ᵖ ᵃ ʳ ᵗ ᵉ ³

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- A mãe dela é bem difícil de conversar... - A Dra. Cecília comenta e quando não recebe nenhuma resposta, procura pela Srta. Mirela pela sala e a encontra olhando para um papel em sua mão. - Srta. Mirela?

- Sim?

- Você está bem?

- Estou... É só que... - A professora volta seu olhar perdido para a psicóloga. - Descobriu alguma coisa enquanto conversou com a Aurora?

- Ela me disse algo bem profundo, acredito que ela esteja realmente conversando com alguém sem a supervisão dos pais dela. O pouco que conversei com a mãe dela, deduzi que os pais dela não estão influenciando ela em nada, e sim, esse tal amigo chamado Eliel.

- Entendi...

- Não tem que se preocupar tanto. Você trabalha com crianças, sabe bem que nessa fase eles adoram imaginar coisas para se divertir.

- Tem razão.

- Daqui a alguns anos ela vai se esquecer de tudo, e o que aconteceu será apenas um mal entendido. Mas admito que eu adoraria conversar com ela mais vezes... - A Dra. Cecília percebe que a Srta. Mirela estava mais focada em um papel do que nas coisas que falava. - O que está olhando?

- O desenho que a Aurora fez.

- Deixe-me ver. - A Dra. Cecília pega o papel da mão da professora e ajeita seus óculos. - O que é isso?

- Um portal para Sheol.

- Sheol?! - A psicóloga olha para a professora.

- Sim, ela deve ter inventado esse nome...

- Sheol é um nome bíblico para o Inferno.

- O que?!

- E porque você está contornada de azul escuro? - A psicóloga aponta para o papel.

- Ela disse que é a minha aura, e que ela está dessa cor porque estou muito triste.

- Você está triste? - a Dra. Cecília olha para a professora.

- Eu não sou feliz desde que perdi o meu noivo em um acidente de moto a um ano.

- Contou isso a mais alguém?

- Você é a primeira a saber no meu ambiente de trabalho. - A professora diz enquanto encarava a Dra. Cecília.

Horas mais tarde...

Aurora já estava deitada em sua cama pronta para dormir, mas se sentia agitada demais para conseguir pregar os olhos. Ela se vira na cama e olha por todo os seu quarto escuro, procurando por alguém que ela sabia que estava lá.

- Eliel? - Ela o chama baixinho.

- Oi?

- Posso te perguntar uma coisa?

- Chega de perguntas por hoje, você precisa descansar.

- Por favor!

- Aurora...

- É a última!

- Ah, tudo bem... - Eliel se aproxima da cama de Aurora e se abaixa ao lado dela. - O que foi?

- Porque só eu consigo ver você?

- Porque você é muito especial, ao contrário das outras pessoas.

- Mas um especial ruim ou bom?

- É claro que é um especial bom! Porque seria ruim?

- Eu acho que a professora da escola acha isso ruim... - Aurora olha para baixo. - Ela e todo mundo...

Demônio Da GuardaOnde histórias criam vida. Descubra agora