Demônio Da Guarda

ᵖ ʳ ᵒ́ ˡ ᵒ ᵍ ᵒ

Sem som, sem cheiro e sem gosto. Essa é uma rasa descrição de todo o Universo. Nenhum ser vivo é capaz de sobreviver em um ambiente tão hostil como esse. A menos, é claro, que estejamos nos referindo aos seres vivos presentes na Terra. Mas quando se trata dos seres místicos e espirituais, esses podem viver em qualquer lugar que quiserem.

Uma pequena e indescritível matéria viaja pela pelo Universo na mesma velocidade da luz, a 300 mil quilômetros por segundo. Ele entra em uma Galáxia, batizada pelos humanos como Via Láctea. Os gregos antigos a chamaram assim porque viam um "caminho de leite" ao observar o céu. Invisível, porém refletora de toda e qualquer luz que ousava passar por ela, a matéria girava em volta de seu próprio eixo constantemente, enquanto fazia sua desconhecida trajetória.

Ao entrar no Sistema Solar, ela segue uma reta perfeita em direção ao nosso Sol. Ao se chocar contra ele, uma onda de calor explode para fora da enorme estrela, causando uma perturbação em todos os planetas ali presentes.

Os humanos talvez demorem alguns anos para perceberem essa perturbação, mas os seres capazes de sobreviverem no espaço notaram o ocorrido de imediato. Conhecidos como Anjos pelos humanos, eles prezam e guardam todo o conhecimento e proteção do Universo, a comando de seu Senhor, Deus.

O Príncipe dos Anjos, chamado Gabriel, rapidamente convocou mais dois de seus subordinados, chamados Ayel e Manakel, para averiguar o ocorrido. Os três Anjos voaram em volta do Sol, mas não se queimaram pois eram imortais. Podiam sentir uma presença desconhecida e que os atraía como um ímã. Não parecia com nada que já estavam acostumados, e eles de fato já estavam acostumados com muitas coisas. Existiam no Universo desde o princípio da criação, não havia nada que eles não soubessem.

- O que é aquilo?! - Ayel aponta quando vê algo estranho flutuando no espaço.

- Tomem cuidado ao se aproximarem! Não sabemos o que pode ser! - Gabriel adverte.

Os três se aproximam voando sem fazer esforço algum por conta da gravidade. Quanto mais se aproximaram, mais não queriam acreditar no que estavam vendo diante de seus olhos. Os três avistam uma criatura muito familiar, porém desconhecida.

Ele tinha uma aparência masculina. Seu corpo era atlético e saudável. Sua pele era clara e seus cabelos eram completamente negros, mas havia uma única mexa branca na lateral direita de seu rosto. Um par de asas brancas cobria suas costas nuas, tão grandes quanto as dos Anjos ali presentes. Não era um branco comum, era um platinado que ao refletir a luz do Sol e se tornava branco.

- É um Anjo, senhor! - Manakel diz.

- Um Anjo?! Mas isso é impossível! - Gabriel estava incrédulo. - Anjos não nascem nem morrem, ele não pode ser um de nós!

- Talvez Deus tenha o criado...

- Não diga tolices, Ayel! Deus não nos criou de fato, nós simplesmente surgimos no segundo dia da criação, quando ele fez o dia e noite em seguida o céu, e foi quando nós nascemos.

- Então de onde ele veio? - Manakel olha para o seu príncipe e para o seu companheiro.

- O único que tem a resposta para todas as dúvidas é o nosso Senhor. Vamos leva-lo, tenho certeza que ele irá esclarecer tudo. Deve ser só um mal entendido.

Os Anjos apanham a criatura alada, que parecia dormir profundamente, e o levam para o 3° Céu onde viviam. Lá eles o carregam até uma das ilhas que flutuava acima da membrana da realidade, e o deitam na grama verde.

O príncipe dos Anjos sente uma presença extremamente forte e boa, só podia ser algum Anjo Serafim que se aproximava. Ao olhar para o céu seus olhos se enchem de encanto quando ele vê nada mais nada menos do que o próprio príncipe dos Serafins, Metraton. Estranhou a presença do Príncipe de imediato, pois ainda não havia dado tempo de avisar ninguém sobre o estranho acontecimento.