oito

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Isso não deu certo. Sei lá quantos shots nós ja tomamos, só sei que estou bêbada. Fiquei assim apenas uma vez na vida, em uma festa idiota aos dezesseis anos. Prometi que nunca mais iria beber quando minha tia me deu um sermão, e olha onde eu estou.

– Ah qual é! A capitã marvel venceria ele só com o poder de ser uma grande gostosa. – Diz Drew. Já tem quase uma hora que estamos discutindo sobre Marvel vs DC.

– Mas o superman é tipo um deus cara, eu amo a Carol mas ele acabaria com ela!

– O negócio é o seguinte – Interrompe Gus. – Batman acabaria com os dois. Fim.

– Cala a boca! – Eu e Drew falamos ao mesmo tempo. Gus só consegue rir, está a noite inteira assim.

– Tudo bem, tudo bem – Gus se rende saindo de trás do balcão e afrouxando a gravata. – Agora eu vou me encontrar com um gatinho atrás do bar, se comportem, não se matem, e se quiserem beber mais é só pedir. Já volto.

– Não faça nada que eu não faria! – Grito para ele, que olha para trás e me manda dois dedos do meio.

O bar está mais ou menos lotado e ainda são dez horas, não quero nem ver como isso vai ficar depois da meia noite.

Me levanto com um pouco de dificuldade para ir ver meu estado no banheiro. Drew me segue.

– Emilyyyyy! – Ele grita vindo atrás de mim.

– O que foi peste?

– Onde você vai?

– Banheiro.

– Fazer o que?

– Andar de montanha-russa.

– Ignorante pra caraca você hein!

– É só não fazer perguntas estúpidas! – Digo enquanto ando em direção ao banheiro. O All Night é um bar muito bem arrumado. Tem banheiro feminino, masculino e para deficientes. Como aparentemente não tem nenhum no bar hoje, vou nele por causa do espelho maior, mas quando vou abrir a porta uma voz feminina grita "tem gente". É, ou é uma mulher retocando maquiagem porque teve o mesmo pensamento que eu, ou é alguém que realmente precisa.

Me encosto na parede para esperar. Drew se encosta ao meu lado e olho para ele.

– Sabe de uma coisa? – Ele pergunta. Dou um suspiro.

– Não, Drew.

– Eu adoraria mesmo te beijar agora. – Ele diz rindo. Honestamente não faço ideia de quem está mais bêbado, só sei que Gus terá um bom trabalho com nós dois hoje.

– Cala a boca, Drew.

– Não, é sério. Queria mesmo.

– Queria é um verbo no passado.

– Eu quero.

– Por que?

– Por que não? – Antes que eu possa formular uma frase a porta do banheiro se abre. Rá! Estava certa. Uma moça com uma maquiagem mais pesada que um elefante sai de lá de dentro.

Tento ignorar Drew para entrar no banheiro mas ele segura meu punho.

– Ei! – Ele diz antes de me virar e me dar um beijo, me empurrando para dentro do banheiro e trancando a porta atrás de nós dois. Não paro, apenas fico na pontinha do pé e jogo os braços por trás de seu pescoço.

Não sei se é a bebida ou se eu realmente já queria isso a um tempo, mas não reclamo quando ele me pega no colo e me coloca em cima da pia, se encaixando no meio das minhas pernas.

Suas mãos antes na minha cintura, agora uma se encontra em minha coxa, e a outra em meu pescoço. Tento puxá-lo mais para perto com uma de minhas mãos.

Paramos o beijo por falta de ar, ele sorri e me da dois selinhos antes de colar seus lábios nos meus novamente.

Sua mão sobe por debaixo de minha saia e aperta minha bunda, enquanto ele beija meu pescoço. O escuto dando pequenas arfadas e solto alguns gemidos abafados ao seu ouvido. Suas pupilas dilatam em resposta.

– Se você soubesse o quanto eu adoraria rasgar sua roupa agora... – Ele diz baixinho ao meu ouvido.

– E o que te impede? – Pergunto lhe olhando nos olhos.

– Você ficaria surpresa. – Ele fala voltando a me beijar. Suas duas mãos por debaixo de minha vestimenta, sinto um calor percorrer por todo o meu corpo.

Sorrio ao vê-lo tão relaxado de olhos fechados quando beijo seu pescoço.

Quando sinto uma de suas mãos querendo tirar uma parte de minha roupa, seu telefone toca, nos tirando do transe.

– Alô? – Ele atende, suas mãos ainda por debaixo de minha roupa. Tento recuperar o fôlego. – Ah, ok, claro né, já estou indo espera aí.

– É, hum... – Ele diz tirando as mãos de mim e me ajudando a descer na pia. – Era o Gus, ele precisa da minha ajuda em uma coisinha e...

– Tudo bem – Interrompo meia sem graça. – Vai lá.

– Ok, é, isso... – Ele aponta para nós dois e depois passa a mão no cabelo.

– Conversamos sobre outra hora.

– Ok, ta, é, tchau. – Drew destranca a porta e sai. As bochechas coradas.

Não vamos falar sobre isso depois.

Me sinto meio idiota quando me olho no espelho, e por um minuto achei mesmo que existiria um depois. Mas cai na real.

Beijei um dos homens mais cobiçados do bairro e da cidade. O cara que fica com qualquer uma e depois nem a olha na rua. Somos amigos, e estou meio que bem com isso.

Serviu para matar a curiosidade e descobrir porque as garotas são tão fixuradas por ele. O beijo, e a pegada foram o suficiente para entender. Ele sabe o que faz.

Molho o rosto mas continuo vendo as coisas meio turvas. Deveria ter vindo de lente ou óculos hoje. Se normal eu ja não enxergo, quem dirá bêbada.

Me sinto meio desconfortável de saber que vou encontrar com Drew assim que sair do banheiro. Então ligo para minha tia vir me buscar porque não posso dirigir nesse estado.

Se eu sair pelas portas dos fundos, darei de cara com Gus se pegando com algum garoto. Não quero atrapalhar meu amigo.

Pego minha bolsa em cima do balcão e digo a Drew que preciso ir porque meu pai não está se sentindo muito bem. Minto, é óbvio, e peço para avisar Gus que fui embora. Não lhe dou chance de dizer nada e saio correndo dali.

Encontro minha tia parada de braços cruzados em frente ao meu carro. Começa a rir quando olha para a minha cara.

– Quer lugar é esse? – Ela pergunta.

– Só me leva para casa.

A biblioteca do amor | Drew StarkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora