ᵖ ᵃ ʳ ᵗ ᵉ ²

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Dia seguinte...

- Sente-se, por favor. - A diretora da escola aponta para uma cadeira.

- E então, porque fui chamada aqui? - Rosa diz ao se sentar. - A Aurora fez alguma coisa errada?

- Não, não, está tudo bem. Ela é uma excelente aluna, muito inteligente inclusive... - A Sra. Fátima sorri. - Eu apenas gostaria de te fazer algumas perguntas sobre ela... - A diretora abre uma pasta com todas as informações de Aurora enquanto conversava com Rosa. - Vejamos... Eu não me lembro da senhora dizer que a Aurora sofria de autismo quando fez a matrícula dela...

- O que?! Autismo?! - Rosa fala surpresa. - Minha filha não tem Autismo! Do que está falando?!

- Me desculpe, eu não quis parecer rude! É porque a professora dela me informou que tem notado comportamentos estranhos nela desde que chegou e isso me preocupa, por isso chamei a senhora aqui.

- Que tipo de comportamentos?

- A Aurora não fez nenhum amigo na escola durante o ano inteiro. Ela sempre faz tudo sozinha, e quando é questionada se ela gostaria de fazer algum colega, ela diz que não, que ela já tem um amigo que se chama Eliel.

- A senhora disse que ela não tem amigos aqui, e agora está me dizendo que ela tem um amigo chamado Eliel?

- Sim, só que esse amigo que ela chama de Eliel, ela diz ser o Anjo da Guarda dela. Por acaso a senhora tem ciência disso?

- Ahh, é claro... O bendito Anjo! - Rosa recobra suas lembranças e passa a mão no rosto. - Tenho sim, é o amigo imaginário dela. Ela o criou quando tinha 5 anos. Eu já conversei com ela sobre isso, e depois da nossa conversa ela nunca mais falou sobre ele lá em casa.

- Entendo. - A diretora parecia realmente preocupada com Aurora. - Ela tem amigos onde vocês moram?

- Não, o meu marido não gosta que ela brinque na rua. Nosso bairro é um pouco perigoso para uma criança da idade dela.

- Entendi. Vocês saem com frequência? Ajuda ela no dever de casa?

- Porque essas perguntas?

- É que talvez a Aurora possa estar se sentindo solitária, por isso criou esse amigo imaginário.

- Aqui tem muitas crianças, mas se mesmo assim ela não quis fazer amizade com elas, então ela está se sentindo solitária porque quer.

- Bom de qualquer forma, eu, como diretora da escola, sugiro que a senhora a leve a um psicólogo. É importante para o desenvolvimento de qualquer criança que ela saiba se socializar com outras pessoas, e a Autora parece estar tendo dificuldade com isso. Talvez porque ela acredite que ter esse amigo imaginário seja o suficiente, mas não podemos deixa-la acreditar nisso. - A diretora escreve um número em um papel. - Aqui, vou te dar o número de uma colega minha de trabalho. Ela é ótima com crianças, vai poder ajudar a sua filha

- Olha, primeiramente minha filha não precisa disso! Essa coisa de psicólogo é para pessoas malucas! A minha filha não é maluca! Segundo eu não tenho dinheiro para isso. - Rosa se levanta da cadeira. - Agora se me der licença, eu tenho muitas coisas para fazer na minha casa antes do meu marido chegar do trabalho. Por favor, não me chamem aqui na escola novamente por causa desse tipo de coisa.

- A senhora está enganada se pensa que psicólogo é para pessoas que sofrem de algum distúrbio mental. Inclusive se todas as pessoas fossem ao psicólogo quando estivessem bem, talvez não existissem tantas pessoas com transtornos psicológicos graves. Porque elas só procuram o médico quando as coisas já estão impossíveis de suportar...

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora