Sem ter para onde ir, ou a quem pedir ajuda, Rosa entrou naquela igreja. Discretamente se sentou no fundo, onde haviam algumas cadeiras vazias. As pessoas presentes preferiam ficar em pé na frente, pois lá estavam mais próximas do altar, logo, em suas mentes, mais próximas de Deus também.
Rosa desejou apenas não ser vista por ninguém, imaginando que se isso acontecesse seria expulsa dali também.
O pastor falava alto no microfone. Seus gritos de louvor eram tão fortes que faziam o corpo de Rosa estremecer no acento. Ela não sabia se era por conta da força das palavras carregadas de emoção do pastor ou da caixa de som logo atrás dela.
Rosa não estava ali para ouvir os louvores, ou até mesmos os casos de milagres que o pastor contava. Ela estava ali porque o som era alto demais, tão alto que não conseguia ouvir nem os próprios pensamentos. Era isso que Rosa queria: não ouvir os pensamentos.
O tempo passou e todos foram embora, mas Rosa não reparou e continuou sentada ali cabisbaixa. Implorando por um milagre. Se arrependendo da decisão que havia tomado ao se permitir levar pelas palavras de Marcelo. Ficou se martirizando e chorando em silêncio.
- Minha filha, porque está chorando? - Uma senhora se senta ao lado de Rosa e toca em suas costas.
Rosa levanta sua cabeça surpresa e encara a senhora ao seu lado, que a olhava com pena.
- Me desculpe, eu já estava de saída... - Rosa se levanta e pega sua mala.
- Para onde vai com essa mala?
- Eu ainda não sei... - Rosa começa a chorar novamente.
- Oh querida, sente-se aqui, por favor. - A senhora guia Rosa para se sentar novamente. - Quer um copo de água?
- Sim, obrigada...
- Eu já volto, não saia daqui.
- Tá bom...
A senhora, que Rosa ainda não sabia o nome, sai de perto dela. Rosa abraça sua mala ao corpo, tentando amenizar a angústia e o desespero que haviam em seu peito. Seu olhos correm em direção ao altar e vê a senhora conversando com um homem. Era o pastor.
Ambos vem até onde Rosa estava, e o pastor se abaixa na frente dela e segura sua mão. Seu olhar era de compaixão e aquilo chamou a atenção de Rosa.
- Qual o seu nome? - O pastor pergunta.
- Rosa.
- É um prazer te conhecer, Rosa. Meu nome é Matias, e essa é a minha ajudante, Tereza. Me conte o que aconteceu com você.
- Eu sou uma pessoa horrível... Eu deveria morrer...
- Não diga isso. Você tem algum lugar para dormir essa noite?
- Não...
- Fique na minha casa então, eu insisto. Uma cama macia e um prato de comida farão você se sentir melhor. Não precisa me dizer o que houve com você, mas não me perdoaria se você saísse dessa igreja na condição em que está, sem que eu soubesse que iria para um lugar seguro.
- Eu não posso aceitar...
- Sim, você pode. - Matias se levanta e ergue sua mão para Rosa. - Venha.
Rosa sente um pouco de insegurança enquanto olhava para a mão de Matias na frente de seu rosto. Ela deveria ficar na rua mesmo. Merecia esse destino já que era uma vagabunda, como Sandra disse. Mas no fundo ela não queria que isso acontecesse, então aceitou a oferta do pastor.
Já na casa de Matias, Rosa tomou um banho e se sentou para jantar com ele. Sua casa era pequena, porém organizada e confortável. A sala e a cozinha era no mesmo cômodo. Enquanto os dois quartos que havia nela ficavam no corredor, que também levava para um único banheiro.
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Demônio Da Guarda
Fantastik{AUTORAL - PLÁGIO É CRIME!} Livro de total autoria! É especialmente proíbido copia e/ou adaptação da mesma! Qualquer coisa encontrada referente a este livro FORA do Perfil: @SkyllineBlack, será levado diretamente a JUSTIÇA! {ATENÇÃO} Este livro é de...