Boa noite

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Depois que saímos do hospital paramos em uma farmácia próxima e nash saiu do carro para comprar alguns medicamentos que foram receitados a mim.
  Eu agora já estava sentada no banco do carona, com uma atadura no cotovelo e uma no pulso, um ponto de sutura no meu lábio inferior, e, uma dor na barriga que não me permitia respirar fundo.

Encostei minha testa no vidro da janela que estava aberto até a metade e respirei fundo. Gemi devido a dor sentida e pus a mão sobre a barriga.
A dor me fez recordar de que ainda não terei paz, o policial disse que iria me procurar e tudo o que eu queria era me deitar e ficar imóvel.

— Que droga...

Falei sozinha e olhei para o lado tendo a visão da janela do motorista, vi algumas pessoas passarem pela calçada e depois tornei a olhar pela minha janela...
Vi passar três carros azuis, dois vermelhos, quatro motos e também vi passar um homem do outro lado da rua.
Parecido com um dos caras de mais cedo, comecei a respirar fundo e mesmo doendo eu não parei, eu fiquei assustada, será que... ele estava  me procurando?

Arfei alto quando a porta do motorista foi aberta e virei o olhar rapidamente.

— Boa tarde, sou eu o dono do carro você está segura moça. - Nash brincou ao me notar assustada, eu sorri.
— Pra casa agora? Por favor...
— Claro Madame, me diga onde fica sua casa.
— Fica no mesmo lugar que a sua, acredita?
— Nossa que legal!

Nash sorriu enquanto saíamos do estacionamento, depois dessas tentativas de me animar, bocejei algumas vezes vi nash me olhar de canto, esticou um dos braços e deu um clique em algum botão do lado do meu banco que o fez descer um pouco e eu estiquei as costas, ficando mais relaxada.

— Obrigada. - falei e ele não me respondeu mas ainda assim me olhava de canto.

Me aconcheguei e mesmo que o trajeto até nossa casa não fosse tão longe, eu acabei adormecendo.

Quando eu despertei estávamos estacionados dentro da garagem e nash mexia em seu celular ao meu lado.

— Por quanto tempo dormi?
— Se refere ao caminho todo ou só aqui na garagem? - ele rebateu a pergunta sem tirar os olhos do celular.
— Os... dois?
— 20 minutos o caminho todo até aqui e 15 aqui parados.
— Passamos 15 minutos aqui parados na garagem? - aumentei um pouco o tom de voz e limpei a garganta - Porque?
— Você tava dormindo e eu tive pena de acordar, então esperei. - ele sorriu com os lábios enquanto abria a porta ao seu lado.
— Obrigada... eu acho.
— Por nada, eu acho.

Ele abriu a porta ao meu lado e eu me ergui devagar, estava machucada e os movimentos doíam mais do que eu me lembrava.
Espero não ter o azar de justas hoje minha mãe decidir ficar em casa...
Nunca vi o lado preocupado dela e está doendo demais para eu querer ver isso agora.

— Tá com fome?
— Não. Eu vou subir, tá?
— Ah, ok... estarei em casa a noite toda se precisar.
— E tinha a possibilidade de você não estar?- parei no terceiro degrau da escada.
— Hm, sim. Eu ia a uma... festinha, mas perdi a vontade de ir. Vou ficar aqui com você.
— Obrigada, Nash.
— Por nada, Mi!
— Nash...
— Oi?
— Mi não... por favor.

Ele olhou para mim e em seguida para o chão, e tornou a olhar para mim.

— Ok, como quiser, Mi não.

Subi a escada devagar e entrei no meu quarto,  embora minha vontade fosse de me jogar na cama, os machucados não permitiriam, então preferi me deitar devagarzinho.

Peguei no sono rapidamente e lembro me de ser acordada aos sussurros em plena madrugada, ou eu achei que era, mas ao abrir os olhos vi que eram 22h47. Virei o rosto para o outro lado da cama e nash estava lá com um prato com algumas frutas cortadas e um copo de água em uma bandeja.

— Você precisa comer. - eu ia dar objeções mas ele tornou a falar - Sei que negaria, por isso trouxe apenas um lanchinho leve. Morangos. Mirtilos. Bananas. E tâmaras 

Ele falou pausadamente cada fruta como se quisesse notar minha reação ao ouvir cada uma, o que não surtiu efeito, permaneci quieta do início ao fim e apenas me sentei na cama e ergui os braços para pegar a bandeja.
Como se estivessem fracos meus braços tremeram e nash notou.

— Tudo bem? O que foi isso? - ele pôs uma mão em meu braço - você tá quente heim.
Elevou a mão até minha testa e falou mais uma vez antes de deixar a bandeja sobre a cama e sair do quarto.
— Acho que está com febre.

Minutos depois ele volta ao quarto e trás consigo um termômetro que põe em minha boca assim que chega.

— Eu esterelizei ele, relaxa. - falou de imediato

Segundos se passaram, o termômetro fez barulho, e nash o tirou de mim.

— Sabe que não precisava ser na boca, né?
— Não sei, foi o lugar que pensei primeiro. - ele olhou para o resultado na telinha do termômetro - 39 graus...
— Me dá um antitérmico e é tiro e queda. - brinquei.
— Queda por vo... - ele sussurrou
— Hum?
— Acho melhor você ir tomar banho, vai ajudar o antitérmico a baixar sua febre e sem falar que você tá precisando. - ele brincou

— O que quer dizer com isso?- Reclamei boquiaberta.
— É isso mesmo, vai levanta, quer que eu te ajude?
— A tomar banho?
Ele afirmou com a cabeça enquanto sorria.
— Passo.

Me levantei devagar da cama e caminhei até meu guarda roupas.
Peguei uma calcinha e um pijama e me  direcionei ao banheiro.
  Adentrei o comodo e tirei a roupa que eu estava vestindo, enquanto sentia dores em todo corpo. Depois, liguei o chuveiro e devagar entrei debaixo,molhando dos cabelos aos pés.

Quase Dez minutos depois eu estava me secando e me vestindo em seguida, com dificuldade.

Sai do banheiro e caminhei até onde nash ainda estava, sentado em minha cama.

— Pijama bonito.
— Eu sei.
— Nossa.

Me aproximei da cama e notei um colchão no chão ao lado da minha cama.

— O que é isso?- apontei para o colchão no chão
— Isso minha flor, é meu leito de amor dessa noite.
— Porque vai dormir aqui?
— Estamos sozinhos em casa, os quartos tem isolamento acústico, se algo acontecer você morre e eu só te vejo no dia seguinte.
— Ah... entendi. Tá bem então.
— Você não vai nem notar que eu estou aqui, durma em paz.
— Ok.

Peguei meu celular e me virei na cama, olhando se havia mensagens novas e me desapontei quando nada chegou.
"Oi, eu te amo."
Uma mensagem de meu irmão apareceu na tela e eu sorri.
Lembrei de nunca deixar ele descobrir o que aconteceu comigo... ele seria capaz de vir até aqui.

Sinto saudades.

—Você tá com sono?
— Um pouco, por que?
— Nada, é que caso não estivesse sei um bom jeito de te botar pra dormir.
— Nash você não disse que eu não te notaria aqui?
— Sei ótimas musiquinhas de ninar, garota. - ele deu uma única risadinha baixa - Eu cantava para a jessy,mas você não merece!

Ele fez um bico como se estivesse bravo e se virou de costas para minha cama.
Eu sorri.

— Boa noite, nash.
— Boa noite.

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