Anna
Finalmente colocar para fora tudo que guardei dentro de mim nesses meses foi uma catarse. E o que jamais imaginei que seria com alguém que conheci a tão pouco tempo.
Mas a noite de hoje, diante todos os contrastes que enxerguei entre uma vida simples e a loucura que vivo em Los Angeles, a forma protetora com que Lion age ao meu lado e o fato dele ter sido a única pessoa desde o ocorrido a insistir que não tenho culpa pelo que passei, me levaram para esse caminho.
A barreira das lágrimas, uma vez rompida é dificilmente controlada. Mas não me impeço de jogar para fora todos os traumas e dores. Choro, ancorada por esse homem com o qual me senti confortável em dizer em voz alta o terror que vivi. Pois no fundo eu sabia que dele não viriam julgamentos, nem repreendas. Tudo isso é muito louco, mas ao mesmo tempo, há uma estranha sensação de reconhecimento. Sei que Lion também carrega seus próprios traumas, talvez por isso, tenha tomado coragem de contar minha história.
A chuva lá fora, antes fina, agora cai de forma torrencial enquanto estamos perdidos no meio do nada dentro do carro, vagarosamente, procuro inspirar profundamente, soltando o ar devagar repetidas vezes e após algum tempo, que nem sei quanto foi, finalmente consigo me acalmar.
— Me desculpe por isso, molhei toda sua camisa. — Me afasto de seu aperto e limpo meu rosto.
— Não se preocupe. Está melhor? — Em seu rosto consigo ver uma preocupação genuína, a mesma que teve ao me avisar antes de me amparar em seus braços.
— Mais leve, sinto muito ter despejado toda essa história triste em você. Mas acho que você já conhecia uma parte dela.
Robbie é um sujeito tão deplorável e sádico, que além de fazer o que fez comigo, gravou o ato. A policia teve acesso a esse vídeo, minha defesa também, eu jamais tive coragem de assisti-lo. Mas tenho certeza que Jason comentou isso com a equipe de segurança.
— Eu sabia, Anna. Apenas o que é necessário para uma equipe de segurança saber. Mas tudo que me contou é ainda mais profundo, eu sinto muito que tenha passado por essa experiência. Aquele cara nem pode ser caracterizado como ser humano, ele é um monstro, um psicopata. — Fala com a fúria estampada em seu rosto bonito.
— Aos poucos estou entendendo isso, mas durante um tempo, os sentimentos eram controversos, procurei de todas as formas inserir minha parcela de culpa nesse caso, por não ter prestado atenção na bebida, por não ter reagido... Enfim, é um processo complicado.
— Traumas são difíceis de serem superados, é um dia de cada vez. — Me conforta e no fundo, sei fala com conhecimento de causa.
— Um dia de cada vez... — Repito suas palavras e o encaro e dou um breve sorriso de agradecimento.
— Está pronta para voltar para casa?
— Agora sim. — Suspiro.
— Então vamos! — Dá a partida no carro e seguimos para casa, todo o caminho é novamente em silêncio, olho para fora e vejo a chuva cair em gotas pesadas, sinto o peito e o corpo leve. Como se carregasse um peso enorme sobre mim por muito tempo e finalmente alguém me ajudasse a transportá-lo.
Recosto minha testa no vidro da janela e fecho os olhos. E após muito tempo, consigo sentir o sono se aproximando de forma natural, sorrio diante da nova sensação e me permito descansar.
***
Mãos firmes contornam meu corpo, ainda sonolenta, abro meus olhos e vejo que meu guarda-costas está me retirando do carro. Dormi todo caminho de volta para casa.
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NAS GARRAS DO LEÃO - MEU QUERIDO GUARDA-COSTAS
RomanceNAS GARRAS DO LEÃO - MEU QUERIDO GUARDA-COSTAS [Capa e sinopse temporárias] Após um incidente traumático, a vida da atriz Anna Muller muda completamente, a menina doce que cresceu diante das câmeras se transforma em poucos meses na "garota problema"...