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Hanna Andrews

Seguimos em silêncio até em casa. Judith ainda abraçava meu pescoço com firmeza, e cantava uma música de ninar que eu havia ensinado para ela a um tempo atrás.

— Está com soninho? — digo abrindo a porta em seguida.

— Sim. Quero dormir com a Hanna. — ela disse fazendo um biquinho fofo.

— Pode ir se quiser, ela não dá tanto trabalho para dormir. — encaro Carl que nega sentando no sofá.

— Precisamos conversar. — ele diz sem me encarar.

— Não precisamos, não tenho nada para falar com você.

— Hanna, não quero deixar as coisas mal resolvidas. Não estou pedindo para voltar comigo, estou pedindo para me ouvir. Te devo explicações de muitas coisas.

— Vou colocar a Judith para dormir.

Dei as costas para o garoto e subi as escadas seguindo até meu quarto. Arrumei a cama e deitei com a pequena, fazendo um carinho em seu rosto e cantando a música que sempre cantava para ela dormir. Em poucos minutos ela apagou, provavelmente estava cansada, assim como eu. Desci novamente as escadas e me aproximei do sofá, dei um longo suspiro e me sentei ao lado de Carl.

— Bem, pode começar. — digo e ele assente.

— Primeiramente, eu sei que te deixei confusa com relação aos meus sentimentos. Confesso que nem eu estava me entendendo, e eu sinto muito por isso. Só quero que saiba que nunca menti para você, e nunca duvidei do amor que sinto por você. Eu te amo de verdade, Hanna Andrews. Você foi minha melhor amiga, desde que tudo isso começou, uma das melhores pessoas que conheci, e eu nunca mentiria para você. Meu amor sempre foi verdadeiro, e ainda é. Eu te amo, e quando a gente ama alguém, queremos ver aquela pessoa feliz, e eu sei que tudo o que tenho te proporcionado foram lágrimas e tristeza, e eu não quero que nossa amizade acabe com você tendo uma péssima visão de mim, e sei que é difícil perdoar tudo que te fiz passar, mas espero que consiga um dia. Eu sei que está na hora de te deixar ir. Você merece ser feliz, e se tem uma coisa que eu não trago pra sua vida é felicidade. Eu sinto muito por tudo que causei, por partir seu coração. Eu te amo.

Ambos estávamos de olhos marejados, prontos para desabar em lágrimas. Carl me encarava com aquela imensidão azul, e eu me sentia preenchida por seu olhar. Não podia negar, eu o amava intensamente ainda, mas como ele disse: Ele não me fazia feliz.

Parecia mesmo ser o final, e aquilo me quebrava por dentro. Passamos por tantas coisas, quase morremos diversas vezes, e no final sempre acabamos juntos. Talvez fosse melhor deixar que o tempo decidisse o que seria.

— Espero que seja feliz, Carl. Você sabe onde fica a saída, eu preciso mesmo descansar. Se cuida.

***

Aquela semana passou voando, e muita coisa aconteceu. Pra começar, a despensa estava quase vazia, o que causou um enorme alvoroço entre os alexandrinos. Rick e Daryl saíram em busca de algumas coisas, e voltaram com um convidado inesperado.

Jesus queria nos apresentar sua comunidade, e parece que precisava da nossa ajuda para se livrar de alguns inimigos. Rick estava interessado, queria proteger Alexandria, faria de tudo para evitar problemas futuros.

— Qual o nome da sua comunidade? — encaro Jesus que sorriu me encarando de volta.

— Hilltop. Temos um médico, fiquei sabendo que é uma ótima enfermeira. — ele diz cruzando as pernas se aprofundando no sofá.

— Meu pai era médico militar, ele me ensinou muitas coisas. Eu também era uma criança curiosa, sempre fazia pesquisas, lia alguns livros sobre medicina, e treinava muito cuidando dos machucados do meu irmão.

— Seu pai era um homem inteligente, preparou a filha para sobreviver ao fim do mundo.

— Bem, eu tenho muito que aprender ainda. Acho que sei de mais sobre medicina e pouco da vida.

— Você sabe mais do que imagina, só que seus conhecimentos estão bem guardados.

Não sabia o que responder, então apenas sorri fechado. Logo Rick desceu para a sala com Michonne e Carl. Desviei o olhar me levantando e indo até a cozinha.

— Tem certeza de que quer ir para Hilltop com a gente? — Mich diz aparecendo na cozinha.

— Prometi para a Maggie que não sairia do lado dela. Se ela for, eu vou. — respondo sem encarar ela.

— Hanna, tem um médico em Hilltop.

— Mas não tem no meio do caminho. Não sabemos quanto tempo vai levar até Hilltop. E se a Maggie passar mal no caminho? A gravidez dela é de risco, não quero dar bobeira. A Lori morreu por minha causa, por eu não ter coragem o suficiente de encarar o Carl, acabei dando bobeira. Não vou cometer o mesmo erro novamente. Mesmo que seja torturante ficar perto dele, não vou vacilar. Não com a Maggie. Não com o Glenn.

— Não foi sua culpa, Hanna. Não se culpe desse jeito, isso vai acabar te consumindo e não te fará bem. Mesmo se estivesse lá, o que poderia fazer? Você era apenas uma criança.

— Eu sei... Mas eu não consigo parar de pensar que, se eu estivesse lá, talvez o Carl e a Judith ainda teriam a mãe.

— Sei que leva tempo, mas tenta se perdoar por isso, está bem? Vou dar um jeito de te colocar em outro carro, talvez você possa trocar de lugar com alguém.

— Obrigada, Mich.

Saímos de casa e eu me despedi do meu pai Eric e do casal problemático, also Liam e Beca. Grudei que nem chiclete em Maggie e consegui trocar de lugar com Glenn.

— Todos prontos? Já podemos seguir? — Rick diz parado ao lado do carro.

Todos concordaram e nos acomodamos nos carros. A viagem foi tranquila, e a comunidade de Jesus não era tão grande quanto Alexandria, mas haviam várias famílias no lugar. O líder era um velho rabugento, e assim que começou a falar já me deu nos nervos.

— Vou olhar por aí... — sussurrei para Glenn.

— Tudo bem, tome cuidado. — ele respondeu antes de eu sair.

O pessoal de Hilltop fabricava suas próprias armas, as plantações eram diversas, e todo mundo parecia colaborar. As crianças correndo pelo terreno conseguiu me arrancar um sorriso, automaticamente pensei no filho da Maggie e do Glenn, logo ele estaria correndo por Alexandria.

— Crianças são encantadoras, não acha? — um homem diz saindo de um dos trailers.

— De mais. — sorri fechado o encarando.

— Sou Harlan Carson, ou Doutor Carson, como preferir.

— Ah, você é o médico daqui? Sou Hanna Andrews, não sou formada mas, digamos que sou tipo uma enfermeira.

— Parece tão nova, como aprendeu sobre medicina?

— Meu pai. Ele era médico militar, me ensinou bastante coisa antes de tudo isso, e eu li bastante livros também.

— Isso é ótimo! Da sua idade eu dava muito trabalho para os meus pais. Tenho alguns livros aqui, se quiser, posso emprestar pra você.

— Claro. Muito obrigado!

O Doutor Carson era uma pessoa legal, e eu ganhei livros novos sobre obstetrícia, o que ajudaria muito para mim lidar melhor com a gravidez da Maggie.

— Hanna, hora de ir. — Glenn diz acenando de longe.

— Foi um prazer conhecê-lo, obrigado pelos livros.

— Espero que ajude.

— Vão ajudar sim. Até mais, Doutor Carson.

𝚃𝚑𝚎 𝚗𝚎𝚠 𝚆𝚘𝚛𝚕𝚍 𝚘𝚏 𝙳𝚎𝚊𝚍 [𝙲.𝙶] - [ᴄᴏɴᴄʟᴜɪᴅᴀ]Onde histórias criam vida. Descubra agora