ᵖ ᵃ ʳ ᵗ ᵉ ²

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Dia seguinte...

Na escola, Aurora estava assistindo sua aula preferida de ciências. Sempre que o professor perguntava algo para a turma, ela levantava a mão para responder. Na maioria das vezes ela acertava, e isso parecia incomodar alguns colegas de classe.

Por ser muito inteligente, Aurora passou a ter a fama de nerd da sala, o que gerou alguns apelidos desagradáveis. Durante as aulas não era tanto um problema, porém o verdadeiro inferno começava quando o sinal do recreio soava. Quando Aurora colocava os pés para fora da sala, um garoto sempre a perseguia pela escola, dizendo coisas apenas para perturba-la.

- E ai, Albert Einstein! - Ele fala.

- Ele não tem nada a ver comigo! - Aurora responde com raiva.

- Tem sim! A única diferença é que você é negra e ele é branco! - O garoto parece pensar por um momento. - Então você vai ser a negra Einstein! Melhorou?!

- Me deixa em paz, Diego! - Aurora tenta ignorar o garoto a todo custo enquanto continuava a andar.

- Negra Einstein! Negra Einstein! Negra Einstein! - Diego insiste.

Aurora corre até o banheiro feminino, onde o garoto não podia entrar, e se tranca em um deles chorando. Ela tentava entender desde de criança porque o mundo era tão cruel. Eliel, que estava sempre ao seu lado, também se perguntava o mesmo.

Qual a razão para as outras crianças serem malvadas com uma garota tão meiga e gentil como Aurora? Eliel se questionava. Eles deveriam admira-la e coloca-la em um pedestal apenas ser tão pura e inocente em um mundo tão decadente como a Terra.

- Você está chorando? - Uma voz feminina soa atrás da porta do banheiro. - Se for por causa do idiota do Diego é só ignorar ele que ele para.

- Não consigo ignorar... - Aurora limpa suas lágrimas. - Ele me perturba porque sou mais inteligente do que o resto da minha turma, então ele tem razão em tudo o que diz... Eu queria ser burra! Assim ele me deixaria em paz!

- Que ideia estúpida! Não diga isso! - A garota repreende Aurora. - Sai dai, você não pode ficar trancada o recreio inteiro por causa daquele garoto.

- Posso sim... E eu vou... Ele deve estar lá fora me esperando... Eu só queria que ele me deixasse em paz... É pedir muito?! Que saco!

- Você já falou com a coordenadora da escola?

- Já... Mas ela sempre diz que ele só está brincando... E sempre debocha dizendo que quando um garoto mexe com você, é porque na verdade ele gosta de você... Só que isso não faz nenhum sentido!

- Quando eu entrei na escola ele também ficou me enchendo o saco, agora ele não faz mais isso...

- E o que você fez para ele parar?

- Sai logo dai que eu te conto.

Aurora limpa suas lágrimas que insistiam em cair e finalmente sai de dentro do banheiro. Ela se depara com uma garota muito bonita da mesma altura que ela. Os olhos da menina eram azuis e seus cabelos cor de mel.

- Oi, eu sou a Melissa. - A garota diz.

- Aurora.

- Porque não lava o rosto?

- Tá...

Aurora vai até a pia do banheiro e lava seu rosto com a água fria. Ela se sente um pouco melhor, mas aquilo não disfarçou seus olhos e lábios vermelhos.

- Vamos? - Melissa chama por Aurora ao se aprovar da porta do banheiro feminino.

- E se ele estiver lá fora?

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora