cinco

2.6K 259 27
                                    

Nunca mais vou a festas.

Eu amo o meu melhor amigo, mas ter que aguentar ele bêbado falando trezentas coisas sem sentido por mais de duas horas foi bem cansativo. Sorte que tive Drew ao meu lado.

A festa em si até que não foi tão chata assim, mas tinha muita gente em um mesmo lugar. Isso me assusta.

O melhor de tudo foi o after. Apenas eu, Drew e Gus, que estava contando histórias que ninguém queria ouvir.

Como a casa do amigo de Drew não era tão longe assim da minha, deixei meu carro em casa para podermos andar em um só. O de Drew.

O carro dele é enorme e bonito, daqueles que o teto abre. Agora imagine: uma menina saindo saindo de casa pela primeira vez após um bom tempo, um bêbado feliz da vida e um jogador de hóquei que tem a mentalidade de uma criança e estava dirigindo levemente alcoolizado. Foi a melhor noite da minha vida.

Depois de ter segurado o enorme cabelo de Gus umas duas vezes pra ele vomitar, fomos parar em uma praia. Duas horas da manhã, e estávamos em um lugar que nunca tínhamos visto na vida. Só tinha a gente. Com Drew dirigindo por algumas horas, Gus estava no processo de ficar sóbrio, mas mesmo assim, não calava a boca nem por um segundo sequer.

Chegando na praia, ficamos deitados na areia, os três, conversando. Como se fôssemos amigos de longa data. Bem, tecnicamente eu e Gus e Drew e Gus eram, mas parecia que nós três éramos um trio. E talvez, estávamos começando a virar um.

– Se vocês fossem um animal, qual vocês seriam? – Naquela madrugada, deitados na areia, Drew perguntou a Gus e eu.

– Eu seria, hummm – Pensou Gus. – Provavelmente uma abelha!

– Por que? – Eu e Drew havíamos questionado ao mesmo tempo.

– Fácil, ué! Eu teria a chance de subir de cargo e virar uma abelha rainha, e todos iriam provar do meu mel. Se é que vocês me entendem.

– Eu conto ou você conta? – Drew olhou para mim.

– Acho melhor deixarmos ele descobrir sozinho. – Eu respondi.

– Mas e você Emy – Gus me perguntou. – Qual você seria?

– Borboleta! – Respondi sem nem pensar. – Eu amo borboletas. Elas são livres e bonitas, e eu adoraria poder voar.

– Você me lembra uma borboleta mesmo. – Disse Drew.

– Obrigada – Respondi sorrindo. – Mas e você Starkey? Qual você seria?

– Eu seria um cachorro – Ele disse. – Porque sinto falta de ter uma inocência como a deles, e adoraria dormir o dia inteiro sem que ninguém me pertube!

Eu e Gus rimos.

– Seria uma boa. – Respondeu Gus.

Em alguns minutos, Drew já estava sem camisa correndo para o mar. Mesmo naquela escuridão com apenas a lua e alguns postes com a luz fraca na rua, era impossível não notar o corpo daquele homem. Estava bronzeado, e até Gus admirava.

– Cuidado para não babar, Gus. – Disse implicando meu amigo.

– Cala a boca, Emily. Você que não para de olhar.

– Não sei do que você está falando. – Senti minhas bochechas corando e minha pele esquentar de vergonha.

– Uhum, ta bom. – Ele respondeu, tirando a blusa e o short, ficando só de cueca, assim como Drew e indo em direção ao mar.

Os dois brincavam como crianças, e eu só conseguia rir de longe. Não consegui dizer não quando vieram me puxar para ir para a água. Mas nem ferrando que entraria só roupa íntima. Como a camisa de Drew era maior que a de Gus, fui em um cantinho e tirei o vestido e o sutiã, ficando apenas com a blusa e minha calcinha. Corri para os meninos.

Agradeci por estar tudo escuro e a blusa de Drew parecer um vestido em mim. A tentativa de não molhar o cabelo havia falhado quando Drew me colocou em seus ombros e me jogou na água gelada.

– Ei! – Eu disse dando socos inúteis em seu peito sarado. – Meu cabelo! Nossa, eu te odeio tanto.

– Odeia não, Emily. E é só cabelo! – Ele disse com um sorriso de canto que mesmo na escuridão eu conseguia enxergar. Senti uma pontada de raiva.

– Eita que você não disse isso. – Gus colocou lenha na fogueira.

– Meu cabelo é cacheado, animal! Agora vai enrolar tudo! – Disse ainda tentando lhe bater. O que era inútil, por ele ser bem mais forte que eu.

– Seu cabelo é cacheado? – Ele questionou.

– É, mas eu aliso.

– Por que?

– Porque prefiro ele liso. – Respondi seco, não queria continuar com aquele assunto. Não gostava do meu cabelo cacheado por ter crescido rodeada de meninas que tinham o cabelo liso, então acabei virando melhor amiga da prancha.

Drew não tocou mais no assunto, e tivemos uma noite tranquila.

Cheguei em casa sete horas da manhã e fui correndo para o meu quarto. Lidaria com meus pais no dia seguinte.

Deitada na cama eu só conseguia pensar em como a noite havia sido boa, em como eu consegui conversar sem ser chata ou ouvir alguém reclamando de como eu falo demais. Gus já está acostumado, mas Drew não, e mesmo assim não pareceu se importar quando comecei a tagarelar sobre os filmes de Star Wars. "Pode continuar, gosto de te ouvir falando." Drew me disse naquela madrugada. Me senti um anjo, porque normalmente me mandam calar a boca ou saem de perto de mim.

Foi bom estar entre amigos, se assim posso dizer, e realmente espero por mais noites desse tipo.

A biblioteca do amor | Drew StarkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora