Fora do radar

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Assim como ele fazia, eu o encarei, não com toda aquela seriedade sexy que ele emanava, óbvio. Mas, eu tentei encarar de volta por alguns segundos e acredito eu que depois dos 10s falhei miseravelmente. Levei meu olhar para a parede que tinha um lindo azul e questionei ainda sendo encarada.

__ São 03h15 o que vamos fazer agora?
__ O que vamos fazer? - não precisei o olhar pra saber que estava sorrindo nem que seja um pouco, seu tom de voz um pouco alterado indica isso.
__ Voltar pra casa? -  perguntei, mesmo não sendo o que eu queria.
__ Quer arriscar voltar pra casa a esse horário?
__ Não.
__ É até bom, na rua a esse horário tem pessoas com pensamentos maldosos. - seu tom era divertido
__ Dentro de estúdios de tatuagem também. - revidei e o olhei assim que ele também olhou para mim
__ Talvez. - ele falou de pé com uma das mãos apoiadas na maca de couro bem ao lado da minha coxa Que ele sem pudor a encarava.

O garoto se levantou e rápido limpou guardou o que precisava ser limpo e guardado e jogou fora o que precisava ser jogado fora. Passou um pano com o que claramente era álcool sobre a mesa que estava as coisas. Fez sinal para eu sair de onde eu estava sentada e assim fiz, depois que desci ele limpou com álcool e o pano a maca de couro, a ajustou na posição inicial e depois apagou a lâmpada usando um outro interruptor perto dele.

    Ficamos em um completo escuro parados por uns 5 segundos até que sinto seu corpo perto do meu e seu braço ao lado do meu braço esquerdo, ele faz um movimento brusco que até me assusta um pouco, até notar que o que ele fez foi abrir a porta que existia atrás de mim.
  Esse cômodo estava com sua lâmpada acesa e então eu ouvi:

__Pode entrar.
Não falei nada, apenas entrei devagar e atenta, sempre para trás imaginando aquela típica cena de filme de terror de quando o personagem entra numa sala qualquer e do nada a porta se fecha e ele fica lá preso.

Mas ignorando minha paranoia, já que eu entrei, nash entrou e a porta não se fechou sozinha... acho que posso ficar mais aliviada. Eu acho.

Era um quarto. Apenas isso. Com meio que uma cozinha acoplada. Ele era no formato L  ,sendo uma parte cozinha e outra um quarto.
A cozinha era na entrada, um balcão e um micro-ondas em cima dele, uma geladeira grande, um armáriozinho na parede acima do balcão e uma mesinha com uma cesta de frutas. No quarto mais ao fundo havia uma cama de casal enorme, uma cômoda com uns cobertores dobrados em cima dela e do lado direito da cama uma porta, um banheiro talvez?

__ Como pode ver... Cozinha, quarto e lá perto da cama tem a porta do banheiro. - acertei
__ Quem dorme aqui? - perguntei me sentando sobre a cama e passando a mão  sobre a corta cinza que a cobria.
__ Eu ,quando está muito tarde pra voltar ou simplesmente não quero voltar pra casa, sabe, ficar fora do radar.
__ Vamos dormir aqui?
__ Algum problema com isso? - ele questionou enquanto lavava as mãos na pequena pia da "cozinha"
__ Nenhum, calma, eu só perguntei. - olhei ao redor e então lembrei - O que você disse que tinha que me dizer? Você acabou não falando...
__ Foi? - por um momento ele pareceu estar pensando, olhou em minha direção e só então ele fez uma expressão que creio eu  que ele havia lembrado - Ah... é só que... para todos os efeitos essa tatuagem não fui eu quem fiz.
__ Hã? Quê? Por que?
__ Ninguém além dos meus amigos sabem que sou um aspirante a tatuador, inclusive nossos pais.
__ Mas... não consigo entender...
__ Não preciso que entenda, preciso que faça isso ,por favor. Se te perguntarem diga que eu que peguei ela pra você.
__ Como quiser. - observei a tattoo e perguntei - e se perguntarem quanto custou?
__ Ela custou $400 Dólares. - observando minha cara de incrédula sobre si, ele completa - esse seria o preço se fosse em qualquer outra pessoa.
__ Caralho. Quer dizer ,minha nossa! - ele sorriu
__ Não precisa se corrigir, eu também xingo, não seja tão formal comigo.

Eu retribui o sorriso e o observei andar até a cômoda ao lado da cama. Ele tirou algumas peças de roupa e as segurou contra o peito.

__ Vou tomar um banho agora, se importa de ficar sozinha um pouco? - depois daquela pequena cena lá fora eu até cogitei a possível de dizer um simples "sim" e ver no que ia dar, mas um lado meu me impede de fazer isso e eu não sei porque.
__ Claro que não. - Mentirosa
__ Ok! 

Ele abriu a porta do banheiro e por alguns o vi por dentro.

__ Se quiser entrar ,é só entrar. - nash falou num tom que aos meus ouvidos saiu sexy pra caralho, ao fechar a porta.
__ Não, obrigada. - estou quase indo porra

Ouvi a água do chuveiro cair e do lado de fora eu me deitei na cama, com a cabeça sobre um travesseiro e segurando o outro entre os braços.
   Ele molhou o cabelo? Ele está de fato tomando banho ou será que está perto da porta fazendo alguma pose toscamente sexy esperando que eu entre?
Sorri com meus próprios pensamentos e me virei de costas para a porta do banheiro, bocejei e devolvi a seu devido lugar o travesseiro que estava em meus braços. Bocejei novamente. Olhei para cima e vi um ventilador de teto, procurei onde seria seu interruptor e previsivelmente estava próximo a cama, o apertei e o observei girar ,fazendo um ventinho gostoso pairar em meu corpo.
Bocejei mais uma vez e encarando a parede a minha frente me senti leve, cada vez mais leve, até que depois eu não senti e nem vi mais nada.

A não ser da pele moderadamente fria que tocou meus braços e depois me senti envolta a algo aquecido e macio. Obrigada, ser do além que me proporcionou calor, obrigada.

Panther's HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora