Capítulo 1

275 18 3
                                    


Anna

Me jogo sobre o espaçoso sofá da sala principal, tal qual uma batata caindo do saco. Minha cabeça dói e o gosto do álcool ainda está na minha boca.

Não estava nos meus planos acordar tão cedo, mas Jason, meu agente me tirou da cama e basta olhar para seu rosto, para saber que estou em apuros.

— O que foi dessa vez? — Pergunto, colocando um dos meus braços sobre meus olhos para bloquear a luz solar.

Jason suspira fundo e se recosta na poltrona na minha frente.

— Até quando você vai viver essa vida desregrada, Anna? — nem me dou o trabalho de responder, afinal de contas ele já sabe da resposta. — Desde que as gravações do seu último filme se encerraram, é isso todo santo dia. Mas dessa vez, você passou dos limites.

Gostaria de ignorá-lo, mas não consigo. Afinal de contas, Jason é a única pessoa nesse mundo que sei que realmente gosta de mim. É claro que cuidar da minha carreira é seu trabalho e ele ganha muito bem para desempenhar esse papel, mas eu sei que não é só isso. Esse cara zela por mim com o mesmo carinho que zela de suas próprias filhas. E esse é o único motivo que me leva a sentar de forma correta no sofá e ouvir seus sermões dia após dia.

— Jason, você mais do que ninguém sabe dos motivos que me levam a beber. Eu preciso anestesiar toda essa dor que carrego aqui dentro. — Digo e aponto para meu peito.

— Não, Anna. Você não precisa disso, mas sim, levar a sério o seu tratamento psicológico.

— Tratamento psicológico... Isso sim é uma grande besteira. Toda semana me sento em um divã e fico falando sobre minha vida para uma desconhecida que finge me escutar.

— Você sabe que não é bem assim, até porque, você mesma me disse que não falou com sua terapeuta sobre o que precisa realmente falar.

O encaro, firmando meu olhar no seu antes de continuar.

— Eu não falarei disso com ninguém. — Meu tom de voz firme deve ter servido de alerta para ele, pois não insiste no assunto. — Okay, se está aqui tão cedo é porque alguma merda aconteceu e vou repetir minha pergunta: O que foi dessa vez?

— Você realmente não lembra?

Acho que tem algo a ver com a noite passada, mas bebi tanto, misturei tanta coisa que as imagens na minha mente não passam de um borrão.

— Da noite passada? Pouca coisa. — Digo e dou de ombros.

— Talvez essas fotos possam refrescar sua memória.

Ele joga um jornal impresso sobre a mesa de vidro entre os dos sofás da sala, jogo meu corpo um pouco para frente, apenas o suficiente para que possa enxergar o papel.

— Ai que merda! — é a única coisa a dizer diante da notícia destaque na primeira capa.

Uma foto enorme minha, com um taco de beisebol na mão quebrando o carro de um dos fotógrafos que provavelmente me seguia. Diante da imagem, as cenas da noite passada começam a passar uma por uma na minha cabeça numa clareza admirável.

Eu em um bar bebendo tudo que podia, depois em uma boate, a perseguição dos paparazzis por toda a Sunset Strip Boulevard e por fim, eu gritando com o motorista que parasse o carro, quando ele o fez eu desci e o resto... bem, o restante da história está estampada na primeira página de jornal.

— Uma enorme merda, Anna. Uma grandessíssima merda! — Jason se exalta.

Pego o jornal em minhas mãos e leio a matéria.

NAS GARRAS DO LEÃO - MEU QUERIDO GUARDA-COSTASOnde histórias criam vida. Descubra agora