ᶜ ᵃ ᵖ ᶦ́ ᵗ ᵘ ˡ ᵒ ᶦˣ ・ ᵃ ᵇ ᶦ ˢ ᵐ ᵒ ˢ ᵒ ᵐ ᵇ ʳ ᶦ ᵒ

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Um ano depois...

Meses se passaram desde o infeliz encontro de Rosa e Dra. Cecília na escola de Aurora. A menina havia sido transferida para outra escola depois do ocorrido e nunca mais viu sua professora Mirela. Apesar disso, as coisas pareciam estar dando certo agora para ela e sua mãe.

Aurora estava crescendo e precisava de roupas novas, e como Matias não estava nem um pouco disposto a gastar seu dinheiro com isso, Rosa se viu sem saída a não ser trabalhar novamente. Depois de muitas brigas e discussões, Rosa finalmente conseguiu convencer Matias de deixa-la trabalhar de novo.

Rosa não tinha estudos o suficiente para conseguir um emprego digno, então o máximo que conseguiu arranjar foi um trabalho como garçonete em um restaurante no centro de Belo Horizonte. Ganhava um salário mínimo por mês, trabalhando de segunda à sábado. Quando voltava para casa já era bem tarde, e ainda tinha que fazer a janta para a sua filha e seu marido.

Certo dia, Rosa e Aurora haviam ido até o centro da cidade para comprar roupas novas. Enquanto caminhavam pelo passeio, Aurora vê algo em uma vitrine que chama sua atenção fazendo-a parar para olhar. Rosa olha para trás para ver porque sua filha havia parado de repente.

- O que você está olhando? - Rosa pergunta.

- Mamãe, olha o tamanho desses balões! - Aurora aponta para a vitrine. - Posso ter esses balões na minha festa de aniversário de sete anos?

- Que festa de aniversário?! Como eu vou fazer festa se você nem tem amigos?!

- Mas da pra fazer festa só pra mim!

- Não vou gastar dinheiro com uma festa inteira só para você! Eu já te disse, faça amigos que você ganha uma festa. Senão será como todos os outros anos, eu vou fazer seu bolo preferido de cenoura com cobertura de chocolate e só.

- Deixa pra lá! Não quero fazer amigos.

- Então vamos logo! Precisamos achar uma calça para você e uma para mim ainda.

- Tá.

Rosa finalmente encontrou uma loja com um preço melhor, e procurou por uma calça para a sua filha primeiro. Quando encontrou, passou a procurar uma para ela também.

Aurora se aproxima de sua mãe com algo em suas mãos. Rosa olha para aquilo e reconhece na mesma hora que se tratava de um bichinho de pelúcia.

- Mamãe! Compra pra mim!

- Quanto custa isso? - Rosa olha o preço na etiqueta e se surpreende. - Quarenta reais?! Que absurdo! É o preço da minha calça! Deixa isso lá, não dá para comprar isso agora.

- Mas é o último! Não vai ter mais!

- Claro que vai, a gente acha isso em qualquer lugar.

- Me da de aniversário de sete anos! Por favor!!!

- Já disse que não, Aurora. Me obedeça, por favor!

- Mas mamãe... - Aurora diz com lágrimas nos olhos.

- Não, Aurora!

- Tá...

No caixa, enquanto pagava as roupas, Rosa olha para baixo e vê Aurora olhando para a bichinho de pelúcia ao longe. Ela parecia estar realmente chateada por ter de deixar o brinquedo.

Rosa tenta ignorar, pois precisava de uma calça nova, mas agora ela tinha um pouco mais de condições financeiras para dar a sua filha o que os seus pais não puderam dar a ela. Porém, isso exigiria um pouco de sacrifício, que talvez Rosa pudesse fazer de vez em quando.

- Eu já volto, só um minuto. - Rosa fala com a atendente do caixa. - Me espere aqui. - Ela fala com Aurora.

Rosa caminha até onde estava o bicho de pelúcia que Aurora havia visto e a pega, abandonando a calça que iria comprar pra si mesma no lugar. A mulher volta até o caixa e compra o brinquedo e uma calça para Aurora, sem que ela tivesse visto.

Ao sair da loja, Rosa tira o bichinho de pelúcia de dentro da sacola e entrega para Aurora, que abre um sorriso encantador ao ver o brinquedo.

- Mas e a sua calça, mamãe? - Ela diz antes de pegar o bichinho.

- Depois eu compro, eu não estou precisando tanto assim. - Rosa diz sorrindo gentilmente.

- Obrigada!!! - Aurora pega a o bichinho de pelúcia e abraça sua mãe. - Você é a melhor mãe do mundo!!!

- De nada. - Rosa responde sentindo seus olhos lacrimejarem. - Se eu encontrar isso jogado pela casa você vai ficar de castigo, já avisando.

- Não vou deixar, eu prometo! - Ela diz abraçando o bichinho. - Ela vai ficar só comigo para me proteger, igual as Guardiãs do Paraíso!

- Guardiãs do Paraíso?

- São as baleias que cuidam da Terra! Elas são iguais a essa aqui! - Aurora mostra o bichinho de pelúcia, que na verdade era uma baleia de pelúcia.

- Sei... - Rosa ignora a filha pensando ser apenas a imaginação fértil de uma criança inocente.

Uma semana depois...

Rosa estava tão esgotada depois do trabalho que havia cochilado no ponto de ônibus. Ela desperta quando houve o arranco de um motor se distanciando. Quando ela olha em volta vê que o ônibus que deveria ter pego, havia acabado de partir. Rosa se levanta assustada olhando em volta, mas estava completamente sozinha na rua.

- Que saco! Oh senhor! - Ela diz frustrada passando a mão no rosto.

Sua frustração era compreensível, já passava das 22 horas, e o próximo ônibus só seria às 00h30. A essa hora o mais seguro seria pegar um táxi, mas infelizmente Rosa não tinha dinheiro para isso pois seu patrão dava aos funcionários um cartão de passagem próprio para ônibus.

Um homem estranho se aproxima de onde Rosa estava sentada sozinha. Ele se senta ao lado dela no ponto de ônibus, parecia inquieto com alguma coisa. Olhava para os lados sem parar e mexia em suas roupas esfarrapadas e sujas. Ele devia ser um dos vários viciados que viviam perambulando pelo centro da cidade durante a noite.

- Moça, você tem um trocado para me dar? - O homem pede.

- Não tenho, desculpe. - Rosa responde sem olha-lo.

- Por favor, moça! Eu preciso comprar alguma coisas pra comer!

- Não tenho dinheiro, só o que eu tenho é o cartão do ônibus. Queria mesmo poder te ajudar... - Rosa mostra o cartão para o homem.

- Então deixa eu ver a sua bolsa... - O homem estica a mão até a bolsa de Rosa.

- Não! - Rosa se levanta de onde estava sentada.

- Você está mentindo! Se não tivesse dinheiro na sua bolsa você iria me deixar ver! - O homem avança até ela. - Me da a sua bolsa!

- Não! - Rosa puxa a bolsa de volta. - SOCORRO!!!

- Cala a boca! - O homem tira algo pontiagudo das roupas e enfia na barriga de Rosa. - Me da logo isso!

Rosa solta a bolsa e cambaleia para trás até cair com as mãos levadas a barriga. Lágrimas saem de seus olhos por conta da dor que estava sentindo. O homem revira sua bolsa e realmente não encontra nada, então ele abandona as coisas de Rosa espalhadas pelo chão da rua e sai correndo dali.

ᘛ ••• ᘚ

ɢᴏsᴛᴏᴜ ᴅᴏ ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ? ᴇɴᴛᴀ̃ᴏ ɴᴀ̃ᴏ sᴇ ᴇsǫᴜᴇᴄ̧ᴀ ᴅᴇ ᴠᴏᴛᴀʀ, ᴇ sᴇ ᴘᴏssɪ́ᴠᴇʟ ᴄᴏᴍᴇɴᴛᴀʀ!

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora