O dia poderia ter começado muito bem, mas minha amável detestável colega de apartamento havia decidido que era o dia perfeito para atormentar meu juízo.Eu estava ignorando meu despertador apenas a cinco minutos quando a senti me cutucar nas costelas e me sacudir pelos ombros.
A primeira coisa que pensei - depois de querer mata-la - é que ela havia me acordado simplesmente para que seguissemos a programação normal do dia, mas assim que a vi me encarando com aquele tom severo soube imediatamente que estava ferrada.
As lembranças da madrugada invadiram minha mente assim que minha consciência de estar acordada me deu um tapa na cara e nesse momento sequer fui capaz de reclamar ou esboçar qualquer reação que não fosse o tremendo pavor que sentia.
-Onde esteve durante essa madrugada? - ela me perguntou.
Assim mesmo, sem bom dia, sem perguntar como eu estava.
-Uh, em minha cama? - balbuciei, soando duvidosa.
Eu estava com sono. Sabe como é difícil mentir quando se está sonolenta?Vic sabia e era por isso que estava jogando sujo.
-Francamente, Maya Bishop eu não nasci ontem.
Que ultraje falar de nascimento e ainda usar o nome que minha família me chamava quando eu estava com um filho na barriga e iria justamente o dar depois do nascimento.
Talvez isso não tenha nada a ver, mas para mim era uma afronta.
-Victoria , eu só queria dormir! - resmunguei - Você me tirou alguns minutos preciosos, sabia? Eu estou grávida, não se deve acordar uma grávida. Não podia esperar?
O efeito foi o mesmo que cutucar um bichinho perigoso em seu sossego.
Vic apertou as mãos em punho e sua expressão se fechou.
-Não me venha com essa conversa, Maya, eu não sou nenhuma criança - disse em tom gélido - eu não sou Carina Deluca.
Como ela ousa dizer isso?
Afastei minhas cobertas para longe e me levantei com brutalidade, passando por Victoria e a deixando em meu quarto.
-Maya , volte aqui! - a ouvi me chamar e me tranquei no banheiro - não seja infantil! Meu Deus, você está andando muito com essa menina!
Quem ela pensava ser para falar daquela maneira de Carina?
Iniciei meu banho, totalmente decidida a ignorar Vic.
-Maya Bishop, não me ignore! - pude ouvir ela gritar do outro lado da porta do banheiro, mas fechei os olhos e tentei me acalmar.
Victoria não tinha a menor noção de quem é Carina Deluca e preciso admitir que eu também não. Ela me surpreendia a cada momento em que eu olhava em sua direção.
Em pouco tempo eu havia aprendido que por mais menina que ela fosse, por mais que parecesse um bebê, Carina não era uma criança.
Não era mesmo...
Eu já sabia, obviamente o motivo de insistir tanto em minha cabeça de que ela era uma criança, afinal estava grávida, não demente.
Até onde eu sabia gravidez não causava estupidez.
A verdade é que tudo o que eu queria era formar argumentos para que eu me impedisse de me apaixonar por ela, tamanho o encanto que me fazia sentir.
Ah, Carina... você vai me quebrar em mil pedaços.
Meus olhos queimaram com lágrimas no exato momento em que me dei conta do tamanho da burrada em que estava me metendo.
Eu deveria ter evitado tudo isso.
Eu deveria ter mantido Carina longe, ter feito todo e qualquer contato por telefone até o momento do parto.
Em pouco tempo Carina iria embora com um bebê nos braços e eu voltaria para minha vida tentando fazer com que sentisse que nada disso havia acontecido.
Mandaria uma simples mensagem: ei, Carina Deluca? Pode vir pegar seu filho. Boa sorte.
Eu sou uma grandessíssima especialista em me foder e eu deveria ter desconfiado que tinha que evitar todo e qualquer contato com o mundo no instante em que a terra levou embora aquelas duas crianças depois que eu, arrogante por meu senso perfeito de encontrar coisas, havia proposto aquela maldita competição.
Saí do banho antes que minhas lágrimas e minha confusão me fizessem me afogar.
Fui de cabeça baixa até meu quarto, onde encontrei Vic sentada em minha cama me observando em silêncio enquanto entrava enrolada na toalha, me secava melhor e me vestia. Chorando.
Assim que terminei de pentear os cabelos me virei e a encontrei de braços abertos me oferecendo colo.
-Oh, Maya... - ela suspirou em lamento assim que me entreguei aos seus cuidados.
Vic acariciava meus cabelos, mas nada disse enquanto eu me debulhava em lágrimas.
Era óbvio que se sentia culpada por tudo o que havia despertado em mim, mas eu sabia que ela não se arrependia.
O lado cruel de Victoria é que ela não dava o braço a torcer, não importa o quanto estivesse errada ela sempre batia na tecla de que era aquilo, estava certo, ponto final.
Eu odiava aquilo porque boa parte das vezes ela estava mesmo certa.
Daquela vez também.
Não sobre Carina ser criança, não me leve a mal, eu me sentia profundamente irritada que Vic dissesse isso, mas ela estava certa quanto ao fato de que me foderia completamente ao entrar nessa cilada.
Oh, Carina... por que justo você foi aparecer em minha vida?
Poderia ser qualquer um, qualquer um mesmo.
No entanto, eu sabia que ninguém no mundo amaria tanto esse bebê quanto Carina DeLuca. Isso era um fato indiscutível e se eu estava fazendo isso tudo exatamente por ele, eu também estava indiscutivelmente certa.
Eu merecia me foder, eu estava negando meu próprio filho e não lamento por isso.
Não como deveria.
Eu lamentava por ser egoísta. Lamentava por ter conhecido Carina e estar querendo que ficasse em minha vida quando eu sabia que ela tinha que partir. Lamentava ser burra e ter transado com aquele idiota que sequer sabia colocar uma camisinha. Lamentava pelo modo como estava ferrando meu psicológico.
Eu queria pensar melhor no que estava fazendo, em minhas escolhas, e ter vontade de decidir tudo diferente. Realmente queria.
Mas eu também não posso mentir justamente para mim.
Eu não tinha a menor inclinação a mudar alguma coisa em minhas decisões, portanto era isso.
E fim.
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With All My Love ( PRIMEIRA TEMPORADA)
FanficMaya Bishop, vinte e dois anos de idade, estudante de engenharia de minas em Nova Iorque, viciada nas gostosuras da Cookie n Coffie, bem resolvida e grávida. Isso mesmo, grávida. Grávida e em pânico. " E pra deixar tudo isso ainda mais louco, eu...