Capítulo 13 - Sementinha da Discórdia

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No capítulo anterior: Tassa e Reala passaram a noite juntos. Foi incrível. Se você não leu, tem que voltar lá. É sério.

O cheiro de comida cozida trouxe a discípula de Jade de volta ao mundo material. A primeira coisa que percebeu foi que estava com muita fome. A segunda, que estava sozinha. A roupa-toalha de Reala estava esticada sobre ela, aquecendo-a naquele iniciozinho de manhã. Sorriu ao lembrar que, durante a noite, chegou a ficar totalmente exposta sem sentir um tico de frio, e agora, só iria sair daquele aconchego quente porque precisava comer.

Do lado de fora, havia luz suficiente para enxergar, era o máximo que se podia dizer do início do novo dia. O sol ainda não tinha subido, apenas mandado notícia de que em breve chegaria. Ao julgar pela energia de Barrim, com certeza era o sol que estava atrasado.

- Bom dia! Bom dia! Venha, já está tudo quase pronto!

Cumprimentando a amiga com um largo sorriso, foi até a entrada de sua tenda e estendeu-lhe a mão. Tassa aceitou a ajuda para sair e se levantou. Retribuiu o sorriso como pôde e fez graça com a cara amassada e o cabelo parcialmente para cima. Procurou a fonte do cheiro e viu que ele havia iniciado uma fogueira, o que era surpreendente, considerando a alta umidade do chão, folhas e todo o lugar. Presa a uma haste, uma panela com água fervendo cozinhava toda sorte de raízes e legumes. Enfiados em gravetos, pedaços de carne pingando gordura direto na panela. Salivando, perguntou admirada:

- Que horas você começou a fazer isso?

- Não faz muito tempo. Ontem dormi imediatamente. Acordei bem disposto. E você, o Reala te deixou dormir?

- Cadê ele? – Tassa não entendeu imediatamente a malícia da pergunta, só estranhou não o ver ali fora.

- Caramba, foi tão bom assim que já quer mais? – brincou – Fico feliz. Está por aí, vendo se encontra algum componente material para magias.

Tassa olhou perdida para o amigo por alguns segundos, demorou a entender. Não estava preparada para uma pergunta tão direta assim logo de manhã. Gostava de acordar devagar, com calma, e por isso simplesmente falhou em pensar rápido em uma "resposta certa".

Ele percebeu, é claro.

- Relaxa, Tassa – confortou-a – eu estou feliz por você, é sério.

- Eu queria... ter ficado com você, mas...

- Eu sei. Está tudo bem. A gente tinha que ficar cada um com um deles, para garantir que tanto a Yamara quanto o Reala acordariam vivos, lembra? Adivinha só, funcionou, os dois estão respirando. Não se preocupe, a gente ainda vai ter a nossa oportunidade. Se você ainda quiser, é claro.

Tassadara ficou ainda mais confusa, um zilhão de pensamentos a atropelando. Estavam falando da mesma coisa? Ele estava brincando ou falando sério? Ela sempre o viu como uma das pessoas mais seguras que conhecia, mas... Claro que ele não tinha nenhum direito de mandar no que ela poderia ou não poderia fazer, mas... Ele levar tão bem assim uma experiência íntima dela com outra pessoa se encaixava em outro nível de segurança! Ou seria desapego?

- Tassa? Tudo bem? – perguntou entregando-lhe uma tigela com parte da sopa fumegante que tirou da panela – Não precisa pensar nisso agora, sei que estamos em missão e é tudo muito recente para você.

- Hã? Tá... – foi o máximo que conseguiu responder antes de voltar aos pensamentos. Ele gostava dela, já tinha essa suspeita há muito tempo, e a certeza veio duas noites atrás, com a chuva de beijos no seu quarto. A não ser... que realmente ele tenha se relacionado com a Yamara da mesma forma que ela e o Reala... ora, é claro que sim, quais as chances de os dois terem ficado juntinhos na tenda e não feito nada? Ainda mais depois da afinidade que inexplicavelmente surgiu entre eles quando cavalgaram juntos. É, deve ter sido isso, estavam todos quites então. Que problema havia, afinal? Nenhum! Eram todos adultos. A justiça da situação mais que justificava seguirem com a missão e com a amizade, com todos em pé de igualdade. Não havia por que o afeto de cada um deles sofrer qualquer abalo por algo que fizeram com outras pessoas.

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