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- Não! Senhora Sandra! Não diga isso! Por favor!

- SAI DA MINHA CASA!!! – Sandra arranca seus óculos do rosto e os joga na parede. Ela se levanta do sofá e empurra Rosa para longe de si, que fica sentada no chão encolhida olhando para ela em prantos. – VOCÊ É UMA VAGABUNDA TRAIDORA!!! DEPOIS DE TUDO O QUE EU FIZ POR VOCÊ!!! EU TE DEI UM TETO!!! EU TE DEI COMIDA!!! EU TE ACOLHI COMO SE FOSSE A MINHA PRÓPRIA FILHA!!! E É ASSIM QUE VOCÊ ME AGRADECE, SUA PROSTITUTA??!! VOCÊ É UMA MALDIÇÃO!!! EU SABIA DESDE O COMEÇO QUANDO VOCÊ ENTROU POR AQUELA PORTA!!! – Sandra aponta para a porta da sua casa. – EU SABIA QUE VOCÊ VEIO PARA DESTRUIR A MINHA FAMÍLIA E NOS CAUSAR SOFRIMENTO!!! VOCÊ QUER ROUBAR A MINHA CASA!!! QUER ROUBAR O MEU DINHEIRO!!! AGORA O MEU MARIDO!!!

- Não, não, não, não... – Rosa não conseguia falar, seu choro era tão intenso que ela soluçava sem parar a deixando completamente sem voz. As palavras de sua patroa atingiam diretamente seu coração como facadas. Todos aqueles turbilhões de sentimentos a soterravam como uma avalanche. Ela se sentia cada vez mais pequena e vulnerável.

Logo atrás dela estava Eliel ajoelhado no chão, segurando fortemente o cordão umbilical, que ligava Rosa ao seu bebê, com suas duas mãos. Ele nunca imaginou que teria de fazer isso, mas se ele não fizesse, seria o fim para a Aurora e para ele. Suas mãos sangravam, como se as facadas que rasgavam o coração de Rosa, rasgassem também sua carne. Eliel era forte, e não iria permitir que qualquer um daqueles sentimentos desagradáveis chegassem até Aurora.

Ele já estava farto disso tudo, principalmente das coisas que Rosa estava passando. Mas ele nada podia fazer enquanto a isso, pois sua obrigação ali era somente com Aurora. Rosa não tinha Anjo da Guarda, mas ele não sabia o porquê. Talvez a fé dela em Deus não era forte o suficiente, ou por algum outro motivo.

- VOCÊ NÃO PRESTA!!! AGORA TUDO FAZ SENTIDO!!! VOCÊ ME ENVENENOU DURANTE TODO ESSE TEMPO PARA QUE EU NÃO CONSEGUISSE TER FILHOS!!!

Eliel lutava contra os sentimentos fortes de Rosa. Cada vez mais os absorvia para si. Ele estava usando toda a sua força e energia em um simples ato de segurar o cordão umbilical para que ele não ficasse completamente vermelho. Ele sabia que Sandra não iria se calar, e que Rosa não conseguiria sair daquela situação. Alguma coisa ele tinha que fazer, pois não tinha certeza quando tempo mais conseguiria resistir ali.

- E AGORA QUE EU ESTOU VELHA VOCÊ ENGRAVIDA DO MEU MARIDO DE PROPÓSITO PARA ROUBAR TUDO DE MIM!!! VOCÊ É UMA DESGRAÇA!!! EU AMALDIÇOO O SEU BEBÊ!!! – Eliel olha furioso para o rosto de Sandra. - EU ESPERO QUE ELE MOR... – O Anjo bate sua asa direita, e suas penas gigantes passam na frente do corpo de Sandra, causando uma cortina de vento tão forte no mundo astral que empurra a alma da mulher para fora de seu corpo físico.

Enquanto sua alma era arremessada para longe, os olhos de Sandra e de Eliel se cruzam no mundo astral por um breve momento, antes dela perder a consciência de vez. Quando isso acontece, seu corpo físico desaba no chão inconsciente. Calando a boca da mulher de uma vez por todas.

Os sentimentos de Rosa se esvaem e são substituídos por preocupação ao ver sua patroa desmaiada. Eliel finalmente consegue aliviar suas mãos do aperto quando isso acontece. Ele olha para elas e as vê em carne viva pela primeira vez. O Anjo respirava ofegante, tentando controlar e digerir aquelas emoções quem nem eram dele. Seus olhos fitavam a bolinha reluzente, que pairava calmamente no mundo astral. Mal ela sabia o mundo cruel que a aguardava.

Passaram-se longos minutos e depois de muito esforço, Rosa finalmente conseguiu colocar sua patroa deitada em cima do sofá. Ela correu até o telefone e ligou para Marcelo, pedindo para que, seja lá onde ele estiver, voltasse para casa o mais rápido possível pois sua esposa não estava bem. Como um bom marido, Marcelo retornou para casa imediatamente.

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora