quinze

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Eu estava tendo um dia tranquilo e leve, até um enorme ser humano entrar pulando, igual uma criança, no meu local de trabalho.

– Emilyyyy! – Drew grita assim que abre a porta, incomodando as pessoas que estão quietas. Respiro fundo.

– Não. – Falo me agachando para pegar alguns papéis que deixei cair no chão sem querer. Quando me levanto Drew está imóvel com um sorriso no rosto, o peito estufado e as mãos na cintura.

– O que diabos você fez? – Digo apontando para seu cabelo, que não está grande como era, mas sim, raspado.

– Gus raspou meu cabelo!

– Ele fez o que!?

– Raspou meu cabelo! Olha – Ele da uma giradinha e volta a olhar para mim. – Ficou bom? – Estaria mentindo se dissesse que não.

– Ficou, Drew. Até que Gus fez um bom trabalho.

– É, mas agora não pego mais as maria condicionador.

– É maria shampoo que se fala. – Corrijo.

– Da no mesmo! Enfim, vai fazer o que hoje?

– Terapia em uma hora.

– Você faz terapia? – Drew inclina a cabeça ao questionar. Parece surpreso.

– Sim, ué.

– Por quê?

– Para poder te aguentar.

– Faz sentido. Mas enfim, jogo, hóquei, eu, minha faculdade, você vai.

– Gus vai?

– Gus vai.

– Então por que precisa de mim?

– Porque sim, palhaça. Você vai né? Eu não jogo mais hóquei profissionalmente, então vai ser só uma brincadeira na faculdade, é contra nós mesmos.

– Tudo bem, que horas começa?

– Oito da noite.

– Saio da terapeuta às seis e meia hoje, vou passar em casa para trocar de roupa e... – Xingo baixinho quando lembro que meu carro está na oficina. Denovo.

– O que foi?

– Tô sem carro e Gus deve ir direto do trabalho né?

– Relaxa gatinha, eu te busco! Inclusive, quer carona para a terapeuta?

– Você vai me esperar sair? Saio em mais ou menos meia hora.

– Tudo bem. Vou pegar alguma coisa para ler. – Drew sai com um sorriso no rosto em direção as estantes de livros. O vejo passando a mão em seu cabelo, que está basicamente inexistente no momento, e fingindo que nada aconteceu. Ele vai levar muito tempo para se acostumar com isso.

No final do meu expediente, me despeço de meus colegas de trabalho e dou um tapa na nuca de Drew, que está dormindo em cima de uma das mesas da biblioteca, para que acorde.

– Vem gigantão! – O chamo de brincadeira e vou andando para a porta. Drew se levanta e coça os olhinhos igual uma criança quando acaba de acordar. Esse homem consegue ser um neném e um homão ao mesmo tempo.

Ele olha ao redor, até pousar os olhos em mim, esperando sem paciência na porta da biblioteca.

Quando saímos, o tempo está nublado, escuro, como se fosse chover. Sinto um frio percorrer todo o meu corpo, e eu ainda estou usando blusa de manga comprida, e calça! Mesmo assim sinto frio.

A biblioteca do amor | Drew StarkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora