CAPÍTULO 2: Professor Kirke

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"Se um homem não descobriu nada pelo qual morreria, não está pronto para viver."
-Martin Luther King

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Na manhã seguinte Pedro e Edmundo olhavam distraídos pela janela do trem a vasta paisagem rural. Os dois iam para o interior buscar alguns tecidos especiais a pedido de sua mãe para a festa desta noite e lá estavam, chacoalhando numa cabine para conceder os desejos da mãe.

Pedro desde que desabou na noite anterior vem lutando com a crescente sensação de arrependimento e tristeza enquanto Edmundo escondia cada vez mais o pavor da ideia de a Feiticeira Branca estar viva. Ele não conseguia evitar em internalizar cada vez mais seu pavor.

Os dois passaram quase duas horas sem se falar, cada um perdido em pensamentos e em seus próprios medos, mas quando o som do apito soou os dois voltaram automaticamente para o mundo real, sorrindo de forma cortes como se nada estivesse acontecendo.

Quando desembarcaram numa estaçãozinha velha e decaída, Pedro olhou mais uma vez o endereço. Bom, era ali.

-A mamãe disse que a mulher deixaria na estação os tecidos, né? – Confirmou Ed.

-Sim... vou ver ali dentro no guichê.

Pedro entrou, mas não demorou nem um minuto e já saía com uma caixa cheia de tecidos sob os braços.

-É isso? Pra mim é tecido normal. – comentou Ed. Pedro sorriu e olhou o tecido.

-Mamãe disse que é persa. – comentou Pedro depois olhou o relógio. O trem só passaria daqui uma hora.

O rapaz deixou a caixa ao seu lado, no banco do lado de fora da cabine e sentou-se resignado a esperar no tédio.

-Aí, Pedro, esse lugar é familiar pra você? – perguntou Ed andando pela estação a céu aberto.

Pedro olhou. Para ele era só uma estação rural normal... até se dar conta de algo imperdoável de se esquecer.

-Não! Ed! Foi aqui! – disse Pedro levantando num salto.

A mansão do Professor Kirke. Lugar onde os quatro irmãos foram abrigados no início da guerra, onde descobriram o guarda-roupa.

-Vamos lá! – disse Edmundo sorrindo pela primeira vez desde ontem.

-Mas o trem, Ed!

-É daqui há uma hora, Pedro! Eu tô com fome, vamos ver se o professor nos oferece um chá!

Então os dois irmãos se embrenharam pela rua de barro que levava para a mansão do professor.

Aquele homem foi uma joia em suas vidas, ele acreditou nos meninos. Foi o adulto que acolheu a ideia do mundo no Guarda-roupa e os orientou a não contar para mais ninguém. Naquela época, pequenos e despreparados, teria sido um período bem conturbado até acostumarem com o mundo real de novo se não fosse o apoio de Digory Kirke.

-Lembra como ele gostava que a gente contasse as histórias para ele na hora do chá? Será que ele ainda vai gostar quando contarmos sobre Caspian e os Telmarinos? Nossa, quando ele souber do Peregrino da Alvorada! – comentou Ed em êxtase.

-Verdade, ele é um homem tão bom... as vezes parecia que ele precisava das histórias. – comentou Pedro pensando a respeito. – Ele sempre me dava bons conselhos, foi por ele que lidei bem quando voltamos de Narnia na primeira vez.

MY KING; Edmund Pevensie || NARNIAOnde histórias criam vida. Descubra agora