Capítulo 19

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Olívia

Às cinco e meia da manhã, já estava na cozinha da confecção e fazia o cappuccino que eu tanto gostava. Devido ao tempo frio, tive que ajeitar o casaco em meu corpo para me aquecer e, assim como nos dias anteriores desde a minha chagada em Taubaté, eu era a primeira a chegar e a última a ir embora.

Coloquei a mão na massa, minha mãe e minhas tias já tinham as próprias encomendas para produzirem e com prazos apertados. Portanto, não dava para colocar todas as funcionárias à minha disposição. Elas conseguiram duas costureiras na cidade, que toparam fazer o trabalho comigo e, juntas, tínhamos que dar conta do recado. As atividades mais específicas, eu deixei para as profissionais da confecção que, com muita boa vontade, incluíram o extra na agenda delas.

Peguei a caneca com a bebida fumegante e doce e saí para a sala que ocupava. As peças prontas para a primeira prova estavam expostas em manequins, mas ainda haviam algumas para serem finalizadas e, no dia seguinte, voltaria para São Paulo com elas para entregar às influencers.

Se tudo desse certo, eu montaria uma logística mais assertiva e eficaz e, também, fecharia um contrato com a confecção. Mas, por enquanto, o que eu estava fazendo era um teste para tirar a Olívia Torres do papel.

"Os plantões voltaram, eu te falei que aqueles dias tranquilos eram só fachada". (Luiz Henrique)

Li a mensagem do Lui com um sorriso no rosto. Nós nos falamos todos os dias, sempre conseguíamos um tempinho para trocar mensagens.

É, a gente estava se falando bastante.

Basicamente, e, talvez, sem que nos déssemos conta, narrávamos toda a nossa rotina um para o outro.

Subi um pouco a nossa conversa no aplicativo, eram seis da manhã e eu havia contado quando saí de casa e cheguei à confecção. Ele, igualmente, acordou às cinco, correu meia hora na esteira do prédio e foi para a delegacia.

Para onde estávamos indo?

"Estava te achando bem folgado mesmo!" (Olívia)

Enviei e bloqueei a tela do celular, precisava focar em finalizar o trabalho.

Pouco mais de duas horas depois, as funcionárias começaram a chegar, inclusive, minha mãe.

— Saiu muito cedo, filha! — Ela beijou meu rosto e colocou sua bolsa sobre um móvel ao lado da mesa onde trabalhava.

— Saí sim, mas consegui dar um gás aqui, adiantei bastante coisa. — Estava sentada no chão, dando acabamento na bainha de uma calça.

— Estou tão orgulhosa de você! As peças estão lindas, um capricho, vai ser sucesso! — Levantei o olhar e sorri para ela, a mulher que me ensinou a profissão que eu amava.

— Deus te ouça, mamãe!

Na hora do almoço, minha cunhada chegou à confecção e disse que tinha algumas horas livre para me ajudar. Passou peças e embalou, colocando os descritivos em cada saquinho, indicando quem iria experimentá-las e as medidas.

— Seu telefone não para de apitar, Oli — ela disse quando voltei da cozinha. Não teria tempo de ir em casa almoçar, então meu pai levou a refeição para nós três, já que Vivian e mamãe decidiram me fazer companhia.

— Já organizei o almoço, vamos? — Peguei o celular e saímos juntas do cômodo.

— Agora, ela não tira esse sorriso no rosto, o que acha, Vivian? — Mamãe surpreendeu-me quando parei diante do balcão na cozinha e lia as últimas mensagens enviadas por Lui. Numa delas, ele disse que esperava o jantar pós-plantões, lembrando do dia que o convidei para o meu apartamento.

Meu vizinho federalOnde histórias criam vida. Descubra agora