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-Para onde estamos indo? - perguntei, ansiosa e temerosa sem motivo algum.

Ou com algum motivo e eu sabia qual era.

Eu não queria acabar agarrando Carina como no outro dia e vinha me controlando muito sobre isso. E, Deus, como era difícil!

Ela estava sempre por perto e cada vez mais. O cheiro do perfume floral de Carina  estava impregnado em cada grama do meu ser de tanto tempo que ela passava perto de mim.

Eu não me importaria se não estivesse completamente apaixonada e louca para tirar sua roupa.

Eu não me importaria se meus hormônios não fervessem sob minha pele com o mínimo de presença dela.

Não pense que eu sou uma tarada. Eu sempre fui bastante tranquila se for levar em conta os padrões juvenis atuais.

Eu estranho esse fogo todo e só posso dizer que a culpa é dessa criança me bagunçando completamente.

Precisava transar e estava irritada com isso. O pior é que eu ia transar, havia pouco tempo em que estive na faculdade com os amigos reclamado sobre isso e Rachel disse "eu ainda quero transar com você, não me importo, sério, você continua muito gostosa".

Está entendendo? Eu ia transar!

Então Carina me ligou, completamente afobada para o azar de minha calcinha que sofria com minha imaginação acerca de sua afobação e disse que precisava me encontrar na cafeteria apenas para anunciar que iríamos sair assim que pôs os pés no lugar, depois de me fazer esperar por dez longos minutos.

A desculpo apenas por causa do sorriso radiante que se abriu em seu rosto assim que me viu.

Seus olhos brilharam quando perguntei para onde iríamos, mas ela se limitou a olhar para minha barriga e se ajoelhar diante de mim, que estava sentada.

Carina equilibrou sobre minha barriga um carneirinho de pelúcia que não havia notado estar segurando antes.

-Olhe o que eu tenho para você, bebê - disse com uma voz infantil que me fez sorrir.

Carina  era tão boba...

-Acho que ela está dormindo - disse, porque não havia sentido nenhum movimento lá dentro.

Carina  ergueu os olhos para mim e mais uma vez eu me derreti por eles, como sempre derretia. Seus lábios formaram um biquinho que me arrancou um riso baixo.

Ela se voltou para minha barriga e arrastou o urso como se simulasse seu andar.

-Você está mesmo me deixando falar sozinha, bebezinho? - ela perguntou em tom manhoso e baixou os lábios, deixando um beijo tímido sobre minha pele - eu amo muito você.

E com esse sussurro senti como se o bebê estivesse se espreguiçando, se mexendo exatamente para onde estavam seus lábios e Carina  sorriu contra minha pele antes de erguer os olhos emocionados e acariciar o local delicadamente com a mão que não segurava o urso.

Seus olhos brilhavam tanto que meu coração disparou e meus ombros caíram e diante daquilo eu tive certeza que ser humano algum nesse mundo poderia negar que a criança em meu ventre, na verdade, era filha dela.

-Eu não sei como apenas você consegue sentir ela do lado de fora - resmunguei - nem eu sinto...

Carina  me deu aquele sorriso lindo que lhe cobria os olhos e suspirei.

-Eu sou muito sensível - ela respondeu, dando de ombros.

Se ergueu, seus olhos encontrando os meus e suas bochechas ficando rosadas. Seu rosto estava sério e ela praticamente transpirava timidez e nervosismo.

-O que foi? Está acontecendo algo? - perguntei, preocupada, mas ela negou com a cabeça.

Estendeu a mão logo em seguida e me ajudou a levantar.

-Vamos - disse, me puxando com uma delicadeza sem medidas para fora.

-Para onde vamos? - tornei a perguntar e Carina parou, segurando a porta aberta para mim, que também parei a encarando.

Ela mordeu o lábio e me senti fraca, escaneou meu rosto com seus olhos no mais perfeito tom castanho  e senti como se não respirasse porque, francamente, é realmente difícil respirar quando se está sob o olhar intenso de Carina DeLuca.

Ela sugava minha alma, o que é absolutamente uma coisa absurda e se ela não fosse um bebê desejaria que fosse presa por invasão e sequestro de sanidade mental.

-Acredito que ficaria ainda mais ansiosa se soubesse, então só venha comigo, ok? - perguntou, suas sobrancelhas tremulando antes de se unirem ao franzir o cenho em sinal de preocupação.

Assenti e voltamos a caminhar.

Não sei de onde ela tirou isso de que eu ficaria mais nervosa se soubesse, porque meu coração parecia que saltaria de meu peito a cada curva para um caminho que nunca havíamos tomado antes.

A bebê se agitou com minha expectativa e a presença de Carina , assim, tomei a pelúcia de suas mãos e abracei em uma tentativa bem sucedida de a acalmar.

Tinha o cheiro dela, é óbvio. Suspirei.

Carina  sorria ao me ver abraçada com o urso e era tão linda que doía olhar.

Ela parecia tão feliz, nervosa e ansiosa ao mesmo tempo que me deixava ainda mais nervosa e ansiosa. Secava o tempo todo as mãos na camisa comprida que tinha um desenho dos membros da banda Paramore na época de seu primeiro disco, a vocalista ao centro em destaque com uma expressão desafiadora e o ato me fazia lutar para não encarar suas pernas nuas.

Então eu tropecei, a fazendo me segurar desajeitadamente pelo braço próximo e por minha cintura. Sentia sua respiração fora de ritmo devido ao susto e ao erguer os olhos vi os seus arregalados abaixo de suas sobrancelhas erguidas.

Passado os segundos em que ficamos nos encarando como duas idiotas, ela me olhou de cima a baixo e assim que verificou que eu estava ilesa, me ajudou a voltar para uma postura normal e me soltou.

Voltamos a caminhar como se nada tivesse acontecido até que...

Oh, porra... seu olhar se tornou um tanto desafiador quando uma de suas sobrancelhas me manteve erguida e o canto direito de seus lábios se curvou em um sorriso.

-Estava olhando para minhas pernas? - Carina  perguntou, me fazendo corar e desviar o olhar do dela pelo flagrante constrangedor - acha que são bonitas?

Espere, o que?

Como essa maldita fala uma coisa dessas desse jeito tão inocente e ingênuo? Isso só pode ser para me fazer sentir culpada...

E ser flagrada a... espere um momento...

-Ei!

Me voltei para Carina, parando a meio passo. Minhas mãos automaticamente pousaram sobre a cintura e meu rosto se fechou em acusação.

Quando me olhou, a expressão em seu rosto era a mesma que uma criança usaria ao estar prestes a mentir por ser acusada de alguma coisa.

-O que? - a cínica perguntou.

-Para saber que eu estava olhando para suas pernas você tinha que estar me observando, sabe, DeLuca... - joguei no ar e vi seus olhos estreitarem, seu rosto empalidecer e logo depois corar tão forte quanto era possível.

Juro que ela até mesmo recuou uns dois passos.

-É que... É que... Eu... - gaguejou, a mão direita se arrastando de cima a baixo pelo braço esquerdo em um ato nervoso enquanto seus olhos corriam pela rua como se procurassem uma direção para onde correr.

-Estava me olhando, hm? - provoquei, completamente deliciada com a visão de uma Carina  tão constrangida.

-É que eu.. uh... eu... - ela tentou novamente, exasperada, suas mãos se agitaram quase discretamente e caíram a cada lado de seu corpo - ah, vamos.

Não contive meu riso ao ver Carina  murmurar, completamente sem graça e seguir caminho a minha frente ainda enormemente corada.

With All My Love ( PRIMEIRA TEMPORADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora