28

1.6K 171 22
                                    

Querido bebê,

PARE DE ME CHUTAR!

Eu não podia estar apenas gorda e emotiva, mas esse bebê tinha que começar a se mexer o tempo todo como uma minhoca louca.

Seis meses.

Seis meses e a filha de Carina decidiu que deixar o sedentarismo de lado era a melhor maneira de me atormentar.

E essa peste estava completamente certa.

Ela passava boa parte do dia me chutando como se eu estivesse invadindo o espaço dela e não o contrário e isso estava me deixando louca.

Queria lhe dar uns tapas e mostrar quem mandava, mas a filha é de Carina e não interferiria em sua educação.

Uma coisa que eu reparei é que bastava Carina  surgir e começar a falar com minha barriga para ela se acalmar.

Acho que os monólogos dela eram entediantes para a bebê e ela dormia de tédio, mas o mau gosto é dela, afinal, porque eu ficava completamente idiota a observando falar sem parar de qualquer coisa que seja.

Ou talvez fosse o tom de voz doce que ela adotava para falar com a bebê.

Às vezes ela passava minutos tagarelando sobre saber escolher a espátula certa para temperar chocolate e eu não fazia ideia do que ela estava falando, mas não me importava. Ouvi-la e ve-la ja era o bastante.

E era exatamente disso que tinha medo.

Suspiro.

Essa maldita aula está me matando de tédio e até a filha de Carina parecia querer fugir.

Se bem que ela sempre parece estar tentando fugir...

Não importa.

A aula estava acabando e logo eu estaria no apartamento de Carina  e me aproveitaria dela e de sua maravilhosa cama.

Eu já havia me aproveitado do fato do trocinho de Carina se aquietar com ela para tirar um cochilo ou dois e estava ansiosa por isso.

Além disso, havia pelo menos duas semanas que Carina estava fora do país, fechando negócio com uns empresários que estavam loucos para investir em seu negócio na Europa.

Se Carina  não fosse tão Carina, me preocuparia com a possibilidade de estar colocando mais uma riquinha mesquinha no mundo, porque ninguém merece isso.

E tem aquela coisa me deixando inquieta. A expansão da Cookies n Coffee só me fazia pensar no quanto seria difícil escapar das memórias quando Carina  fosse embora.

Só isso já me deixava nervosa o bastante para me irritar com uma criança que ainda nem nasceu.

Eu já estou no apartamento. Vou fazer um lanche para você.

Carina  me conhece, mas isso nem me surpreende. Qualquer um que passe ao menos 5 minutos em minha presença sabe que comida é tudo para mim.

E então a aula acabou.

Juro que não saí correndo porque meus colegas me lembraram que eu certamente iria cair. Principalmente porque já não estava enxergando meus pés muito bem.

Segundo eles eu estava andando como um pinguim. Tem coisa mais humilhante?

-Tchau, Maya! Tchau, bebezinha! - diziam.

Sério, todo mundo falava com minha barriga, mas a verdade é que o trequinho de Carina não se importava mesmo com ninguém.

Cheguei arfando ao apartamento de Carina, porque sentia meus pulmões sendo espremidos a medida em que o tempo passava. Bati na porta e ela surgiu.

With All My Love ( PRIMEIRA TEMPORADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora