Capítulo 11

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Lion

Conforme vou passando as páginas do dossiê que Justin conseguiu levantar sobre Robbie Thomas, mais chocado fico. Eu, um cara que vivi os piores pesadelos da guerra e já tive minha cota de horrores ao longo da vida, não sou imune a certas coisas. O ator se envolveu com adolescentes, fãs menores de idade perante a justiça, meninas que o idolatravam por seus trabalhos e foram conquistadas da forma mais leviana possível.

As que decidiram denunciar os abusos, foram silenciadas pelo poder que o cara tem nas mãos e pelo pai e sua influência dentro da política.

Em suma, Robbie Thomas tem um vasto histórico de uso de entorpecentes e abusos a mulheres e grande maioria delas, com pouca idade, o que é ainda mais revoltante.

Jogo o telefone de lado, sei que ainda tenho muita coisa para ler, mas me deparar com abuso infantil mexe com meus sentimentos e estou cansado da viagem. Amanhã ligarei para Justin e conversarei com ele sobre o assunto.

Decido tomar um banho e preparar algo para o jantar, olhei na geladeira mais cedo e vi que Jason deixou tudo preparado para nossa chegada.

Assim que me levanto do sofá, ouço um barulho vindo do andar de cima, fico cismado de imediato, é como se alguém tivesse caído ao chão. Sigo em silêncio, para ver se ouço algo mais, mas como não, dou um passo em direção às escadas para ir até meu quarto. É quando ouço Anna gritar, um grito desesperado que me leva a subir as escadas rapidamente, pulando os degraus de dois em dois na ânsia de chegar mais rápido ao piso superior, corro até sua porta e bato:

— Senhorita Miller, o que está acontecendo? — Questiono do outro lado da parede. — Anna, abra a porta pra mim, está machucada?

Ela não me responde e tudo que consigo ouvir é seu choro e soluços.

— Merda! — Xingo — Anna, eu vou precisar entrar no quarto, vou arrombar a porta okay? — Mais uma vez, apenas ouço choro como resposta. E a única coisa que me resta a fazer é agir.

Tomo um pouco de distância da porta e dou um chute certeiro na mesma, que balança, mas não cede. Mais um chute e nada, considero pegar minha arma e atirar na fechadura, mas isso poderia desesperar ainda mais a garota lá dentro.

Tomo mais distância e uso a força do meu corpo contra a porta, e na terceira tentativa, finalmente consigo arromba-la. Adentro o quarto em desespero, mas quando percebo o que está acontecendo, paro de supetão.

A cena que se desenha à minha frente é lamentável e eu sei muito bem do que se trata.

Para alguém que já teve sua cota suficiente de ataques de pânico na vida como eu, é fácil reconhecer um de imediato.

Anna está sentada, apoiada em suas pernas, os braços em torno do corpo na ânsia de buscar proteção, os olhos vidrados em nada especifico enquanto chora e joga o corpo para frente e para trás em um movimento involuntário e repetitivo.

Já passei por isso diversas vezes e sei o quão desesperador é. Me aproximo dela lentamente, tomando o máximo de cuidado para não a assustar ainda mais, apoio meu corpo sobre meus joelhos e me sento apoiando em minhas pernas, ficando na mesma posição que ela, tomando cuidado em cada movimento que faço.

Não a chamo, nem a toco, apenas fico ali por algum tempo, esperando que ela consiga fazer contato visual comigo. A paciência nesses casos é fundamental, respeitar o surto do outro é a única forma de ajuda-lo.

Quando ela finalmente fixa seu olhar no meu, se dando conta que estou aqui é que decido falar.

— Vai ficar tudo bem, senhorita Miller. — Sussurro baixinho, Anna me encara em desespero. — Eu preciso que preste atenção em mim e inspire profundamente. Consegue fazer isso? — Ela concorda com um aceno de cabeça e então, puxo eu mesmo uma lufada de ar para que me acompanhe e assim ela faz. — Isso, agora, solte o ar bem devagar. — Instruo. Repito o comando diversas vezes, até pouco a pouco sua respiração começa a regular. O choro cessa e finalmente Anna consegue soltar as mãos deixando-as cair ao longo de seu corpo. O pior já passou.

NAS GARRAS DO LEÃO - MEU QUERIDO GUARDA-COSTASOnde histórias criam vida. Descubra agora