Lar tenso lar

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__ E então? - ele me incentivou a continuar
__ Eu...
__ O que você fez? - sua voz pareceu apreensiva
__ Não... eu nada, foi a mamãe que ligou.
__ E? - ele se calou,mas eu não falei nada -  Você contou isso pra ela?
Neguei.
__ Eu contei sobre como ando me sentindo mal... -  percebendo a curiosidade no seu olhar ,adicionei. - não por causa do aomine!

mas por parte sim.

__ Me sinto mal, nos lugares de sempre, com as pessoas de sempre, mas com um mal estar que não esteve sempre aqui. Isso com o aomine talvez tenha ajudado a me abalar mais.
__ O que ela falou?
__ Disse que eu estava muito presa aqui e a você.
__ E depois?
__ Ela disse que eu precisaria de novos ares e que poderia ir morar um tempo com ela e o namorado.
Murasakibara sorriu com os lábios.
__ Como ela reagiu quando você negou?
Permaneci calada e como ele não é burro,instantaneamente retirou seu sorriso do rosto e apertou os olhos na minha direção.

E porra,como isso doeu.

__ Você não negou?
Permaneci calada.
__ O mundo te deixa mal,aquele filho da puta te deixa mal e quem cuida de você é quem se fode??
__ Mura,calma...
__ Eu Realmente perdi o apetite ,Miyuri.

Ele saio da cozinha em passos largos e logo depois ouvi seus passos subido a escada.
   "Miyuri" é o meu nome ,mas fazia tanto tempo que eu tinha o ouvido me chamar assim. Quando éramos mais novos e brigávamos quase o tempo todo,ele sempre me chamava pelo nome certinho... nós brigamos, isso me arrepiou.

Sobi para o meu quarto logo em seguida e ao passar pela porta dele, minha vontade era abrir e me jogar onde quer que ele estivesse, o abraçar e pedi desculpas. Mas do que adiantaria? A decisão não poderia ser alterada...
   No dia seguinte, no domingo , ele não tocou no assunto e seguiu o dia falando comigo como se nada tivesse acontecido. Mas eu queria perguntar, saber como ele se sente,mesmo que isso não mude muita coisa... mas eu não tenho essa coragem.

Na segunda-feira fomos pra escola juntos e ele continuou a ignorar o acontecido. Na escola percebi ele evitar a presença do aomine que milagrosamente foi com todo mundo na hora certinha. O percebi falar com todos ,mas com o Daiki não.
  Talvez até seja melhor assim,ele ignorando o outro do que talvez ir discutir com ele. Já basta de discussões.

Não converso tanto com as garotas da minha sala,mas de alguma forma que não sei como me puseram numa rodinha de fofoca e eu ouvi sobre quem era o assunto: Aomine.

__Miyuri,Você pode dizer o que aconteceu? - uma das meninas perguntou e por um momento senti que estava sendo interrogada.
__ E o que aconteceu? - perguntei
__ Você não soube da garota que veio aqui na escola procurando o Daiki?
__ Não... O que aconteceu?
__ Nós já estamos te perguntando isso! Não sabemos o que aconteceu depois que ela veio na escola pedindo pra ter contato com os pais dele.
__ Os pais??? Mas porque?
__ Vale ressaltar que a menina espalhou pela escola inteira que ele não é homem de assumir  o que faz. - Uma outra menina ,dessa vez de cabelos pretos ,falou.

__ E o que ele fez?
__ Engravidou ela. - travei olhando para a menina de cabelos vermelhos,que havia falando comigo desde o início e ela continuou. - Pelo menos é o que ela diz e é o que ele nega.
__ Nossa...
__ Você é amiga dele, achei que teria mais informações. - falou a de cabelo vermelho.
__ Não estamos nos falando. - E mesmo se tivesse não contaria a vocês.

No meio do burburinho das meninas, eu sai de fininho, e junto com isso sai até da sala. Caminhei até o banheiro, lavei meu rosto na pia e sai dele. Talvez fosse por isso que ele andava tão preocupado. Talvez fosse por isso que a mãe dele tinha ligado tantas vezes para ele.
Mas por que estou me importando? Eu deveria enfiar a minha Empatia no c...  e ser uma filha da puta com ele.
   Mas eu não sei ser assim. Maldita coincidência, que o fez passar em minha frente enquanto estava inerte nos meus pensamentos. Ele me olhou e eu o olhei de volta.

__ Tá tudo bem? - perguntei antes de qualquer coisa.
__ Acho que você já deve saber que não. - Ótimo, pelo menos assim estamos iguais.
__ Quer conversar? - perguntei
__ Você quer? - Aceita logo antes que eu desista.
Não respondi, apenas fiquei a olha-lo e ele fez o caminho de volta de onde tinha vindo. O pátio.

__ É verdade o que andam falando? Que você vai ser pai?
__ Claro que não! - ele respondeu depois de um longo suspiro.
__ Mas , você está... dizendo a verdade pra mim ou está fugindo da responsabilidade?
__ Essa é uma das poucas verdades que já te falei. - ele entristeceu seu tom de voz e eu fingi não notar.
__ Mas como pode provar isso?
__ Eu sei que dizer: Eu não curto menores de idade. Não adiantaria coisa alguma ,mas é verdade.

Ela é menor??? A menina grávida é menor de idade??

__ Eu me lembro muito bem de ter recusado ficar com ela a tempos atrás,quando ela ainda tinha quinze anos, aí agora a menina volta com dezesseis, grávida e dizendo que eu sou o pai.
__ E espalhou pela escola que você não é homem de assumir o que faz...
__ Minha mãe e meu pai não querem problemas, dizem acreditar em mim e que  eu deveria apenas assumir o filho como meu.
__ Você vai fazer isso?
__ Não! O filho não é meu e disso eu tenho certeza e eu não vou dar o gosto a ela de ter o filho dela como meu e  ter algum interesse depois.
__ Interesse em você?
__ No dinheiro. Eu não tenho, mas meus pais tem e o que ela mais quis foi ter contato com eles.
__ com quanto tempo de gravidez ela está? - perguntei, tentando bolar na cabeça alguma forma de fazer a menina se contradizer.
__ Acho que uns seis meses. Por que?
__ Tenta lembrar com quem você estava próximo a seis meses atrás e as coisas que você fazia. Tenha provas ,pessoas que possam provar.
__ Nossa, investigadora?
__ Quer a minha ajuda?
__ Achei que logo você... seria uma das únicas a querer me ignorar agora.
__ Eu não sou assim.

Eu não sou assim e é desse jeito que eu vou esfregar na sua cara como é que um amigo deve tratar o outro. É desse jeito que eu vou te mostrar que eu sou diferente de você, por que enquanto você veio com sete pedras nas mãos até mim, eu vou até você com a ajuda que você precisa. E é assim que eu vou te fazer pensar no que você fez,na garota que você machucou e que agora está te ajudando.

É isso que vou fazer,te ajudar uma última vez e depois sumir da sua visão.

Panther's HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora