Capítulo 20 - Coluna de Chamas

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No capítulo anterior: Mesmo querendo só gritar de frustração, Tassadara tinha o compromisso de cumprir a missão que lhe fora dada por seu Mentor Jânus. Por isso, mesmo com o coração rachado pela mentira de Barrim, acompanhou-o até o nascedouro da erva kélkai, uma caverna extremamente úmida e escura numa parte escondida da floresta. A "DR", contudo, vai precisar ficar para depois, porque, logo em seguida, viram uma Coluna de Chamas descer do céu e explodir sobre o abrigo do guardião.

Instintivamente, e sem se importar com o que a amiga pensaria de sua habilidade, Barrim saltou a frente, impulsionou-se em um dos cipós, escalou rápido uma árvore, saltou de um galho mais grosso para outro mais distante e em poucos segundos estava acima da depressão do terreno.

Então correu. Sem precisar pensar, colocou os pés nos exatos pontos em que havia alguma folha, pedra ou raiz, sem nenhuma chance de escorregar. Correu na mesma velocidade com que um humano correria por um terreno seco. Seu coração disparado martelava-lhe o peito. Sabia que estavam diante de um desafio quando foram atacados pelo primeiro grupo de kéleres, mas não tinha ainda imaginado o nível desse desafio.

Viu fogo queimando a frente. Queimando apesar do clima úmido, apesar da chuva da noite anterior. Os focos de chama estavam espalhados, arremessados pela explosão. Consumiam as folhas e galhos com velocidade e ainda persistiam no lugar por um tempo, mesmo sem combustível. Aquilo não era fogo natural e nem mágico, era fogo divino!

Barrim viu o abrigo, ou melhor, o que sobrou dele. A parede de camuflagem destruída pela coluna de chamas. E a pessoa que canalizou aquele poder não estava distante. Um elfo kéler com uma roupa diferenciada, vestia uma combinação de preto, dourado e púrpura. Era anormalmente alto para um elfo, seu cabelo curto de um tom de prateado mais escuro, só um lado amarrado para trás, permitindo visualizar os vários brincos em sua orelha pontuda. Tinha outros adornos, como um cordão dourado e pulseiras de madeira. Carregava uma espada na cintura e estava ainda acompanhado de outro kéler, esse bem mais baixo e com vestimentas pretas comuns, armado também com uma espada.

A aparição dessa dupla pouco depois da aparição dos dois arqueiros com quem Yamara lidou fez Barrim concluir que os quatro faziam parte do mesmo grupo. Mais cedo, também havia quatro elfos, sendo dois arqueiros e dois espadachins. A diferença agora estava no elemento divino. A presença de um clérigo, ainda mais um que conseguia canalizar tanto poder, elevava muito as chances contra eles.

Por isso, Barrim não parou de correr; precisava saber se seus amigos ainda estavam vivos, se havia alguma coisa, qualquer coisa que pudesse fazer por eles. Chegando cada vez mais perto do abrigo, concentrou-se brevemente, juntando as mãos, passou-as por cima da cabeça, desceu-as pela testa e as soltou bruscamente, a Invisibilidade sumindo com qualquer traço visual da sua presença.

Os elfos Viserani e Draksan estavam do lado dos corpos de seus colegas, empilhados por Yamara. Dispostos em posição nada digna, e visivelmente judiados pelo sapateado que ela promoveu em cima dos dois, foram a fonte do acesso de raiva do clérigo, que evocou sobre as pessoas do abrigo o poder divino mais poderoso que conseguia.

Ao ver movimento através da abertura daquela parede falsa de terra, o seguidor do Juiz não quis ser sutil, não quis ordenar que saíssem com as mãos para cima e nem mandar Draksan lutar contra eles. Em vez disso, tomado de fúria, clamou por sua divindade, pedindo que seu julgamento fosse antecipado sobre aqueles assassinos insolentes. Agora, uma grande abertura deixava visível quase todo o interior do abrigo, com fogo espalhado em pequenos focos por suas paredes, chão e teto.

- Vá ver se algum miserável se safou. – ordenou o clérigo mais alto.

- Si- Sim, senhor. – gaguejou Draksan. Com a espada em punhos, foi na direção do buraco aberto pela explosão, cautelosamente desviando dos focos de fogo, a maioria sem razão natural para estar ainda queimando. O julgamento realmente era incrível! Tentava inutilmente esconder que estava chocado com a visão de todo aquele poder. Já tinha ouvido que Viserani e alguns outros elfos tinham voltado a serem capazes de evocar poder divino, mas não tinha ainda chegado a testemunhar tal feito, muito menos daquela magnitude.

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