Demônio Da Guarda

ᵖ ᵃ ʳ ᵗ ᵉ ⁵

Horas depois...

Ainda era madrugada quando Aurora despertou de seu sono sem nenhum motivo aparente. Ela ainda estava escondida debaixo de sua coberta. Estranhamente ali estava mais confortável que o normal, até porque na maior parte do ano as noites em sua cidade costumavam ser bastante frias. Porém, essa noite sua coberta finalmente estava conseguindo a manter aquecida debaixo dela.

A menina sente um certo peso em cima de si, então ela descobre apenas sua cabeça bem devagar. Aurora logo percebe que uma das asas de Eliel estava a cobrindo totalmente. Provavelmente o real motivo dela estar tão confortável e aquecida ali.

Quando Aurora olha para o lado se depara com Eliel. Seus olhos estavam fechados, parecia estar dormir profundamente. Sua cabeça estava apoiada em seus braços na cama, enquanto ele permanecia sentado no chão. Talvez não fosse uma postura muito confortável para dormir, mas aparentemente ele parecia estar ali daquele jeito a bastante tempo.

Aurora se vira na cama em direção a ele bem devagar, não queria acorda-lo. A asa de Eliel que estava em cima dela se mexe um pouco e ela paralisa no lugar. Quando percebe que ele permaneceu com os olhos fechados, ela solta a respiração e relaxa seu corpo. Provavelmente foi apenas um reflexo dele.

Aurora finalmente consegue se virar totalmente e admirar o rosto de Eliel sem que ele estivesse a olhando. Ela o observava enquanto ele estava bem ali imóvel, completamente indefeso. Ela se sentia mal pelo que aconteceu na sessão com a Dra. Cecília. Aurora sabia que Eliel queria apenas o melhor para ela, e ser verdadeiro e leal, como ele havia sido, era uma prova disso.

Aurora move sua mão até o rosto de Eliel e o toca. Seus dedos recuam por um instante quando ela percebe que realmente consegui toca-lo. Sua mão desliza pela bochecha dele lentamente, enquanto acariciava o rosto do seu Anjo da Guarda. Ela sorri quando percebe que ele era mesmo real, podia sentir claramente o calor da pele dele em seus dedos.

Eliel deita sua cabeça para o lado em que estava a mão de Aurora, apreciando as carícias da menina. Ele deixa um discreto sorriso escapar no canto de seus lábios, mas permanece com os olhos fechados.

- Eu te acordei? - Aurora pergunta sussurrando.

- Não... - Eliel abre seus olhos lentamente. - Eu não durmo.

- Não dorme?! - Aurora diz surpresa.

- Não. Se eu dormir, quem é que vai te guardar a noite?

- É verdade... - Ela da um curto sorriso com os lábios. - Então o que está fazendo?

- Meditando.

- Sobre o que?

- Sobre o que eu fiz ontem... Se foi mesmo a atitude correta a se fazer... Sei que ficou triste com o que eu fiz... Não quero que isso se repita.

- Eu fiquei... Mas você tinha razão, a Dra. Cecília mentiu para mim... Então eu não estou mais triste.

- Eu só pensei que você gostaria de saber a verdade.

- No fundo eu queria... Mas eu tenho medo do que a verdade pode revelar... Então eu fujo dela e me escondo as vezes... Mas obrigada por ter feito aquilo. Você apenas me disse a verdade, não merece um castigo por isso...

- Eu já fui castigado quando te vi triste. Não estou aqui para te deixar assim... - Eliel toca na mão de Aurora que ainda estava em seu rosto e fecha seus olhos. - Quero te libertar do que te prende a esse mundo, para que você posso viver no seu próprio mundo... - Eliel abre seus olhos novamente. - Mas desde que você voltou a me ver, algumas coisas ficaram confusas...

- Nossa... - Aurora sorri. - Se meu Anjo da Guarda está confuso sobre a vida, imagina eu que não sei nem metade das coisas que você deve saber...

- Eu posso te contar tudo se quiser.

- Eu não sei... Vamos devagar com isso... Eu ainda estou digerindo se você é mesmo real ou não...

- Os efeitos dos seus remédios já acabaram.

- É... Eu sei...

- Sabe porque é tão difícil de acreditar que eu exista? Porque eu sou uma prova do que é realmente real. Real não é o mundo que você pode ver, e sim o mundo que você não pode ver. Nossos olhos, ouvidos e palavras podem nos enganar, mas o que você sente nunca fará isso. A verdadeira realidade é a que te faz sentir alguma coisa, e não quando você vê, escuta ou fala algo.

- Faz sentido...

- Você pode sentir isso, não pode? - Eliel pega a mão de Aurora e a aproxima de seus lábios. - Consegue sentir o calor da minha respiração na sua mão sempre que eu falo?

- Sim...

- Agora feche seus olhos.

Aurora faz o que Eliel pede. Em seguida ele assopra de leve a mão dela, fazendo-a se arrepiar inteira.

- Sentiu isso?

- Senti...

- Agora toque o meu rosto.

Aurora desliza seus dedos pelos lábios de Eliel, e não consegue conter um sorriso tímido.

- Sentiu isso também, não foi?

- Aham... - Aurora responde sorrindo ainda com os olhos fechados.

- Viu? Mesmo que você não veja, não ouça nada, nem fale, ainda pode sentir. Essa é a verdadeira realidade, Aurora. E as pessoas sofrem tanto apenas porque ignoram ela.

Aurora sorri, mas ao mesmo tempo podia sentia seu rosto esquentar.

- Você está bem?

- Estou! - Aurora abre seus olhos e fica séria.

- A sua aura ficou rosa...

- Para de olhar pra minha aura! - Aurora tampa os olhos de Eliel com sua outra mão, se sentindo completamente envergonhada.

- O que foi?! - Eliel sorri e beija a mão de Aurora que ainda estava próxima aos seus lábios, depois a solta. A menina esconde sua mão debaixo da coberta que Eliel havia deixado um beijo. Ela sente seu rosto corar ainda mais depois do que ele havia feito.

- Porque isso é constrangedor... Pra mim!

- Eu mentiria se eu dissesse que não vou mais ver sua aura. - Eliel deita sua cabeça novamente em cima de seus braços, enquanto Aurora continua a tapar seus olhos. - Mas meus olhos estão sempre enxergando o mundo astral, então não tem nada que eu posso fazer para mudar isso.

- Tudo bem... Então... Não me diga a cor que minha aura está... Eu sei o que estou sentindo... E saber que você também sabe sem eu ter que dizer nada me deixa constrangida... - Aurora tira sua mão dos olhos de Eliel e ele os abre, sorrindo assim que olha para ela.

- Tudo bem, não vou mais dizer. Mas ainda vou perguntar se você está bem.

- Tá... - Aurora fecha os olhos. - Vou voltar a dormir...

- Boa noite, Aurora. - Eliel ajeita sua asa em cima da menina.

- Boa noite, Eliel... - Ela o responde com um sorriso bobo nos lábios.

ᘛ ••• ᘚ

ɢᴏsᴛᴏᴜ ᴅᴏ ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ? ᴇɴᴛᴀ̃ᴏ ɴᴀ̃ᴏ sᴇ ᴇsǫᴜᴇᴄ̧ᴀ ᴅᴇ ᴠᴏᴛᴀʀ, ᴇ sᴇ ᴘᴏssɪ́ᴠᴇʟ ᴄᴏᴍᴇɴᴛᴀʀ!