Capítulo IX - A Viagem

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Mais uma vez, estava visitando o Colosseo pra passar um tempo fora do meu apartamento. Já havia se passado três dias desde minha consulta. As palavras que trocaram comigo foram poucas, mas intensas.
Minha cabeça estava... cheia.

Havia muito o que se pensar. Não esperava as palavras que iria escutar. Ainda parecia haver muito mais para descobrir...

Não podia negar que continha um certo medo.

Estava sentade em uma das mesas, distante do balcão enquanto observava além da janela. Podia escutar os burburinhos e risos entre os fregueses, porém minha cabeça estava longe demais para poder focar neles.
Escolhi aquela mesa por causa do girassol que haviam colocado nela.

"Pode me acompanhar, por favor?"

Olho pra cima. Percebo o Theo ao meu lado. Pela primeira vez, não sei exatamente do que fala. Acredito que seja bebida, como nos velhos tempos.

"Por favor. Tem sido meio solitário tomar uma bebida sozinhe esses dias."

"Não estava falando sobre isso."

Escutou um som metálico estalar quando o Theo puxa algo do bolso. Surge, com o aro entre seus dedos, a chave do carro. Ou, pelo menos, uma das chaves do carro dele.

"Vamos?"

Sinto-me, pela primeira vez em muito tempo, incerte. Não sei como responder ou se deveria responder. As palavras que escutei em minha consulta passam em minha cabeça novamente.

Ainda assim, não queria preocupá-lo e deixei que minha curiosidade falasse por mim.

"Para onde vamos?"

"Se você está tão curioso sobre isso, por que você não vem comigo e descobre? Só confie em mim, você consegue?"

Seu olhar bate em meus olhos, e não faço a mínima ideia do que estava pensando. A única coisa que sabia que todo momento que passava ao seu lado era como se pudesse respirar ar puro novamente.

" Tá bom, Senhor Misterioso. Vamos."

.....

Durante a viagem, nenhum de nós fala nada. Pra falar a verdade, não sinto que tenho mais nada a falar. Meu repertório de assuntos e novidades havia acabado há um bom tempo. Não me sentia à vontade para encher o ar com bobagens ou papos aleatórios, como costumava fazer.

Sentia apenas como estivesse em uma espécie de manual de sobrevivência, que me dizia que precisava manter a calma e a respiração, enquanto esperava a tempestade passar.

Sem que eu perceba, chegamos ao destino. Era um porto, ao que tudo indicava. Escuto o Theo desligar o carro e abrir a porta para sair. Faço o mesmo.

No momento que saio do carro, a brisa forte bate em meu rosto, esvoaçando meus curtos cabelos encaracolados em meu rosto. Foi tão forte sua intensidade que senti que poderia levar todo o peso que sentia. O cheiro invade todo meu corpo e eu fecho os olhos para senti-lo.

Mal percebo o silêncio do Theo. Nem mesmo chego a me perguntar o por quê me trouxera àquele lugar. Só sabia que, naquele momento, meus problemas e preocupações deixavam-me para trás.

Ele sabia.

Aproximo-me do Theo.
"...Obrigado, Theo."

Olhou-me surpreso. Era esta a primeira vez que agradecia a ele?

"Eu vinha aqui às vezes pra pensar... mas faz bastante tempo, acho que, o que tornava esse lugar especial não era a vista, e sim a companhia de uma pessoa."

Escuto um suspiro escapar seus lábios.

"Isso é outra história, chamei você aqui porque precisamos conversar, você não parece x mesmx de sempre, o que você tem guardado ?"

Ariel.EXEOnde histórias criam vida. Descubra agora