Intro

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Amber Wilson

Desde sempre tive essa sensação de solidão mesmo rodeada de gente, quando criança não entendia essa sensação, tudo que eu queria era crescer, não tinha noção de quão difícil seria.
Se pudesse falar para meu eu de 11 anos quão dura a vida tem sido agora, aquela menina jamais desejaria crescer.

Hoje tenho 21 anos, atualmente vivo em Toronto e costumava trabalhar num café para juntar um dinheiro e viver em Los Angeles.
Digo costumava pois hoje finalmente pedi demissão pois minha carta da UCLA finalmente chegou.

Minha mãe não parece feliz, visto que qualquer coisa que eu vá fazer longe dela parece ser um problema e então prefere diminuir todas as minhas conquistas e planos.
Calço meu tênis ansiosa pra contar a Connor que a carta finalmente chegou.
Connor é meu namorado, estamos juntos a 3 anos e ele não gosta muito da ideia do relacionamento a distância, ele preferiu estudar por aqui mesmo na University of Toronto.

Desço do ônibus que me deixa na frente da casa de Connor.
A mãe dele me atende e parece surpresa ao me ver.

—Amber?—Ela especula com o olhar nervoso.

—Olá senhora Kate! Vou fazer uma surpresa ao Connor.—Tiro minha carta da bolsa e mostro a ela.

—Talvez não seja o melhor momento, o Connor está com visita, você sabe, esses trabalhos de faculdade.—Ok, meu sorriso some isso está esquisito.

—Não tem problema, aposto que ele não vai se importar. — Passei por ela e subi as escadas achando estranho o comportamento da minha sogra.

Risada feminina, porta fechada.
Mais um passo.
Rodei a maçaneta.

—Amber?—Connor diz meu nome como se estivesse vendo um fantasma, completamente surpreso.

Meu chão cai, me seguro na porta para não me desequilibrar. Meu estômago revira.
Eles estão na cama, sem roupa, aquilo acabou de acontecer.

—Eu vim fazer uma surpresa.— Mostrei minha carta.
—Mas parece que você me surpreendeu primeiro.—Ri, prestes a chorar. Só pode ser uma piada.

Viro as costas após jogar nossa aliança na cara dele, desço as escadas correndo. Não quero que me vejam chorar.

—Eu disse que não era um bom momento e ela não me ouviu— A senhora Kate disse a Connor que corria atrás de mim.

—Você devia ter vergonha na cara de encobrir a traição do seu filho, a quanto tempo me fazem de idiota?—Cheguei perto dela.

—Ele é meu filho— Ela respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo.

—Você não presta! Por isso seu marido te trocou por outra!— Gritei.
—Tenho nojo de vocês!— Virei as costas deixando aquele maldito lugar.

Entrei no táxi e chorei como nunca. Não entendo como as pessoas conseguem fazer isso com as outras e agir com naturalidade.
Três anos de relacionamento pra isso? Eu pensei tanto desde que terminamos o colegial, cogitei a estudar aqui pra ficar com ele. Eu deixei meus sonhos de lado.

Cheguei em casa, minha mãe preparava o jantar e ao ver meu rosto perguntou o que aconteceu.

—Connor, ele aconteceu. Ele me traiu!— Comecei a chorar mais.

—Você não aprende nunca né Amber? Homem não presta e não serve pra nada. Bem feito, isso serve pra aprender a não ser uma idiota.— Ela disse com naturalidade.

Ah, a insensibilidade dela, as vezes me esqueço que ela não sabe se colocar no lugar de outra pessoa nem por um mero segundo.
Não sei como mantenho a esperança de que ela vai ter empatia algum dia.

Revirei os olhos e subi as escadas em direção ao meu quarto.

Sempre foi assim, lide com tudo sozinha, engula seus sentimentos, é sua culpa.

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Abel Tesfaye

Paralisado, preso nos meus próprios pensamentos.
Tanta gente ao meu redor e ainda me sinto sozinho.

Algumas noites sem dormir, e não tenho vontade nem de ficar chapado, não tenho vontade de sair.

Apenas compor.

Meu álbum será lançado em alguns meses e não sinto nada desde tudo aconteceu.

Não gosto de me sentir assim, ela me deixou assim. Tinha esquecido de como era ficar sozinho, pensei que não conseguiria e realmente não tenho conseguido.

Estou tentando seguir com a vida, desliguei das redes sociais e vivo no estúdio fazendo a única coisa que tenho disposição a fazer.

—Abel?— Ouvi a voz distante, pisquei algumas vezes até entender o que estava acontecendo. Era Elise me chamando.

—Está tudo bem?— Ela perguntou, provavelmente ao perceber minha cara de morto diante da situação.

—Desculpe, poderiam repetir?— Perguntei me sentindo mal de não conseguir interagir com minha equipe.

—Estamos falando sobre o lançamento do álbum Abel. —Kyle respondeu um tanto nervoso, ele e todo mundo está cansado de me ver assim.

—Estou de acordo com o que decidirem.— Respondi, cansado de continuarem a me olhar como se eu tivesse algum problema. Não que eu não tenha, estou parecendo um imbecil sofrendo pelos meus próprios erros.

—Abel não é bem assim, não podemos decidir por você cara. Você nunca nos pediu para decidir por você. Queremos lançar o álbum quando você se sentir confortável para aparições publicas, performance e divulgação do álbum.— Eles tinham razão, vou só me afundar mais se eu lançar o album na situação que estou agora.

—Tudo bem, só preciso de uns dias de folga. Vou para Toronto ver a familia e quando voltar prometo que estarei bem, nos reunimos novamente para os planejamentos ok?— Eles se olharam e por fim assentiram.

—Vai ser bom pra você Abel, temos certeza!—Agradeci e deixei a sala de reunião.

Sozinho de novo.


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Hey, espero que curtam esse capítulo introdutório.
Faz tempo que não escrevo por aqui, sinto falta disso.
Espero que essa nova história faça você e sua imaginação feliz.

Obrigada pela leitura.

Até mais! :)

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