ᶜ ᵃ ᵖ ᶦ́ ᵗ ᵘ ˡ ᵒ ᶦᶦ ・ ʳ ᵒ ˢ ᵃ ⁿ ᵉ ᵍ ʳ ᵃ

543 44 11
                                    

TERRA

Rosa era uma mulher humilde e de família carente. Viveu a vida toda no interior de Minas Gerais até os seus dezesseis anos, quando uma colega de sua mãe a levou para Belo Horizonte, a capital de Minas Gerais, em busca de uma vida mais descente para as duas e para as suas famílias que ficaram no interior.

Ela não era considerada uma mulher alta com seus 1,60 de altura. Sua pele era negra e seus cabelos eram crespos. Seu desejo sempre foi ser alta e ter cabelos longos, iguais as modelos das revistas que ela adorava folear na casa de sua patroa. Sobre a sua altura nada poderia fazer, enquanto aos seus cabelos, achava mais fácil mantê-los bem curtos em um corte masculino.

Rosa trabalhava como empregada doméstica na casa da família Pereira. Sandra Pereira, a patroa de Rosa, e seu marido, Marcelo Pereira, eram sócios um do outro de um empreendimento que construíram juntos no início do casamento. Se tratava de uma empresa que alugava caçambas para algumas firmas de construção.

Muito unidos dentro da empresa, mas nem tanto fora dela. Sempre chegavam do trabalho exaustos e qualquer coisa era motivo de briga entre os dois. Rosa já havia se acostumado, pois trabalhava para eles desde que chegou na cidade, a três anos.

Sandra estava sempre infeliz e mal humorada, vivia tomando remédios para a sua depressão. Quando estava entediada demais para fazer alguma coisa, ela ficava procurando qualquer motivo para reclamar do serviço de Rosa. Que estava cada dia mais impecável graças as reclamações de sua patroa.

Rosa não gostava muito de Sandra por conta disso, mas gostava do seu patrão, Marcelo. Ele sempre foi gentil e educado com ela desde que chegou. Muitas vezes, ele até brigava com sua esposa quando a pegava dando broncas desnecessárias em Rosa.

Aproveitando a folga no fim de semana, Sandra saiu com suas colegas para o cabeleireiro, enquanto Marcelo ficou em casa assistindo ao jogo de futebol do seu time preferido. Já Rosa ficou na lavanderia passando e dobrando os milhares de roupas da família Pereira.

Ela tinha um rádio antigo que carregava para todos os cantos, herança de seu falecido pai. Que por diversas manhãs, sintonizava em sua rádio preferida e ouvia as notícias antes de começar seu dia árduo de trabalho no campo. Ele era um homem bom e deixava uma saudade incurável no coração de Rosa.

Na rádio, tocava a música "Velha Infância" da banda "Tribalistas". Rosa murmurava a canção enquanto balançava seu corpo lentamente de um lado para o outro. Aquele momento de paz e sossego de trabalho enquanto ouvia suas músicas era o que fazia com que Rosa sentisse a verdadeira felicidade. Escondida sutilmente em um simples momento e em sons perfeitamente sincronizados. Sem sofrimento, sem problemas, sem preocupações. Ali sua mente estava vazia, preenchida por uma canção leve e divertida, que deixava seu corpo inquieto e causava emoções em seu peito.

Marcelo se levanta do sofá para pegar outra cerveja na geladeira. A porta da cozinha dava para a lavanderia, onde estava Rosa. Ao passar pela porta, a movimentação da doméstica chama a atenção de seu patrão. Ele vai até lá e para na porta, observando aquele corpo jovem, de um negro reluzente, balançando de um lado para o outro. Os movimentos de Rosa e sua pele escura hipnotizam e seduzem Marcelo, que não resiste em cantarolar a canção junto dela.

- Você é assim... Um sonho pra mim... Quero te encher de beijos... Eu penso em você... Desde o amanhecer... Até quando eu me deito...

Rosa se vira na mesma hora quando a ouve a voz do seu patrão. Seu rosto queima de vergonha e ela aperta a blusa em sua mão. Marcelo tinha os cabelos lisos e era dono de um par de olhos verdes cor avelã. Os olhos que Rosa sempre foi apaixonada. No rosto de seu patrão pousava um sorriso alegre enquanto a encarava.

- Senhor Marcelo! Me desculpe! Eu incomodei o senhor? - Rosa fala desajeitada e corre até o seu rádio. - Vou abaixar o volume, não sabia que estava tão alto...

- Não, tudo bem. - Marcelo segura a mão de Rosa, impedindo que ela tocasse no rádio, que estava bem ao lado da porta em cima da maquina de lavar. - Essa música é muito bonita.

- Sim... - Rosa diz sem jeito.

Ainda estava desconcertada após perceber que estava sendo observada o tempo todo. Sentia que fora pega em um momento intimo, como de alguém que estivesse completamente nu tomando banho.

- Eu gosto de você... E gosto de ficar com você... Meu riso é tão feliz ... O meu melhor amigo é o meu amor... - Marcelo volta a cantar e puxa Rosa para si, com a intenção de dançar com ela.

Rosa nada faz, sente medo de recusar a dança e dar a entender algo errado para o seu patrão. Ele era tão gentil, ela não queria que isso acabasse. Então fazia de tudo para evitar qualquer coisa que o desagradasse.

- O que está fazendo? - Rosa sorri envergonhada.

- Dançando. Nunca dançou com alguém antes?

Rosa nega com a cabeça e olha para baixo. Ela não conseguia olhar diretamente nos olhos claros de Marcelo. Sentia que se olhasse demais iria perder completamente a razão e os sentidos. Ela suspira profundamente, tentando controlar o nervosismo de estar tão perto de um homem. Era a primeira vez dela em um contato tão intimido como esse. Para outros isso não significava nada demais, mas para ela era como se dançasse com o príncipe de seus sonhos.

- Você gosta de mim, Rosa? - Marcelo pergunta.

- Gosto sim, patrão. O senhor e sua esposa são muito bons para mim...

- Não, não foi isso que eu quis dizer.

- Então o que...

- Você gosta de mim como um homem?

Rosa ainda olhava para baixo, e seus olhos se arregalam após ouvir a pergunta de Marcelo. Ela não sabia o que responder, e mesmo que soubesse, não sabia se era a coisa certa compartilhar seus pensamentos e sentimentos que guardava em segredo.

Marcelo move sua mão até o queixo dela e a obriga a olhar diretamente em seus olhos. Rosa tenta se afastar dele, mas os braços do seu patrão estavam perfeitamente encaixados nas curvas de seu corpo. Jamais conseguiria sair de seus braços a menos que ela usasse a força.

- Eu gosto de você, Rosa. Você é uma mulher muito linda. - Ele diz olhando nos olhos dela.

Seu olhar e suas palavras carregadas de afeto seduzem a moça do interior. Ela jamais ouviu algo assim de alguém. E ouvir aquelas palavras vindas diretamente do homem de quem sentia uma admiração profunda, era algo muito especial para ela.

Marcelo a puxa para um beijo, que em seguida se transforma em algo maior. Em poucos minutos os dois estavam nus e trocando carícias entre si na mesa da lavanderia. Ele foi gentil com ela, e Rosa jamais se esqueceria disso.

Os dois amantes não estavam mais sozinhos ali. Havia mais alguém. Os observando em silêncio. Alguém que eles nem imaginavam que poderia se quer existir.

ᘛ ••• ᘚ

ɢᴏsᴛᴏᴜ ᴅᴏ ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ? ᴇɴᴛᴀ̃ᴏ ɴᴀ̃ᴏ sᴇ ᴇsǫᴜᴇᴄ̧ᴀ ᴅᴇ ᴠᴏᴛᴀʀ, ᴇ sᴇ ᴘᴏssɪ́ᴠᴇʟ ᴄᴏᴍᴇɴᴛᴀʀ!

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora