Capítulo 19

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E a verdade é que, ao que tudo indicava, eu tinha desenvolvido câncer. Foi o que o médico dissera a mim e a Manu na mesa de atendimento dele.

Eu estava em choque. Não conseguia reagir. O médico indicou de imediato o tratamento com quimioterapia, pois já estava em um estágio moderado. A Manu pegou toda a documentação e anotou tudo que precisava, trazendo-me de volta à realidade quando chamou meu nome.

Eu, no entanto, era um fantasma. Acho que escutei o médico falando algumas palavras reconfortantes e dizendo que tudo ficaria bem, mas eu apenas concordei com a cabeça. 

A Manu sugeriu que ela dirigisse de volta. Foi bom, porque eu não conseguia parar de olhar para o vazio. Coloquei as mãos em volta de mim mesmo no banco ao lado do motorista, e fiquei ali. A Manu não disse nada, porque já sabia que o que precisava ser dito já foi. 

Quando chegamos de volta ao quarto que dividimos, ela pediu que eu descansasse por hoje, e que não fosse a mais nenhuma aula. Ela explicaria as faltas ao professor. Sabia que ele compreenderia.

Também decidiu ficar por minha causa. Me acompanhou o resto do dia no quarto, sempre tendo certeza de que eu não passasse muito tempo sozinho. 

Quando a noite chegou, não consegui pregar o olho. Enquanto estava deitado na cama, observei por horas os meus cabelos dourados, que eu havia deixado crescer até metade de minhas costas durante os 4 anos de faculdade. Tinha orgulho dele, não iria negar.

Câncer. De tudo que podia acontecer… Eu não esperava por essa.

Eu tinha apenas 25 anos.

Acho que uma hora da noite me veio a pergunta: Por que eu? O que foi que eu fiz de errado? Teria sido o fato de eu ter ignorado meus pais? Foi isso? Eu não tinha o direito de fazer tal coisa?

Ariel.EXEOnde histórias criam vida. Descubra agora