ᵖ ᵃ ʳ ᵗ ᵉ ³

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Uma semana depois...

O tão aguardado dia havia finalmente chegado, e Aurora estava muito mais do que ansiosa. Ela estava no carro da Sra. Mirela a caminho do endereço de Marcelo.

- Eu acho que é melhor a gente deixar isso pra lá... - Aurora fala enquanto apertava suas mãos geladas e suadas.

- Estamos quase chegando, não diga isso. - Mirela tenta acalma-la. - Vai ficar tudo bem.

- E se ele não quiser ser incomodado? E se ele me mandar embora quando eu chegar lá?

- Nós não vamos incomodar ele, e ele não vai te mandar embora. Não pense esse tipo de coisa.

- Tá...

- Pronto, chegamos.

- Eu não quero descer.

- Se acalme, não vai acontecer nada demais. - Mirela segura na mão de Aurora. - Você não está sozinha, não tem que se preocupar. Se você não conseguir falar com ele, eu mesma falo.

- Ta... Tudo bem...

As duas descem do carro e batem no portão da casa novamente. Elas escutam passos e o portão finalmente se abre. Aurora encara o homem que aparece e ele a encara de volta. Ela tenta ao máximo conter um sorriso quando repara que aquele homem tinha oe mesmos olhos que ela.

- Posso ajudar? - O homem pergunta.

Aurora abre a boca, mas não sai nenhuma palavra. Ela estava tão nervosa que não sabia o que dizer. Marcelo não tirava os olhos dela, ele a olhava com os olhos cerrados como se a conhecesse.

- Eu te conheço? - Marcelo pergunta apontando para Aurora.

- Marcelo Pereira? - Mirela pergunta quando percebe que Aurora estava nervosa demais para falar.

- Sou eu sim.

- Muito prazer, meu nome é Mirela e essa é a Aurora.

- Ahh, vocês são as pessoas que vieram aqui semana passada, não é? Meu vizinho me falou que vocês talvez poderiam aparecer hoje.

- Sim, somos nós.

- E então?

- Ela queria te conhecer. - Mirela aponta para Aurora que estava extremamente envergonha com a situação.

- Ah, já entendi... - Marcelo sorri sem jeito. - Eu não sei o que a sua mãe te disse, Aurora, mas eu não sou o seu pai.

- Não é pai dela?! - Mirela fala surpresa. - Os olhos dela são idênticos aos seus!

- Isso não prova nada. - Marcelo fala com Mirela. - A sua mãe disse que abortou o meu filho, então seja lá com quem ela tenha ficado depois de mim, ele sim é o seu pai. Se não me engano é um tal de Martins...

- Matias. - Aurora o corrige, seu sorriso animado havia desaparecido completamente.

- Isso, Matias! Ela ainda está casada com ele?

- Ela morreu! - Aurora sai andando dali, voltando para o carro da Sra. Mirela.

- Eu não sabia... - Marcelo fala surpreso olhando para Mirela.

- Faz muito tempo, ela tinha sete anos.

- Sete?! Mas porque ela veio me procurar só agora?

- Olha, eu não sei o que a mãe dela te disse, mas a Aurora tem certeza absoluta que o Matias não é o pai dela. Até porque foi ele mesmo quem passou o seu nome para ela.

- Acho que isso tudo é um mal entendido, porque a Rosa disse que abortou o meu filho.

- Já pensou na possibilidade dela ter mentido?

- Não entendo o porquê. Eu ofereci tudo para ela, iria assumir a criança, iria dar uma casa para ela! Eu a amava e ela sabia disso!

- Que situação... - Mirela coça a cabeça. - Então você simplesmente deixou pra lá?

- Eu estava com uma viagem marcada para outro país por causa do trabalho, eu não tive muita escolha. Apenas segui em frente com a minha vida depois que ela me rejeitou.

- Mas e se ela for mesmo a sua filha?

- Ela não é... - Marcelo sorri sem jeito, estava realmente convencido de que o que Rosa havia dito para ele era verdade.

- E se for?

- Se ela for... - Marcelo pensa sobre a possibilidade e fica sério. - Eu não sei... Eu tenho que pensar... Desculpe, qual o seu nome mesmo?

- Mirela.

- Então Mirela, pra começar eu não moro mais no Brasil. Eu tenho uma família na Itália, e moro lá com eles. Só vim pra cá porque tenho sócios aqui.

- Entendi.

- A minha esposa ela não sabe sobre a Aurora, caso ela seja mesmo a minha filha. Então como você acha que ela vai reagir quando eu contar a ela que tenho uma filha de dezessete anos aqui no Brasil? Nem eu mesmo sabia que tinha uma, porque a mãe dela me fez acreditar que ela não era a minha filha.

- Eu entendo perfeitamente a sua situação, mas porque não fazem um teste de paternidade apenas para tirar essa dúvida de uma vez por todas?

- Sinceramente? Eu não quero ter que mentir para a minha esposa, prefiro continuar vivendo na dúvida de não saber a verdade.

- É sério?! - Mirela fala surpresa.

- Sim. Ela viveu até hoje sem mim, já deve estar quase com dezoito anos. Ela não precisa de mim agora.

- Você não faz ideia do que aquela menina precisa!

- É revoltante, eu sei! Eu também senti isso depois do que a mãe dela me disse! Mas eu não vou acabar com outro casamento por causa de uma pessoa que nem está mais entre nós! A Aurora vai ficar bem, logo ela faz dezoito e segue com a vida dela, nem vai lembrar que eu existo!

- E enquanto aos direitos que ela tem por ser sua filha? Você teria que pagar pensão pra ela!

- Ah, então foi para isso que vocês vieram aqui?! Para me extorquir dinheiro?!

- O que?! Claro que não!

- Vocês querem dinheiro?! Tudo bem, eu dou dinheiro a vocês, mas eu não vou fazer teste nenhum!

- Quer saber?! Esquece que estivemos aqui! Por um instante eu até tive esperanças de que você era alguém descente, porque aquela menina merece alguém assim na vida dela depois de tudo o que já passou, mas a Fabíola estava certa, você não é. Desculpe incomoda-lo. - Mirela fala seriamente dando de ombros. - Boa tarde.

- Quem é Fabíola?! Espera! Mirela?! - Marcelo a chama, mas a professora o ignora.

A mulher volta para o seu carro rapidamente, batendo com a porta e olhando para frente com raiva. Aurora estava chorando dentro do carro, ela limpa suas lágrimas e olha para Mirela.

- O que ele disse?

- Ele é mesmo o seu pai, Aurora. Mas você não precisa dele... - Mirela fala ligando o carro e engatando o marcha. - Não precisa de ninguém.

ᘛ ••• ᘚ

ɢᴏsᴛᴏᴜ ᴅᴏ ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ? ᴇɴᴛᴀ̃ᴏ ɴᴀ̃ᴏ sᴇ ᴇsǫᴜᴇᴄ̧ᴀ ᴅᴇ ᴠᴏᴛᴀʀ, ᴇ sᴇ ᴘᴏssɪ́ᴠᴇʟ ᴄᴏᴍᴇɴᴛᴀʀ!

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora