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Mamãe não me pressionou pelo resto da semana.

Acho que ficou preocupada com minha reação aos comentários da família no Natal e permitiu que me recuperasse emocionalmente.

Passei um tempo abatida, confesso. Não podia deixar de voltar às lembranças depois que já haviam sido despertadas.

Minha mãe aparecia a meu lado a cada momento em que acordava assustada com um sonho sobre o passado, mas depois de quatro noites intensa e exaustivas, os sonhos passaram.

O Ano Novo foi a base de suco, já que mamãe não permitiu que eu bebesse com a desculpa de que não me queria passando mal.

Eu passaria mal de qualquer maneira, entretanto.

-Quer mais salada, Maya? - minha mãe perguntou, minutos depois da queima de fogos que anunciava um novo ano e o início da décima primeira semana do filho de Carina.

-Não, mama - suspirei, enjoada de tanta salada de frutas.

Ela nem me deixou repetir com leite condensado!

-Maya está muito chata - Stephanie se queixou.

-Deixe sua irmã, Stephanie- papai disse enquanto devorava um pedaço de torta que mamãe me mataria se tentasse repetir.

Eu invejava meu pai. Ele já estava no quarto pedaço.

-Mas ela está mesmo chata - minha irmã insistiu e ele riu, negando com a cabeça.

-Ela sempre está chata - ele a lembrou.

-Papa! - protestei, fechando a cara e os dois riram.

Meu celular tocou, era Carina. Olhei para cada um que me encarava com expectativa.

Sabia que esperavam algum namorado ou namorada.

-É Carina- anunciei - a garota do leite condensado.

-Vocês estão tendo algo? - papai perguntou.

Ele já havia questionado isso no momento em que voltamos do mercado e mamãe e Stephanie encheram seus ouvidos sobre a maravilhosa garota com quem fiquei agarrada.

Revirei os olhos.

-Licença - resmunguei enquanto me levantava e atendia o telefone a meio caminho do quarto - Carina!

A primeira coisa que ouvi foi um risinho.

-Feliz Ano Novo, Maya - ela me desejou e foi inevitável meu sorriso.

-Feliz Ano Novo, Carina.

-Como está você? - ela perguntou, tão doce quanto possível.

Suspirei, completamente derretida.

A ideia de gostar tanto de Carina me revirava o estômago. Não conseguia exatamente diferenciar se vinha de mim ou da coisinha em meu ventre, mas acredito ser impossível não gostar dela.

Além disso, Carina sempre perguntava por mim primeiro, às vezes não chegando sequer a mencionar o bebê.

Não me tratava apenas como uma pessoa que carregava o que queria e era impossível não dá valor nisso.

-Estou bem, e você?

-Muito bem. Podemos nos ver por vídeo?

Não sei se foi meu coração ou a coisinha que deu cambalhotas.

Era muito cedo para sentir o neném?

Olhei em volta do quarto. Havia fechado a porta e confiava que ninguém interromperia minha ligação.

With All My Love ( PRIMEIRA TEMPORADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora