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Hanna Dixon Raleigh

Voltamos para Oceanside, porém não tínhamos muito o que fazer. Ninguém tinha sido mordido para sabermos se a vacina era forte o suficiente para evitar mortes nessa situação. Esperar era o que estava ao nosso alcance, porém a incerteza estava acabando comigo.

— É tudo culpa minha... – disse pela terceira vez encarando Carl. – A ideia de vir foi minha. Eu coloquei a vida de todos eles em risco, e eu posso perder a Gracie. O que eu vou dizer ao Eric e ao Aaron? Eu não posso voltar pra casa sem ela.

— Hanna, você não vai perder ela. Já se passaram horas e ela não teve nem febre, vai ficar tudo bem. – o garoto disse tentando me confortar.

— Eu fico de olho nela, vocês precisam descansar. – Cyndie disse entrando no quarto. – Eu sei que está preocupada Hanna, mas ela não vai gostar nada de ver você nesse estado quando acordar.

— Obrigada, Cyndie. Se acontecer alguma coisa, me chame imediatamente. Se ela se transformar...

— Eu chamo você, Hanna.

***

Por mais que eu tentasse, não conseguia dormir de forma alguma. Me levantei com cuidado para não acordar o Carl, e voltei para o quarto onde Gracie estava. Cyndie continuava cuidando da minha irmã, mas dava pra ver em seu rosto que já estava cansada.

— Ela teve febre ou algo do tipo? – questionei me sentando ao lado de Cyndie.

— Nadinha. Ela está dormindo como um anjo desde que saíram. – ela respondeu me encarando com um sorriso. – Já tem mais de doze horas que ela foi mordida, acho que pode ficar tranquila agora.

— Vamos voltar para Alexandria assim que amanhecer, eu preciso examinar ela para ter certeza de que o vírus não está em seu organismo. Tenho medo que a vacina só tenha tardado a transformação.

— Eu estou confiante de que vai ficar tudo bem.

— Obrigada, Cyndie. Você pode ir dormir se quiser, eu não estou com sono.

— Acho que vou mesmo, foi um longo dia...

— Obrigada por tudo.

Cyndie sorriu e saiu do quarto, me deixando sozinha com minha irmã e meus pensamentos. Eu sentia tanta culpa, e estava tão assustada com tudo aquilo. Aaron e Eric confiaram em mim para cuidar da Gracie, e eu deixei que isso acontecesse.

— Não fica com essa cara, eu estou bem. – Gracie disse baixinho se sentando na cama. – Deveria descansar.

— Como está se sentindo? – disse a encarando com um meio sorriso.

— Eu já disse, estou bem. Eu não estou fraca, nem com febre, foi apenas um susto.

— Tem certeza?

— Alguma vez eu já menti para você?

— Tem razão... Vamos voltar para casa, está bem? Quero ter certeza de que a vacina eliminou todo o vírus do seu organismo.

— Eu estraguei nossa viagem... Logo agora que eu estava me dando bem com a Judi...

— Você não estragou nada, Gracie. Eu deveria estar tomando conta de vocês, e deveria estar atenta.

— Não foi culpa sua, Nani.

— Não foi culpa sua também, Gracie.

Assim que Carl acordou, tratou de juntar nossas coisas e arrumar novamente o carro para voltarmos para Alexandria. As crianças estavam tristes por estarmos voltando mais cedo, porém eu não podia arriscar ficar.

Nos despedimos de todo mundo e seguimos viagem de volta para casa. As crianças brincavam e cantavam, porém eu ainda estava tensa com tudo que havia acontecido.

— Hey, vai ficar tudo bem. – Carl disse apoiando a mão em meu ombro.

— Eu sei, eu só... – suspirei sem tirar minha atenção da estrada. – Eu não consigo me perdoar pelo que aconteceu.

— Ela está bem, Hanna.

— E se tivesse sido a Judith, você estaria assim tão bem?

— E quem disse que eu estou bem? Eu também estou preocupado, mas me desesperar não vai resolver nada. E você já está eufórica o suficiente por todos nós, alguém precisa manter a calma pra não deixar você surtar.

Após chegarmos em Alexandria, pedi que Carl ficasse com as crianças enquanto eu levava Gracie até meu laboratório. Minha mãe estava lá, e me ajudou a examinar minha irmã.

— A amostra que eu coletei parece limpa, quer dar uma olhada? – Helena disse me dando espaço.

— Realmente, está limpa. – disse após analisar a amostra. – Incrível...

— Então podemos concluir que a vacina também é eficaz contra as mordidas. De certa forma, Gracie nos ajudou.

— De uma forma terrível.

— Você deve ter ficado desesperada...

— Fiquei. Se não fosse pelo Carl, acho que eu teria perdido a cabeça.

— Ele é um bom garoto.

— É sim.

— Então, você já pensou na proposta dele?

— Eu não sei ainda. Eu amo o Carl, mas queria que tudo estivesse resolvido pra poder me casar com ele.

— E se as coisas nunca se resolverem? Vai continuar adiando? Hanna, é da sua felicidade que estamos falando.

— Sou muito feliz com a minha relação atual com o Carl. E nós praticamente vivemos uma vida de casados, não tem necessidade disso...

— Acho que não quer se prender, e isso é totalmente compreensível, principalmente depois de ter tido como exemplo o meu casamento com o seu pai. – Helena suspirou e se sentou ao meu lado. – Querida, você e o Carl não são eu e seu pai. Não tem que ter medo de casar com ele. Vocês se amam, e o amor de vocês dois é tão forte que se manteve firme durante todo esse tempo, depois de todos os acontecimentos dos últimos anos. Se ele te pediu em casamento, isso é importante pra ele. E se isso não é importante pra você, talvez seja melhor repensar algumas coisas. Eu sei que machucar ele não é algo que você queira, então...

— Eu sei o que quis dizer. E você está certa, eu tenho mesmo que repensar em algumas coisas. A última coisa que quero no mundo é magoar o Carl.

— Independente da sua decisão, tanto eu quanto seus pais, vamos estar do seu lado.

— Obrigada, Helena.

Eu realmente queria que tudo estivesse bem antes de me casar com o Carl, antes de constituir uma família com ele. Eu pensava em um futuro para nós dois, com uma casa grande e duas ou três crianças correndo em volta de mim. Eu pensava muito sobre isso, mas pra mim, era um sonho distante. Mesmo depois das vacinas, não quero criar meus filhos nesse caos. Era isso mesmo ou... Helena estava certa?

𝚃𝚑𝚎 𝚗𝚎𝚠 𝚆𝚘𝚛𝚕𝚍 𝚘𝚏 𝙳𝚎𝚊𝚍 [𝙲.𝙶] - [ᴄᴏɴᴄʟᴜɪᴅᴀ]Onde histórias criam vida. Descubra agora