Capítulo VI - ...

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Não queria vê-lo. Não queria nem mesmo lembrar dele. Afastei tudo que podia me lembrar do Theo. Disse para mim mesmo que ele apenas queria controlar a mim e minha vida.
Estava queimando de ódio. Apenas foquei no trabalho e esqueci que estava relacionado a ele. Acho que por alguns dias até me recusei a reportar para ele e apenas o fazia quando falava com Marcos, apenas para não ter nenhuma conversa com o Theo.
Odiava ser controlado por alguém, lembrava-me da forma como minha mãe queria que eu agisse para ela. Sempre o bom menino, que não fala, não reage, apenas fica quietinho e concorda. Não era assim, nem queria ser.
Não quero que pense que não sei que estava sendo mesquinho. Sabia. Sabia que estava tentando esquecer as palavras egoístas que havia dito naquela noite borrada pela bebida. O fato era que focava nas contradições das ações do Theo.
Procurei outros, claro. Precisava pagar de independente de todas as formas possíveis e na cama era definitivamente uma delas. Não sei com quantos dormi, afinal de contas, não se conta essas coisas. Mas sabia que procurei com muito mais frequência, e muito mais urgência. Havia algo que eu tentava preencher, mas não conseguia.
O que mais me frustrava é que não sabiam de nada. Precisava explicar duas, três vezes na cama. Ainda assim, faziam de um jeito bruto, errado, grosseiro demais. Eu perdia a paciência. Ou tomava controle ou simplesmente saia do local no meio do caminho, não me importando o quanto implorasse ou me xingarem por não finalizar o serviço.
Sentia ódio por saber que o Theo saberia fazer melhor. Evitava o pensamento.

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Noites vazias. Ao som de músicas estrangeiras tocando ou sob o puro silêncio. Enchia minha cabeça de pensamentos, de memórias.
O som da sua voz. Seu sorriso. O cheiro de sua colônia em suas roupas. O cheiro do shampoo de seu cabelo.
A forma como tocava minhas cicatrizes. A forma como tomava meus lábios e o meu pescoço. A forma como me olhava.
Por vezes, coisas que gostava chamam minha atenção em meio a multidão de vozes e pessoas na loja. Acredito ter parado para observar uma lâmina que me chamou a atenção em meio a uma loja devido ao seu formato. Lembrou-me de suas palavras cheias de fascínio quando me explicava essas coisas. As chamas brilhantes em meio a meia noite.
Pego meu celular diversas vezes e abro a conversa incompleta, apenas para me lembrar. De que não posso lembrar, de que não posso saber de quem falo. Preciso afastar sua imagem de mim.
Sentia falta. 
Sentia saudade.
Quando já havia se passado muito tempo, vi-me pegando o celular e digitando uma mensagem longa. De desculpas? De perdão pelo que falei?
Apaguei a mensagem.

Ariel.EXEOnde histórias criam vida. Descubra agora