Não consegui ser malvada e voltar só ano que vem 😂
Só percebi que havia acordado gritando porque mamãe me encarava com preocupação, mas as imagens ainda invadiam minha mente e me deixavam dormente para o mundo ao meu redor.
Era Carina me gritando. Era também uma garotinha que de imediato me deixou confusa. Da primeira vez que olhei poderia ser Carina criança, os olhos castanhos , grossas sobrancelhas expressivas e cabelos escuros e pesados. Da segunda vez que olhei parecia uma de minhas fotos quando criança.
O que mais me surpreendeu foi quando ela gritou "mama!" com sua voz tipicamente infantil e eu sabia que era para mim.
E tudo ao redor delas era poeira e seus rostos continham rastros sujos de lágrimas.
Olhando em volta, mesmo em sonho reconheci imediatamente onde estávamos e o que havia acontecido, porque era exatamente o que me atormentava há anos e vira e mexe voltava a minha mente.
Eu sabia o que viria a seguir e por isso, ainda presa como se não estivesse ali enquanto elas gritavam e corriam, vi em câmera lenta tudo desabar e Carina com uma expressão de sofrimento agarrar a menina em um abraço, fechar seus lindos olhos e ser engolida pela terra.
Ao poucos a poeira foi baixando e em seu lugar o tumulto de pessoas se acumulava nas ruínas.
Eu podia ve-los escavando com as mãos como havia visto ao longe buscarem por meu pai embaixo da terra e só depois eu cheguei.
Minhas pernas pareciam chumbo ao correr naquela direção e assim que as vi caí de joelhos. Ao meu lado desabou uma bolsa que eu usava para ir ao estágio desde sempre e assim eu sabia porque não estava lá por elas.
Os olhos de Carina estavam fechados, bem como os da criança em seu abraço protetor e por mais que eu gritasse elas não reagiam.
Estavam mortas, assim como as crianças com quem brincava anos atrás, assim como meu pai poderia ter morrido.
-Ei, ei, ei! - ouvi a voz de mamãe e senti sua mão subir e descer por minha coluna como fazia para me acalmar de pesadelos desde a primeira vez que surgiram - tudo bem. Tudo está bem,Maya. Respire. Está tudo bem.
Não, não estava.
Sentia como se o peso de não ter Carina mais comigo em breve doesse mil vezes mais, mas finalmente fizesse um sentido dormente que não me deixava vacilar como antes eu queria que deixasse.
Doía mil vezes mais ter tomado uma decisão que eu só sentia como necessária.
Eu ainda podia ver seus rostos no escuro e era tudo que eu não queria. Era tudo o que eu não aguentaria.
E meu pavor, meu estado paralisado, só me fazia ver Carina e a mesma criança chorando por mim como eu chorava por elas.
Eu não podia com aquilo.
Se antes me sentia tentada a tentar mudar tudo para que desse certo, agora eu sabia que não queria em hipótese alguma mudar isso.
E talvez por isso doesse tanto.
-Está tudo bem, Maya - a voz de mamãe retornou aos meus ouvidos e novamente comecei a voltar a realidade.
Sentia vontade de vomitar.
Sentia a vertigem.
O ar me faltava.
Eu sentia mais cólica do que já havia sentido o dia anterior todo e a última semana também.
Eu sabia que estava chorando de dor e medo de estar na hora de um final definitivo.
-Tenha calma, respire - mamãe pediu - está com dor? - assenti - tudo bem, segure minha mão e me avise quando diminuir, certo?
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With All My Love ( PRIMEIRA TEMPORADA)
FanfictionMaya Bishop, vinte e dois anos de idade, estudante de engenharia de minas em Nova Iorque, viciada nas gostosuras da Cookie n Coffie, bem resolvida e grávida. Isso mesmo, grávida. Grávida e em pânico. " E pra deixar tudo isso ainda mais louco, eu...