Eu amo livros. Amo sentir o cheirinho deles quando estão novos e amo reler minhas marcações quando já estão ficando velhos.
Já fazem quatro meses que entrei na faculdade de letras, e ainda não consegui sair da casa de meus pais. Vinte e dois anos na cara e ainda dependo deles. O pior é ter que escutá-los dizendo todos os dias que eu não deveria ter largado a faculdade de medicina, sendo que, definitivamente, eu não levava jeito para a coisa.
Tenho dois pais, tipo, literalmente. Adam, formado em medicina e Andrew, professor de história. O sonho deles é que eu fizesse uma dessas duas coisas, mas tive a infelicidade de nascer apaixonada por leitura. Meus pais dizem que é culpa de minha tia Kris, aliás, nasci dela porque ela foi a barriga de aluguel deles. Amo minha tia! Passamos horas conversando sobre livros.
Ela é professora igual ao meu pai Andrew, seu irmão. A diferença é que ela ensina literatura, o que faz eu amá-la ainda mais. Ela quem me ensina tudo! E é também a quem mais me incentiva.
No momento, está afastada do trabalho porque decidiu focar apenas em escrever seu livro de romance, que ainda não possui título e está bem no início. Passo horas em sua casa tentando lhe dar ideias.
Consegui entrar na mesma faculdade em que meu pai da aula, então o vejo quase o dia inteiro, diferente de meu pai Adam, que tem dias em que eu nem consigo vê-lo por causa de seu trabalho. Sou próxima de meus pais, mas adoraria ser um pouquinho mais. Igual sou com minha tia. Sinto que posso falar de tudo com ela, mas com eles preciso pensar um pouco antes de falar.
Foi Kris quem me levou para beber pela primeira vez, foi ela quem segurou meu cabelo enquanto eu vomitava e foi ela quem presenciou meu primeiro beijo.
Na escola, foi ela quem arrumou briga com um grupinho que tirava sarro de mim. Meus pais acabaram se envolvendo, e resumindo, saí da escola. Sempre me disseram que eu sou muito boba, muito inocente. E sempre zoaram de mim por causa disso.
Meus pais dizem que acredito muito fácil em todo mundo, mas eles não fazem ideia do quanto é difícil alguém conquistar cem por cento minha confiança. Odeio que me chamem de inocente. Lerda, talvez, mas burra e inocente eu não admito.
Kris sempre me disse que sou gentil, e isso, modestamente falando, eu concordo plenamente. Moro em uma cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo, e eu amo andar na rua sorrindo porque sei que terá alguém para sorrir de volta para mim, alguém que me conhece.
Fiquei amiga muito rápido dos funcionários e da dona da biblioteca onde trabalho. Não teria lugar melhor para trabalhar do que aqui. Os clientes me adoram, e eu adoro eles. Amo esse trabalho.
Meus pais não conseguem entender o motivo de eu amar tanto tudo isso, não entendem como eu consigo amar tinta em um papel.
Imagino que, um dia, eles consigam ver que os livros são definitivamente melhores do que as pessoas.
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A biblioteca do amor | Drew Starkey
FanfictionEmily Brown é uma mulher amante de livros, de poucos amigos e que sonha em ser escritora. Emy começa a trabalhar em uma biblioteca para ganhar uma renda extra e sair da casa de seus pais, mas certo dia conhece Drew Starkey, um cara totalmente o seu...