Capítulo 18

795 118 18
                                    

Luiz Henrique

Fazia tempo que não trabalhava com uma rotina tão tranquila na delegacia, basicamente desenvolvendo trabalhos administrativos e cumprindo uma jornada quase que comercial. Não me iludia, sabia que esse era o prelúdio para uma sequência de tiro, porrada e bomba no início de uma nova operação.

O que foi muito providencial, pois nas últimas duas noites eu saí do trabalho correndo para casa pronto para agarrar e beijar minha vizinha. E foi exatamente o que fizemos.

No primeiro dia após termos ficado juntos em meu apartamento, trocamos algumas mensagens ao longo do dia, Olívia se mostrou tímida, a princípio, mas aos poucos percebeu que eu não daria espaço para constrangimento entre nós. Não havia nada demais em dois adultos beijarem-se e fazerem o que bem quiser.

"Liberada, vizinha? Estou saindo da delegacia..." (Luiz Henrique)

Bom, não era minha intenção informar a programação do meu dia a Olívia e nem à outra mulher, mas foi o que eu fiz e logo chegou a resposta.

"Estou agarrada no Bom Retiro, ainda demoro um pouco a chegar em casa."(Olívia)

Ela havia saído para orçar e comprar a matéria-prima da sua primeira coleção. Mais cedo havia enviado uma selfie com os olhos marejados, após escolher os primeiros tecidos. Estava radiante, emocionada e estranhamente sentia-me realizado por Olívia. Estava acontecendo tudo rápido demais, mas eu me envolvi com a conquista dela.

"Precisa de ajuda aí?" (Luiz Henrique)

"Obrigada, Lui... Está tranquilo, estão carregando os tecidos no carro, daqui a pouco finalizo. Mas irei pegar trânsito." (Olívia)

As respostas vinham rápidas, embora ela estivesse focada na atividade da sua nova empresa. Provavelmente nem tenha se alimentado, já que passou o dia todo entre lojas.

"Certo, vou comprar o nosso jantar. Até mais tarde!" (Luiz Henrique)

Isso era o mínimo que eu podia fazer para recebê-la, ignorando que não tínhamos nada um com o outro e morávamos em casas separadas. O que não nos impedia de compartilhar uma refeição.

"Até, Lui!" (Olívia)

Não convidei Olívia para passar a noite, pois ela demonstrou com atitudes que íamos pegar leve, se é que os nossos beijos, abraços e toques podiam ser alocados dentro de tal conceito. A gente só não fazia sexo. Infelizmente.

Ela chegou agitada ao meu apartamento, falando pelos cotovelos e me mostrou em fotos tudo o que havia comprado. Como se eu entendesse de tecidos, aviamentos e croquis, repassou, no balcão da minha cozinha, toda a coleção que em poucos dias seria produzida em Taubaté.

Eu não entendia. Mas me senti importante por ela ter compartilhado comigo.

— Uau, essa lasanha está um espetáculo! — Apreciava que Olívia não se acovardava diante de uma boa comida, ao contrário, jogava-se. O cantinho esquerdo da sua boca estava sujo do molho ao sugo e fiz questão de limpar com o dedo e depois levá-lo a minha própria boca, deixando-a, pela milésima vez, corada. Dei uma piscadinha e ela demorou uns segundos para reagir.

— Gosto deste restaurante! — Comentei, com um sorrisinho no rosto, gostava mesmo era de causar reações naquele espetáculo de mulher que estava ao meu lado.

— Quero ir lá, sempre que passo na porta prometo que irei entrar para conhecê-lo, acho um charme...

— Você vai gostar! Quando voltar de Taubaté podemos combinar de ir. — Maravilha, Luiz Henrique. Você está marcando programas com a sua vizinha, inclusive, uma programação que envolve jantar à luz de velas, pois é esse o clima do tal restaurante italiano que fica em nosso bairro.

Meu vizinho federalOnde histórias criam vida. Descubra agora