vinte e dois

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De ressaca e com o coração partido. A frase da minha vida.

Chorei abraçada com Gus até a hora de dormir. Eu tenho o melhor amigo do mundo.

– Gus, será que nós podemos ir almoçar no seu tio denovo? Tô com vontade de comer aquela sobremesa de... – Eu falo enquanto desço as escadas, mas tomo um susto quando vejo que não só tem Gus sentado no sofá.

Jade, meus pais e minha tia. O que diabos fazem aqui?

– Alguém gostaria de explicar?

– Precisamos conversar. – Todos eles falam juntos. Perigo, Emily, dê meia volta agora!

– Gus eu vou matar você.

– Somos os únicos amigos que você tem, e honestamente? Você precisa de nós. Precisa conversar. – Ele responde abrindo lugar no sofá, bem no meio de todo mundo, entre ele e meu pai Andrew. – Senta aqui. – Aceito o convite.

– Não contei nada a ninguém, você cora se quiser. Só disse que você não anda muito bem e precisa conversar. – Gus explica. É pegar ou largar.

Eu só tenho eles mesmo, então, por que não?

Não sei como eu consegui contar tudo sem derramar uma lágrima, mas desabafo.

Conto sobre a culpa que senti quando rolou aquilo com Gus e conto sobre as vezes que fiquei com Drew.

Desabafo sobre como me apaixonei por ele, como descobri isso. Mas o mais importante, eu conto como eu descobri, naquela praia em uma cidade desconhecida, que eu amava a mim mesma. Jade sorriu.

Contei mais coisas sobre mim. As noites chorando escondido dos meus pais e sobre a culpa e o peso que carrego. Sobre o bullying no início da faculdade que apenas minha psicóloga sabia e dentre outras coisas que eu não havia contado.

Mostro as conversas de ontem com Drew, e meus pais quase quebram meu telefone de raiva. Explico que Drew não é assim, ou pelo menos não o tempo todo. Explico que me apaixonei por um cara que cuida de mim, um cara que apesar de ser bem babaca as vezes, faz eu me sentir corajosa, segura e confiante.

Jade passa mal de rir quando conto que fiquei com seu irmão ontem a noite. Minha tia vibra vendo as marcas no meu pescoço e meus pais quase choram de emoção quando conto que gostei de ter beijado uma menina.

Gus só consegue continuar irritado com Drew.

– Mas se ele gosta de você, por que nunca fez nada? – Pergunta meu pai Adam.

– Porque ele não gosta, ele só é afim de mim.

– E qual a diferença?

– Ele só quer ficar comigo de vez em quando, sem compromisso, igual ele faz com as outras garotas.

– Mas mesmo assim, por que ele nunca tentou? Bem, além das outras vezes.

– Não sei. Talvez para não estragar a amizade? Eu sei lá, não quero mais pensar nele.

– Eu vou estrangular esse garoto. – Diz meu pai Andrew.

– Eu ajudo, se possível. – Sugere Gus e os dois começam a conversar sobre como fariam isso.

– Enlouqueceram? Menos, ok!? E gus, vocês são amigos desde mais novos, não estrague tudo por causa de mim!

– Eu não gostei do jeito que ele tratou você, Emily.

– Eu sei que não, mas por favor, converse com ele ao invés de acabar uma amizade de anos só por causa de mim. Não vale a pena.

– Quando se trata de você, tudo vale a pena. – Sorrio com o impacto que as palavras de Gus causam em mim. Mas fico confusa quando minha terapeuta repete aquela frase baixinho, como se já tivesse escutado, como se fosse algo repentino.

A biblioteca do amor | Drew StarkeyOnde histórias criam vida. Descubra agora