ᵖ ᵃ ʳ ᵗ ᵉ ²

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Muito tempo se passou desde que Lilith começou os seus experimentos com Eliel. O corpo do Anjo já estava tomado de cicatrizes profundas e marcas. Os feitiços da Princesa de Sheol eram tão poderosos que a pele de Eliel não eram capazes de cicatrizar as feridas geradas por eles a ponto de faze-las desaparecerem completamente. Ele continuava não se importando com o que estava acontecendo, pois aquilo nem se comparava com o ferimento em seu coração causado pela morte de Aurora.

Certo dia, Eliel estava sozinho quando escutou algo rastejando pelo chão. O Anjo abre seus olhos e ergue sua cabeça, olhando diretamente para uma serpente negra de olhos vermelhos que avistou logo abaixo.

Lúcifer, em sua forma de serpente, estava maior do que o normal. Ele abre sua boca e lentamente põe para fora um corpo que estava dentro de si. Eliel puxa suas correntes, que ecoam por todo o lugar, ao reconhecer de quem era aquele corpo que Lúcifer expeliu de sua barriga.

- AURORA! - Eliel grita.

O corpo da jovem brilha fortemente e Eliel é obrigado a espremer seus olhos. Quando a luz se esvai, só o que o Anjo vê é a alma de Aurora rodeada por sua aura colorida. Seu corpo físico havia desaparecido completamente, como se quer tivesse existido.

O Anjo repara que a aura dela ainda estava do mesmo jeito quando ele a viu antes de sair da montanha. Vê-la assim dava uma falsa impressão de que ela não parecia estar morta de verdade, apenas adormecida.

- Aurora... - Eliel puxa seus braços e encara Lúcifer. - O QUE VOCÊ QUER??!

A serpente encara Eliel por alguns segundos, depois se vira e rasteja para fora dali abandonando a alma de Aurora para trás. O Anjo se debate nas correntes tentando novamente se livrar delas, mas não consegue. Só o que ele desejava era ter Aurora em seus braços uma última vez.

Ele sentia a ira o consumir por dentro. Ódio. Angústia. Confusão. Tudo isso e muito mais, mas a única coisa que ele não sentia era culpa. O único culpado por isso estava se escondendo em Nibiru. Então como Lilith havia dito, se alguém tem que pagar por alguma coisa, esse alguém só pode ser Deus.

•••

Eliel havia perdido completamente a noção dos dias enquanto estava em Sheol. Só o que ele sabia era que já havia passado um bom tempo desde a visita misteriosa de Lúcifer. Nesse meio tempo, Lilith fez mais testes com ele, mas ainda sem resultados.

A Princesa já estava se sentindo frustrada por não encontrar respostas, mas ainda não estava disposta a desistir. Eliel não se importava com o que ela estava fazendo, pois seus olhos estavam o tempo todo na alma de Aurora. Não sabia o porquê Lúcifer havia a trago até ali e porque Lilith não se importou, mas desde que ele passou a vê-la tudo se tornou suportável.

Quando Lilith vai embora de seu covil, Lúcifer visita Eliel outra vez. A serpente rodeia ao redor de seu próprio corpo, fazendo um circulo, e pousa sua cabeça em uma parte dele, encarando Eliel de longe.

Quando Eliel ergue sua cabeça lentamente, Lúcifer repara que havia um estranho sorriso convencido no canto dos lábios do Anjo. Isso o intriga profundamente, obrigando-o a perguntar o motivo daquele sorriso. Ninguém sorria em Sheol, aquele lugar foi feito para chorar e lamentar apenas, mas não era o que estava acontecendo com Eliel.

- Porque está sorrindo? - Lúcifer fala na mente de Eliel.

- Ele também te enganou, não foi?! É por isso que está aqui... - Eliel responde sorrindo de canto. - Enganou todos nós...

- Acha isso engraçado?

- Não... - Eliel abaixa a cabeça. - É que... Agora eu entendo porque me tornei um Anjo da Guarda...

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora