Capítulo 9

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Oi, meus amores!!!

Capítulo fora de hora :))

...

Olívia

Dormi com uma sensação estranha de vazio no peito e, curiosamente, acordei renovada. Mamãe, quando estávamos tristes, costumava dizer que uma noite de pranto não deveria ser negada.

"Chore por uma noite e depois é vida que segue, Olívia", foi o que ela disse quando terminei o namoro com o menino da cidade e que hoje trabalha na farmácia do pai; ou quando levei um pé na bunda em São Paulo e quando tive pequenas decepções com amigos, trabalho. Resolvi seguir esse mantra.

E a noite passada era a prova da sabedoria de dona Cida.

Cheguei à mesa para tomar café com os meus pais e já arrumada para ir com a minha mãe para a confecção. Escolhi calça jeans justa, camisa branca de alfaiataria e tricô rosa clarinho, todas as peças desenhadas por mim e vendidas pela minha antiga empregadora. Nos pés, calcei bota marrom de cano baixo.

— Podemos utilizar meu carro, mamãe — eu disse quando ela saiu da mesa para buscar sua bolsa no quarto. Dona Cida não tinha o costume de dirigir, então meu pai a levava e buscava todos os dias do trabalho, bem como em todos os seus compromissos. Fazia tantos anos que não ligava um carro, que era bem capaz de nem saber mais como fazê-lo andar.

Ela assentiu e, quando retornou, nos despedimos do meu pai.

— Nos vemos no almoço — disse, deixando um beijo nos lábios dele.

Na parte da manhã eu andei de um lado para o outro, conversei com as costureiras, fucei os protótipos de peças da coleção da marca do Rio e das outras encomendas da confecção. Também fiquei de olho nos setores de bordados, pedrarias e outros trabalhos feitos à mão. Mamãe e suas irmãs conseguiram algo difícil no ramo das confecções, unir a produção em massa com personalizados. Não era à toa que estavam sempre fechando bons contratos. Eram completas.

Almoçamos em casa e, quando retornamos à confecção, minha mãe me chamou até sua sala.

— O que está achando? Esteve bem pensativa e observadora por toda a manhã. — Ela se sentou na cadeira giratória atrás da mesa e eu me encolhi sobre as pernas no sofá.

— Eu contrataria duas costureiras, mamãe. E, se fosse possível, mais uma bordadeira. Vai dar fôlego para as meninas e vocês vão trabalhar confortáveis.

— Você tem razão. Elas estão fazendo muitas horas extras e isso não era comum. – Abriu uma pequena agenda e fez alguma anotação.

— Mas elas também sabem que é devido a esse contrato novo. — Fechou a agenda e meneou a cabeça, concordando comigo.

— Você foi dormir tarde ontem, quer conversar?

— Estive pensando na vida que as minhas amigas têm aqui na cidade. — Eu que acordei pronta para deixar esse assunto de lado, lá estava me abrindo para minha mãe.

— E?

— Estão casadas. Todas com família. — Eu contei o óbvio.

— Não achei que você sentisse falta disso. — Recostou na cadeira com o cenho franzido e eu começando a me achar boba pelos últimos pensamentos que tive.

— Ah, mamãe. De repente, fiquei triste, sei lá, um tanto pensativa.

— Oli, você melhor do que ninguém sabe que eu daria tudo para te ter aqui em Taubaté. Vem, vamos ali na cozinha fazer o cappuccino que você gosta. — ela se levantou e foi para a porta da sala, me esperando passar. — Mas quero te ver feliz. E eu conheço a minha filha, você estaria entediada e achando que fez tudo errado, caso não tivesse ido realizar seus sonhos em São Paulo.

Meu vizinho federalOnde histórias criam vida. Descubra agora