tassa, mas só ela tá ali no momento romântico!

Fios de Ouro se surpreendeu com a afirmação, enquanto Reala deu uma risada.

- Ah, eu quero meu romance com o Barrim! – ele entrou na brincadeira – Sou o próximo da fila. Pelo menos eu tenho direito, né? Mais que você, que ficou brincando de espadinha em vez de ajudar.

Yamara colocou as mãos na cintura e desafiou:

- Você acha que eu não consigo um Barrim, se eu quiser um pra mim?

- Ah, eu sei que consegue! Eu vi. – Fios de Ouro respondeu, lembrando de quando foi acordada por ela na taverna.

- Sério?! – perguntou Reala surpreso – Como foi isso?

Magia, Amores e GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora