Capítulo 5.1 - Amizade Também é Pra Isso

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(O capítulo 5 foi dividido em 2 partes para melhor caber no "formato Wattpad")

No capítulo anterior: No caminho do escritório do Mentor Jânus, Tassadara se assustou ao encontrar um gato todo feito de luz, fruto de uma evocação na Escola de Magia. Enfurecido por seu pupilo libertar a criatura, Mestre Vânder ameaçou Reala de expulsão, caso não a colocasse de volta na redoma até o fim do dia. A ainda aprendiz foi levada para a ala médica curar o pé que quebrou quando rolou escada abaixo.

A Escola de Magia tinha tudo para ser uma construção tão grande quanto a Igreja de Jade. Pelas contas de Tassadara, deveria ter o mesmo número de alunos e mestres que a Igreja tinha de aprendizes e mentores. Além disso, sabia que também tinha diferentes alas, como refeitório, dormitórios, biblioteca, laboratórios... até uma ala médica própria, o que não fazia nenhum sentido, já que existia uma com verdadeiros clérigos da deusa da cura a um gramado de distância. Menos de quinhentos metros separavam as duas instituições, espaço preenchido por um lindo campo gramado e florido... e um muro gigante. Nunca ficou claro para ela por que um muro foi construído separando duas instituições que são amigas desde o início da convivência próxima, quase um século atrás, quando a Escola se mudou de Agnus, a capital do Reino, para a cidade de Férigam.

De todo modo, apesar de todo o tamanho que a Escola deveria ter, dali pela janela da ala médica só era possível ver metade do seu último andar: um prédio quadrado, sem torres, pontas, gárgulas ou qualquer outra extravagância que o imaginário popular poderia lhe atribuir. Havia rumores de que, além dos andares visíveis, havia vários outros construídos para baixo, mas ninguém confirmava essa informação. Agora, descansando sobre uma maca após ter recebido um atendimento carinhoso do Mentor Rodrigo, Tassadara deixava sua mente viajar livre, imaginando o subterrâneo da Escola e os tipos de rituais que os magos faziam ali, escondidos dos olhares dos clérigos e das divindades. Com certeza havia coisas muito mais assombrosas que gatinhos de luz.

- ...ela está logo ali.

- Obrigado, Rodrigo. – soou a voz pela qual Tassa ansiava desde o fim da prova de luta – Olá, Tassa.

- Jânus! – seus olhos brilharam. Ele trajava um lindo robe verde esmeralda, com um grande símbolo de Jade na frente, cuidadosamente costurado com linha especial; o círculo e os quatro triângulos isósceles que apontavam para as quatro direções, simbolizando a paz sendo espalhada pelo mundo, iam do branco simples a um gelo azulado, dependendo do ângulo de incidência da luz. Ele ostentava a sua expressão paternal de sempre, seu rosto perfeitamente simétrico, sem cicatrizes ou marcas que não fossem as da idade, que começaram a se mostrar com certa rapidez nos últimos anos.

Tassadara fez menção de se sentar na maca para conversar com seu mentor, mas foi repreendida pelo Mentor Rodrigo, que cuidava de outra paciente a três macas de distância.

- Eu falei para deixar o pé para cima. Pode deitar. Pela graça de Jade, eu reparei o seu ligamento, mas o inchaço ainda está reduzindo, é o seu próprio corpo lidando com o trauma. Jânus, se for agitar minha paciente, vou pedir para sair.

Apesar das palavras assertivas que sua voz emitia, o tom carregava notas de carinho perceptíveis a qualquer um. Dizia-se que até as brigas com o Mentor Rodrigo eram carinhosas, e por isso os aprendizes chegavam a subornar uns aos outros a fim de conseguir trabalhar sob a sua supervisão.

- Agitar? Não, não, eu vim felicitar a minha pupila. Já ficou sabendo que ela também foi aprovada na prova de luta do Cláudio?

- Então temos uma nova clériga entre nós! Parabéns, Tassadara! Por que não falou antes? Eu teria te dado o meu tratamento VIP, o mesmo que estou dando à senhora Maria aqui. Não é mesmo, Maria?

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