vinte

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Uma semana sem aula!

Devido a tempestade que teve no final de semana, minha faculdade precisa de um tempo para se recuperar. Muitas coisas quebraram pelo vento, e até algumas salas encheram-se de água. Algumas árvores do campus caíram, e talvez uma semana seja pouco para reparar tudo.

Jogados no sofá da minha sala, Gus passa mal de rir enquanto Drew reclama por sua faculdade ter dado apenas três dias de folga.

– Isso não é justo! – Diz ele pela milésima vez. Inclusive, ele e Gus vão dormir aqui em casa hoje. Meus pais ainda não sabem e a culpa é total da minha tia, mas vai ser engraçado quando eles descobrirem. Drew sabe que conheci sua mãe, mas não tocou muito no assunto depois que eu perguntei se ele já havia falado sobre mim para ela.

– É só você faltar no resto da semana. – Digo como se fosse uma coisa óbvia. Os olhares dos meus amigos e de minha tia, que também está rindo disso tudo, se voltam para mim.

– O quê? – Pergunto.

– Desde quando você incentiva alguém a faltar aula? – Gus questiona.

– Ué, se ele não quer ir, ele não vai!

– Quem é você e o que fez com a minha Emily!? – Drew faz um sinal de arma com a mão, apontando para mim. Sua o cacete, sinto vontade de falar.

– É melhor você faltar do que ir e não fazer nada dentro de sala. É um desperdício para a bolsa que você ganhou.

– Uuuh, essa doeu em mim, ai! – Gus brinca colocando a mão no peito. Meus pais chegam em casa, juntos e de mãos dadas. É pedir demais um relacionamento assim?

– Ugh! Casal feliz. – Brinco quando eles entram.

– Nessa casa não permitimos casais felizes, fora! – Diz minha tia tacando uma almofada que acerta direitinho meu pai Adam.

– Então é bom que não traga namorado para casa, mocinha! – Meu pai Andrew fala beijando minha cabeça. Ele vira o olhar rapidamente para Drew, não entendo o motivo, mas Gus segura a risada.

– Trouxe, papai? – Pergunto estreitando os olhos.

– Toma, mala sem alça! – Meu pai Adam joga uma barra de chocolate para mim. A única parte boa de estar na TPM, são os doces.

– O que vocês dois fazem por aqui? – Meu pai Adam pergunta, abrindo uma cerveja e se sentando no sofá ao lado da minha tia, estou no meio dos meninos, e minha família sentada ao lado de Gus. Ele joga uma latinha para meus amigos. Drew joga de volta para ele.

– Não bebo. – Ele avisa quando é meu pai Andrew quem pega a latinha. Ele faz desdém e abre para bebê-la. Solto uma risada.

– Desde quando? – Pergunto.

– Desde agora. – Ele responde me olhando nos olhos.

– E o que fazem por aqui? – Meu pai pergunta denovo.

– Vieram ver minha tia. – Eu respondo. Drew me da um soquinho leve e sorri. Gus faz cara feia.

– Nem me olha assim! Vocês preferem ela do que eu. E inclusive – Aponto para minha tia. – Ela prefere vocês do que a mim.

– Calúnia! – Retruca ela.

– Aé? Quem chamou essas pestes para dormir aqui foi eu ou você?

– Vão dormir aqui? – Pergunta meu pai Andrew com a voz séria.

– Sim, algum problema? – Questiona minha tia, cruzando os braços.

– Os dois?

– Sim, Andrew, os dois.

– Hum. – Ele suspira. Nunca vou entender a implicância que ele tem com os meus amigos.

Depois de jantarmos todos juntos, ficamos até quase duas da manhã na sala jogando videogame com meus pais. Minha tia achou entediante e foi dormir, mas veio umas três vezes gritar com a gente para falar mais baixo. Meu pai Adam já desistiu de jogar a um bom tempo, mas continua assistindo.

Acontece que, meu pai Andrew e Drew são uma dupla incrível, e quando jogam juntos, nem parece que meu pai o odeia na maior parte do tempo. Eu e Gus também somos perfeitos juntos, mas passamos mais tempo rindo do que jogando sério.

No último jogo antes de dormir, sou eu contra Drew. Fifa. Que ironia não é mesmo?

– Bora, Drew, acaba com ela! – Encoraja meu pai. Cruzo os braços em direção a ele. – Eu ainda te amo filha, mas jogo é jogo.

– Vai, Emy! – É a vez de Gus me encorajar. – Você consegue ganhar desse animal!

– Ah, ela não consegue, não. – Retruca Drew.

– Não consigo o caramba!

– Vai cantar vitória antes da hora denovo?

– Vai arrumar algum jeito de roubar igual da última vez?

– Vai ficar bravinha quando eu ganhar?

– Pra isso acontecer você precisa ganhar.

– O que não é muito difícil, já que minha oponente é você.

– O que disse!?

– Ok, ok, sem brigas, vamos jogar crianças!? Ebaa! Joguinho, aqui, deixa eu colocar o time para vocês. – Diz Gus se intrometendo e tirando o controle de Drew de sua mão.

– Disse que você não ganha de mim. – Continua Drew.

– É o que veremos.

– Ah, deixa disso, nós dois sabemos quem vai ganhar.

– É o que nós vamos ver. – Falo olhando nos olhos de Drew. Quem ele pensa que é!? Jogamos uma vez, eu perdi uma vez. Ele não pode sair falando assim, esse idiota.

Quando começamos o jogo, ele jogando com Alemanha e eu com o Brasil, ignoro todos os comentários dele para me distrair. Jogo na força do ódio.

E ganho na força do ódio.

– Quem ganhou agora, hein!? Diz ai, Drew, eu quero ouvir você dizer! – Fico de joelhos e me sento por cima de meus pés, olhando nos olhos de Drew. Ele sorri involuntariamente, mesmo estando irritado. Odeia perder.

– Você, Emily.

– Rá! Eu sei disso! Cinco a dois! Está vendo isso? – Aponto para a TV. – Sou eu sendo boa e você sendo ruim. Eu ganhei, não você. LALALALALALALALA!

– Acabou o show? – Pergunta meu pai Andrew. Adam e Gus estão passando mal de rir no sofá. Já ganhei, posso ir dormir tranquila.

Dou boa noite aos meus pais e subo com os meninos. Os dois escovam os dentes e trocam de roupa. Coloco moletom e uma calça de pijama que roubei da minha tia. Está bem frio hoje, mas mesmo assim ligo o ar.

Meus pais me mandam deixar a porta encostada, ao invés de trancar. Obedeço.

Pego travesseiros e mais de um cobertor para nós três. Ao invés de me enfiar no meio dos dois igual eu sempre faço, decido ficar na ponta dessa vez. Na ponta ao lado de Gus, e bem longe de Drew.

– O que houve que você não vai ficar no meio hoje? – Questiona Drew enquanto se deita. Ainda estou em pé prendendo o cabelo em um coque. Gus está no meio dessa vez.

– Quero ficar na ponta. – É o que falo. Pela primeira vez, não dou satisfações, apenas me deito. Vejo Drew e Gus trocarem olhares, mas não me importo.

Me deito de costas para Gus, e ele de costas para mim. Não sei a posição que ele está, mas sorrio ao pensar que ele e Gus podem estar de conchinha, e sinto inveja por um breve momento, que pela minha surpresa, passa rápido. Espero que aos poucos eu esteja esquecendo Drew.

Ou não.

A biblioteca do amor | Drew StarkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora