Capítulo 7

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Lion

— Ainda acho isso tudo uma péssima ideia, Lion. — Justin argumenta mais uma vez, ele tem feito muito isso nos últimos dias.

— Justin, não é a coisa mais fácil que vou fazer na vida e você sabe muito bem o porquê, mas algo me diz, que é necessário.

— Conversei com Mel e diante das circunstâncias, ela disse que não se importa de eu ir no seu lugar, estamos realmente preocupados com você e essa história. Me desculpe insistir tanto, mas eu sou seu amigo, sei de todos os seus demônios e acho que se envolver em algo que é tão parecido com seu passado é ruim, muito ruim!

— Por favor, pare com isso. — Tento impedi-lo de continuar.

— Não posso, Lion. Tenho visto ano após ano essas lembranças te assombrarem, por mais que tente não me meter, eu vejo tudo, te observo diariamente. Você não vive, apenas sobrevive porque é necessário. Tem essa pose de durão, se comporta como o Leão forte que conheci nos campos de batalha, mas no fundo, está destroçado.

— Eu não vou mentir pra você que a situação me trouxe alguns gatilhos, que ver aquelas filmagens me fez ter vontade de vomitar. Mas por outro lado, eu vejo uma jovem que está precisando da minha proteção e posso realmente ser útil. Não tire de mim essa chance ajuda-la. Não sei quais consequências virão após isso, mas não posso evitar.

— Uma cliente não pode ser a sua tábua de salvação, Lion. É trabalho e é muito perigoso envolver emoções pessoais.

Passo as mãos pelo rosto frustrado, por mais que meu amigo tente entender o que estou sentido, ele não se sente como eu. E tentar explicar seria inútil, pois nem mesmo sei o que está acontecendo direito.

Geralmente eu correria desse tipo de missão, só que parece que uma força maior universal me arrastou até ela e só me coube aceitar.

— Lion, ela não é a Olivia, por mais que ache que isso vai te ajudar a consertar as coisas, o tempo não volta. Infelizmente a tragédia já aconteceu e não foi culpa sua. Deus, como isso me frustra! — Ele se levanta e caminha de um lado para outro, odeio trazer esse tipo de questão à tona. Odeio meus momentos de fragilidade. — O que sua terapeuta disse sobre isso?

— Não contei a ela.

— Por Deus, homem! Como pode ser tão teimoso?

— Já chega, Justin. Está decidido, eu vou e pronto. Já dei minha palavra e sabe muito bem que não sou homem de voltar atrás. Por mais que pareça maluco, é meu trabalho, sou um guarda-costas devidamente treinado para isso.

— Continuo sendo contra!

— Sinto muito, mas vou te desapontar dessa vez. — Digo me levantando. — Preciso ir para casa, vou arrumar as malas, sairemos muito cedo amanhã. — Meu amigo suspira derrotado.

— Pelo menos me mantenha sempre informado.

— Manterei.

— E se a coisa ficar muito pesada, não hesite em pedir ajuda.

— Vai ficar tudo bem, Justin. Confie em mim, eu sou um Leão feroz, lembra?

— Lembro bem, mas sei também que até mesmo as maiores feras correm o risco de serem abatidas.

Dou um tapinha de leve em suas costas e o deixo no escritório. A preocupação de Justin é genuína e não sou hipócrita de me achar indestrutível.

Foi no exército que recebi o codinome de Leão, era considerado uma fera nos combates, do tipo que sempre sabia a hora certa de atacar a presa e sair vitorioso.

NAS GARRAS DO LEÃO - MEU QUERIDO GUARDA-COSTASOnde histórias criam vida. Descubra agora