Capítulo 12

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Anna

Acordo ao som do meu telefone tocando e tudo que quero fazer é jogá-lo para bem longe, apalpo as cobertas, e sem nem ao menos olhar para tela envio quem quer que esteja ligando para a caixa de mensagem.

Sou péssima para conversas matinais, além do mais, estou sentindo a cabeça pesar, os remédios para dormir te ajudam a apagar, porém o sono é conturbado e no dia seguinte é como se tivessem lhe dado uma porrada forte. Esse é o motivo que me leva a recorrer sempre ao álcool para me ajudar a adormecer

A noite passada foi turbulenta e com algumas surpresas, como quando tive que engolir em seco quando Lion me disse que já esteve na guerra. Naquele momento, se eu houvesse um buraco para enfiar meu rosto tal qual uma avestruz eu teria feito. Tamanho foi o constrangimento que senti por ter dito coisas a ele em meu instante de frustração.

O que mais me dou foi ter sido tão insensível, não sou esse tipo de pessoa, que não se preocupa com as pessoas ao meu redor, ou pelo menos não era. Mas desde do episódio traumático que tive com meu ex-namorado, é como se houvesse esquecido de quem realmente sou.

Estou ferida e quando se está dessa forma, atacamos sem pensar em quem vamos atingir, estou na indústria cinematográfica há tempo suficiente para saber que a maioria dos atores e atrizes são pessoas egoístas, do tipo que pensam que o mundo deve se curvar a eles, que seus problemas são maiores que os outros. Mas nunca enxerguei as coisas dessa forma.

Encaro minha profissão da forma que ela é, meu trabalho e devo ter cuidado e zelo com as pessoas que trabalham ao meu redor. Minha atitude foi além de agressiva, infantil, quando no auge da minha frustração disse que ele jamais saberia da minha dor, é claro que, o que passamos são coisas diferentes, mas é totalmente injusto eu achar que sou a única que sofre no mundo e nem posso imaginar o terror que um soldado de guerra já pode ter visto.

Não tive coragem de perguntar a ele, quando serviu ao país, nem mesmo sobre sua patente. E não agradeci pelos seus serviços prestados à pátria, porque percebi que é algo do qual ele não se orgulha.

Algumas coisas também se encaixaram, como o fato de o homem estar sempre em uma postura rígida e não revelar seu verdadeiro nome. Se pudesse voltar atrás, eu me chutaria no momento em que perguntei a ele sobre esse assunto.

Respiro fundo e tento me perdoar, pois a grande verdade é que, o mundo anda tão louco e cheio de maldades que uma pessoa totalmente estável e saudável é quase impossível de se encontrar. Eu não estou bem, agi de forma idiota.

Chuto as cobertas para longe e decido me levantar no mesmo instante que o telefone toca mais uma vez, o nome de Jason brilha no visor, com a cabeça ainda um pouco zonza, atendo a ligação e vou direto para o banheiro.

— Por que você insiste em ligar sempre tão cedo? — Pergunto e encaro minha imagem diante do espelho. As marcas das noites viradas e do choro da passada estão evidentes em meu rosto. É difícil me reconhecer no reflexo, me pergunto para onde foi aquela Anna alegre que acordava todo dia acreditando que poderia dar o melhor de si? Agora, tudo que tenho é uma imagem cansada de alguém cheia de dores e mágoas.

— Já passam das dez da manhã querida, você deveria se levantar e comer algo. Sei que tomou medicação na noite passada. — Massageio minhas têmporas e me sento no vaso sanitário para conversar com ele.

— Vejo que o memorando já foi enviado pelo meu querido guarda-costas. — Digo, mais amarga do que deveria ser. Ainda estou incomodada com toda essa proteção.

— Ele está fazendo o trabalho dele, Anna. Além do mais, a crise o pegou de surpresa. Não havia comentando com ele sobre isso, uma vez que fazia algum tempo que elas não apareciam. O que aconteceu para que a desencadeasse? Estou realmente aliviado que ele soube como agir e te ajudar.

NAS GARRAS DO LEÃO - MEU QUERIDO GUARDA-COSTASOnde histórias criam vida. Descubra agora